
O Público, em papel, revela um estudo do Instituto de Ciências Sociais acerca da sexualidade dos portugueses. Tal estudo faz, aliás, "manchete": setenta por cento dos ouvidos consideram "erradas" as relações homossexuais. Enquanto que, por exemplo, em França oitenta por cento dos jovens franceses inquiridos num estudo semelhante não topam nada de "errado" nas ditas relações, por cá os nossos "jovens" - em percentagens superiores a cinquenta por cento - vêem na coisa motivos para séria desaprovação. Depois, dos inquiridos, apenas menos de um por cento "assume" ser adepto da modalidade e nem dois por cento se afirmam "bissexuais". A socióloga responsável pelo estudo conclui que "Portugal ainda é um país homofóbico" e que existe, entre nós, uma "masculinidade homofóbica" - seja lá o que isto for - já que parece haver uma ténue, mas maior, "tolerância" em relação às lésbicas do que aos "samesexers" homens e aos "cornos" heterossexuais. Como diria o Dr. House, everybody lies. E, tipicamente em relação à sexualidade, toda a gente mente com mais dentes. Na antiguidade clássica, em Roma ou na Grécia, ninguém se lembraria de considerar "errada" a relação entre um homem - podia até dar-se o caso de ser o imperador - e um jovem efebo ou entre o "mestre" e o seu pupilo. Seria seguramente uma infâmia perguntar a César se desdenhava relacionar-se com jovens do mesmo sexo ou a Calpurnia se não apreciava ou deixava de apreciar os seios de uma "adjunta". Entre pessoas civilizadas, havia coisas que pura e simplesmente não se discutiam. A obra de Gibbon, por exemplo, conta bem como era. Nada disto, porém, retira à opção "samesexer" o seu carácter minoritário. Por consequência, não tenho a mesma certeza da socióloga quanto a classificar-nos como uma sociedade homofóbica. É da chamada "natureza das coisas" que assim seja e não vem mal ao mundo por ser assim. Ninguém - mesmo muitos dos mentirosos que responderam ao inquérito - deixa de fazer o que lhe der na gana por "afirmar" isto ou aquilo ou por a religião "mandar" não fazer isto ou aquilo. Gore Vidal escreveu que "a maior parte das pessoas é uma mistura de impulsos, quando não de práticas, e aquilo que cada um faz com um parceiro voluntário não tem a menor relevância social ou cósmica." A sexualidade não se exibe nem se "declara". Isso deve ficar para os "machos latinos" e para a "maricagem" associativa.
Meu Caro,Bons olhos o leiam.O ensaio de Henrique R...
Encontrei um oásis neste dia, que ficará marcado p...
Gosto muito da sua posição. Também gosto de ami...
Não. O Prof. Marcelo tem percorrido este tempo co...
Caríssimo João, no meio da abundante desregulação ...