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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

LER OS OUTROS

João Gonçalves 26 Dez 06

O Filipe Nunes Vicente sobre a incorrecção política pós-natalícia de Rui Rio.

O IRMÃO

João Gonçalves 26 Dez 06

O sr. Ramos Horta - uma criatura que foi amplamente subsidiada pelo estado português, logo, por todos nós, cada vez que se ia exibir a Nova Iorque ou a outro lado qualquer -, uma criatura que Ana Gomes acarinha, esta criatura que é primeiro-ministro dessa ficção política que é Timor Leste para cima do qual o regime se baba, dirigiu-se directamente ao sr. Bin Laden, numa entrevista, a quem chamou de "meu irmão". Não se esqueçam, pois, de lhe chamar, ao sr. Horta, irmão.

BARBÁRIE CIVILIZACIONAL

João Gonçalves 26 Dez 06

Na TVI passa uma reportagem sobre adolescentes grávidas. Fala uma menina de doze - 12 - anos com uma filha. Pergunta a jornalista: "sabes quem é o pai"? Responde a menina: "Não tenho a certeza porque andava com dois ao mesmo tempo. Como um não quer assumir ser o pai, fica o outro." Pergunta a jornalista: "Mas não tens a certeza que seja esse o pai?". Responde a menina: "Não, mas fica este. Mas vou fazer os testes". Doze anos, mãe. Todos os intervenientes - a mãe da menina, psicólogas, médicos e o profeta Daniel Sampaio que imagina andar a impingir a "educação sexual" das meninas e dos meninos na escola - vêem a coisa com a maior complacência e irresponsabilidade. Qual é mesmo o exemplo, senhor engenheiro? A Finlândia ou o Burundi?

BARBÁRIE "DEMOCRÁTICA"

João Gonçalves 26 Dez 06

A sentença de morte de Saddam Hussein, confirmada por uma coisa chamada "supremo tribunal de justiça" do Iraque, é mais um golpe na possibilidade de levar a sério o regime e a trapalhada instaurada naquele país pelos EUA de W. Bush. O julgamento do ditador é uma farsa que envergonha o direito tal como o conhecemos. É também a prova de que não existe qualquer esperança de "democratização", de que esta não é importável e de que a pena de morte - um primitivismo jurídico e ético que subsiste em tantos estados norte-americanos como o que é chefiado por outro Bush - coloca de lado qualquer hipótese de conciliação "ocidental" com esta gente. Só um burgesso inconsciente como W. Bush se podia regozijar com esta barbaridade que, a seu tempo, rebentará em cima dele e, tragicamente, em cima de nós.

Adenda: Ler "O tribunal suicida", de José Medeiros Ferreira

20.13, O PURGATÓRIO

João Gonçalves 26 Dez 06


Venho do filme de Joaquim Leitão, 20,13. Tem a estrutura da tragédia, com coro, música, unidade de espaço e de tempo a preceito. A coisa resume-se à noite da consoada, passada num aquartelamento do exército português em plena guerra colonial. Moçambique, 1969. Num helicóptero chega inesperadamente a mulher do comandante, o capitão Correia (na foto). Já lá está outra mulher, a do alferes médico, um casal sem sentido. A segunda figura do quartel é o alferes Gaio, um "revoltado" da metrópole a cumprir o serviço obrigatório. O capitão lembra o oficial japonês de Merry Christmas, Mr. Lawrence ou o capitão do barco em Querelle. Honra, dever, orgulho, patriotismo, um casamento falhado com uma filha-família e um affair de caserna com o cabo enfermeiro. A mulher perturbada do alferes médico tem aparentemente uma fixação pelo capitão atormentado e não hesita em matar para que isso fique claro. Para proteger um assassínio, outro assassínio e a imolação final do capitão que procura deliberadamente a morte numa acção militar. Tudo termina pelo fogo, pelos tiros e pela arma branca. O alferes Gaio sabe a verdade por uma carta que lhe deixou o capitão. A hierarquia militar deseja heróis, mortos em combate, e não "larilas". A carta e a história de Gaio desaparecem num pequeno lume ateado num cinzeiro. O tenente-coronel profere a frase decisiva do filme: "no exército português não há maricas nem oficiais que matam soldados". Há uma "história" na guerra colonial portuguesa que ficou por fazer e que esta frase singular e "oficial" resume. Apenas a ficção - uma tão corajosa quanto medíocre, de Guilherme de Melo ("A sombra dos dias", da Bertrand) e outra mais cruel e "realista" de Eduardo Pitta ("Persona" - ficções, da Angelus Novus, particularmente "Pesadelo", a páginas 27 e seguintes) - tocou este pathos, já que o regime sempre se recusou a aceitar "escândalos", mandando para o "mato" ou para a "metrópole" os casos mais bicudos. Fizeram-se inquéritos e mais inquéritos que ficaram apenas na memória dos seus principais protagonistas. A ditadura tinha destas subtilezas: podia fazer-se tudo desde que não se soubesse. O filme de Joaquim Leitão tem a configuração da tragédia clássica precisamente porque existe um reconhecimento, uma descoberta fatal, um "ágon", uma catástrofe. Toda aquela gente está condenada. Os soldados, à morte em campo aberto, os protagonistas (regime colonial incluído), à impossibilidade de lidar com a verdade. Um capitão de boas famílias e do exército colonial português não pode amar um cabo enfermeiro, tal como a mulher de outro homem não pode amar um homem casado e tal como o regime não pode aceitar a realidade. Por isso matam e se matam. A renúncia final ao mundo da mulher culpada é a única redenção consentida.

O LIVRO

João Gonçalves 26 Dez 06


Não é o livro do ano porque foi publicado anteriormente, mas é seguramente um dos grandes livros traduzidos este ano. Lá mais para o 31, ia escrever sobre ele, apesar de, na altura em que o li, ter feito menção. Sucede que o Henrique Raposo tirou-me praticamente as palavras do computador. Está escrito. No entanto, duvido que o interlocutor escolhido pelo Henrique perceba.

LER OS OUTROS

João Gonçalves 26 Dez 06

No Diário de Notícias, este oportuno artigo de José Sasportes especialmente destinado aos "iluminados" neo-realistas que ocupam presentemente o Palácio da Ajuda. A um, sobretudo. A aplicar-se o PRACE ao Ministério da Cultura, que se aplique a sério, extinguindo a tutela.

NUNCA MAIS

João Gonçalves 26 Dez 06


"E quando eu me lembrava de que no dia seguinte o mar se repetiria para mim, eu ficava séria de tanta ventura e aventura. Meu pai acreditava que não se devia tomar logo banho de água doce: o mar devia ficar na nossa pele por algumas horas. Era contra a minha vontade que eu tomava um chuveiro que me deixava límpida e sem o mar. A quem devo pedir que na minha vida se repita a felicidade? Como sentir com a frescura da inocência o sol vermelho se levantar? Nunca mais? Nunca mais. Nunca."

Clarice Lispector, surpreendida pelo Eduardo Pitta

ABRIR UM LUGAR -2

João Gonçalves 26 Dez 06

O montinho da alarvidade de ontem aumentou ligeiramente. Vale a pena?

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