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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

NÃO HÁ COMO UM ANO DEPOIS DO OUTRO

João Gonçalves 31 Dez 06



"Pensem quais podem ser as razões básicas para o desespero.
Cada um de vocês terá as suas. Proponho-vos as minhas:
a volubilidade do amor, a fragilidade do nosso corpo,
a opressiva mesquinhez que domina a vida social,
a trágica solidão em que no fundo todos vivemos,
os reveses da amizade,
a monotonia e a insensibilidade que andam associadas ao costume de viver."

Enrique Vila-Matas, Paris nunca se acaba

Não há como um dia depois do outro. Por acaso de calendário, o dia de hoje fecha um mês e fecha um ano. Há muitos anos que já não existem anos diferentes. Não adianta olhar para trás. O passado está pejado de cruzes. As dos nossos mortos, as dos nossos "ideais", as dos nossos desejos, as dos nossos amantes - bonita expressão a de Hervé Guibert, "o mausoléu dos amantes" -, as das nossas múltiplas vidas. Todo o homem é um ser complexo e só os pobres de espírito podem supor que tudo corre como numa auto-estrada no meio do deserto, sem trânsito e sem outra paisagem que não o sol e o céu azul. Proust escreveu que era preciso guardar um pouco de céu azul na nossa vida, logo esse nervoso genial que se fechou num quarto para remoer "o tempo perdido". Não, não adianta olhar para trás. Aos quarenta e seis está-se mais perto dos cinquenta do que dos vinte, dos trinta ou mesmo dos quarenta. Provavelmente houve um tempo para tudo da mesma forma que haverá agora um tempo para um outro tudo. Nas magníficas páginas iniciais do seu "Saint Genet - comédien et martyr", Sartre adverte que, sermos ainda o que vamos deixar de ser e sermos já o que seremos, é a mais solene e trágica das nossas condições. Olho para o futuro com a esperança do "progressista" que não sou. Não há como um ano depois do outro.

COMISSÃO DE HONRA

João Gonçalves 31 Dez 06


Foi com as pessoas - sim, os bloggers são pessoas - que listo a seguir que "perdi" o melhor tempo do ano. Numa altura em que algumas amizades ficaram para trás, outras emergiram graças a esta arte menor do blogue. O Pedro Correia, a quem "roubei" a lista para a adaptar, é uma delas. O Eduardo Pitta, outra. O Tomás Vasques, a Isabel, o revisitado João Villalobos, o desaparecido blogger João Pedro George, a Constança Cunha e Sá - com quem partilhei um inesquecível almoço de sete horas - o Francisco José Viegas, o Jorge Ferreira, revisto, correcto e aumentado após uns anitos de afastamento, o Luís Naves, o Francisco Almeida Leite, o Duarte Calvão e o nosso "sistémico" Paulo Gorjão. José Medeiros Ferreira é, por assim dizer, muito da casa, e a Joana Amaral Dias foi uma simpática surpresa. O José Adelino Maltez e o José Pacheco Pereira ajudam-me a pensar esta insondável questão que é Portugal. O João, de outra geração, é um novo amigo. E o Pedro, alguém que me estreou na comida japonesa, depois de ele se ter estreado numa aventura político-cultural que começou em Março deste ano. O Henrique Silveira vem de mais longe e de um tempo encerrado, o São Carlos, e o Eurico de Barros vem do Semanário de Vitor Cunha Rego, ambos já desaparecidos. Os bloggers que se seguem são conhecidos daqui, do telefone e do e-mail. Como escrevi noutra ocasião, o Portugal dos Pequeninos existe porque me dá gozo e porque há por aí centenas de leitores anónimos e de bloggers que têm sido a minha mais fiel companhia silenciosa, sejam eles detractores ou "apoiantes", seja eu devoto ou carrasco. A minha "comissão de honra" é esta. Continuemos.
Bernardo Pires de Lima
Bruno Ventana
Carla Carvalho
Carla Hilário Quevedo
Carlos Romão
Carlos Abreu Amorim
Carlos Manuel Castro
Clara Carneiro
Cristóvão do Vale
David Justino
JM Ferreira de Almeida
Margarida Corrêa de Aguiar
Pinho Cardão
Suzana Toscano
Ví­tor Reis
João Alves
Eduardo Nogueira Pinto
Fátima Pinto Ferreira
Fátima Rolo Duarte
Fernanda Câncio
Filipe Nunes Vicente
Francisco Costa Afonso
Francisco Mendes da Silva
Francisco Trigo de Abreu
Gabriel Silva
Ivan Nunes
Helena Matos
Henrique Burnay
Henrique Fialho
Henrique Raposo
João Caetano Dias
José Gomes André
João Miguel Amaro Correia
João Morgado Fernandes
João Paulo Sousa
João Sousa André
João Vacas
José Manuel Fonseca
José Nunes
José Pimentel Teixeira
José Teófilo Duarte
Luís Carmelo
Luís Grave Rodrigues
Luís Januário
Luís M. Jorge
Luís Novaes Tito
Manuel Anastácio
Masson
Miguel Abrantes
Miguel Castelo-Branco
Nuno Barata Almeida Sousa
Nuno Mota Pinto
Paulo Cunha Porto
Paulo Pedroso
Paulo Pinto Mascarenhas
Paulo Querido
Paulo Tunhas
Pedro Lomba
Pedro Marques Lopes
Pedro Picoito
Rodrigo Adão da Fonseca
Rodrigo Moita de Deus
Rui Castro
Rui Costa Pinto
Rui Pena Pires
Sérgio Coimbra
Sofia Loureiro dos Santos
Sofia Vieira
Tiago Barbosa Ribeiro
Tiago Geraldo
Valter Hugo Mãe
Vasco Lobo Xavier
Vital Moreira
Vitor Cunha

DO ANO QUE PASSA - 6

João Gonçalves 31 Dez 06

No meio dos folguedos idiotas, passou despercebida a pequena tragédia da Nazaré. Pequena para quem está de fora e enorme para quem assistiu, impotente, à morte dos seus a meia dúzia de metros da areia. São infelizmente precisas imagens horríveis deste género para nos lembrarem o esterco em que vivemos. Não há powerpoint ou promessas de "modernidade" que nos redimam. O serviço de bombeiros e de protecção civil, a polícia marítima e todo esse aparato de autoridade que se exibe em presunçosas conferências de imprensa, levaram duas horas a chegar. Para morrerem estupidamente, bastou àqueles homens um instante da força maligna da natureza e a fatalidade de terem nascido portugueses. Há quantos anos não faz este país outra coisa senão morrer na praia?

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