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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

A MENSAGEM

João Gonçalves 25 Dez 06


O senhor primeiro-ministro está "confiante" no "passo a passo" que anda a dar. Todos os seus "indicadores" melhoraram, a sua "confiança" aumentou, as "expectativas" aumentaram. Isto graças ao "esforço" que ele anda a pedir a "todos" e a que, pelos vistos, "todos" devem obedecer sem hesitação. "Trabalho árduo" é a receita do senhor engenheiro, a mesma que Salazar proclamou quando ascendeu ao lugar hoje ocupado por Sócrates. Não existe comparação possível. Salazar saneou e equilibrou as finanças, apostou numa economia rural pouco mais que primitiva e, porventura com receio da "classe operária", desprezou a industrialização do país e cerceou as liberdades a fim de sossegar as gentes depois dos desmandos da I República. Até certo ponto da história, foi um estadista notável. Todavia, e contrariamente ao que dizia, decidido até onde ir, acabou por ir mais além. O regime - ele- tornou-se esdrúxulo. Um dos grandes portugueses do século terminava como uma caricatura de si mesmo, convencido de que ainda era o que já tinha deixado de ser. Sócrates não é nada disto. Em Salazar havia persistência, método, consistência e censura. Em Sócrates existe teimosia, power point, superficialidade autoritária e exploração das virtualidades mediáticas e tecnocráticas da democracia. Salazar era alérgico à "política" e, em certo sentido, construiu o seu poder contra ela, tornando-se, apesar e por causa disso, num dos maiores políticos portugueses de sempre. Sócrates, sendo um típico produto da política partidária e caciqueira - ele é uma circunstância feliz sobretudo para si próprio - acabou por anular o PS e secar praticamente tudo à sua volta em nome da "salvação" do partido e do país. Se falhar, como acabará por falhar, será a vez de o país o secar a ele.

LER OS OUTROS

João Gonçalves 25 Dez 06

"Daqui a uns anos, inclusive, o mundo estará cheio de nostálgicos da liberdade. Gente que terá saudade do tempo em que podia festejar o Natal sem ser acusada de estar a insultar os muçulmanos e os ateus; gente que podia publicar cartoons e rir dos outros - que é uma actividade meritória. Haverá nostálgicos do tempo em que podiam fumar um cigarro ou um charuto, comer costeletas de novilho com osso, andar de minissaia sem ser apedrejada, ler um livro sem levantar suspeitas - enfim, sem ser controlado de alguma maneira por Entidades Reguladoras ou por chips electrónicos que armazenam cada passo que damos, cada fronteira que atravessamos, cada doença de que nos queixámos."

Francisco José Viegas, in Jornal de Notícias, na íntegra aqui

ABRIR UM LUGAR

João Gonçalves 25 Dez 06


Perguntava o Papa, na benção Urbi et Orbi, se faz algum sentido um "salvador" neste milénio onde tudo parece ter sido já alcançado, onde toda a gente parece "realizada" e "feliz", onde o "progresso" - o tecnológico, o do "choque" do senhor engenheiro - impera. Faz. E faz na exactíssima medida em que o "progresso" infantilizou o homem e diminuiu a percepção do sentido da vida. A foto acima reproduz o que restou da noite em que Deus se fez menino para nós e para ficar entre nós. Foi tirada perto de casa, mas pode ser visto em qualquer rua, qualquer avenida, hoje desertas. Terminada a "festa", as pessoas regressam ao vazio porque nem o leitão, nem o bacalhau, nem a boneca, nem a consola, nem a televisão, nem o carrinho comandado à distância evitam o inevitável. À ilusão segue-se a desilusão depois da alegria fingida do próximo fim-de-semana. Extinto o natal enquanto pura troca comercial e pseudo-afectiva, chega a "loucura" do fim do ano. Aqui ou em países exóticos, a chegada de um novo ano, em vez de ser vista como esperança e assumida com fé, derrete-se nos copos, nas "festas", na extravagância ocasional e sem sentido. Sim, a presença do Salvador entre nós faz cada vez mais sentido. Lembra-nos como Ele nasceu, viveu e morreu na maior simplicidade e sofrimento porque, desde o primeiro instante, "não havia lugar para Ele". Enquanto não abrirmos esse lugar para Ele, em vez de abrirmos presentes, valemos tanto como os pacotes da fotografia, dejectos de uns fugazes momentos de alegria rapidamente deitados fora.

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