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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

A CARLOTA CAMBALHOTA

João Gonçalves 4 Dez 06

Enquanto estava na fila do supermercado à espera para pagar comida de cão e leite, reparei no acumulado de brinquedos junto às caixas. O que mais me chamou a atenção foi o que está ilustrado na foto acima, a "Carlota Cambalhota". Parece que a boneca, verdadeira réplica de tantas e de tantos portugueses, devidamente manobrada, surpreende a criança pela cambalhota que o brinquedo proporciona. Deste modo, vão-se preparando as meninas e os meninos - é capaz de existir um "cambalhota" - para tornearem, com sucesso, as dificuldades que os esperam no futuro, treinando-os na cambalhota. Fazendo minhas as palavras de Maria Velho da Costa no melhor livro escrito em português este ano - esse inesperado "romance epistolar" intitulado "O Livro do Meio" -, "não há como a proximidade dos grandes vígaros, convictos e zelosos, para te ensinar a detectar a pequena vigarice, o compromisso que gera a subida ao poder dos medíocres". "Eu dou mesmo cambalhotas", como diz a "Carlota Cambalhota", um verdadeiro futuro ícone nacional. Ela é que sabe.

O GUIÃO

João Gonçalves 4 Dez 06

"O nosso jovem Sócrates, criatura ladina e bem apessoada" (Armando Silva Carvalho) foi até à Amadora e teve naturalmente direito a abertura no telejornal oficial, apesar das banalidades proferidas acerca dos deficientes, bem mais segregadoras do que ele imagina. Já ontem, o mesmo telejornal oficial - ao domingo, como não há notícias, a parca imaginação entra em acção - emitiu uma reportagem passada no Porto, em torno de uma coisa chamada "policiamento de proximidade". Deu-a como uma excelente novidade e de grande uso para os cidadãos. Acontece que, sem desprimor para o dr. Costa, António, quer o dr. Costa, Alberto e, sobretudo, o dr. Jorge Coelho, quando foram MAI's do eng.º Guterres, já o tinham - ao dito policiamento de proximidade - posto em prática. Sem grande sucesso, aliás. Dias Loureiro defendia a "tese" das "grandes esquadras" e o PS, assim que pôde, inventou a proximidade para "humanizar" a polícia e acabar com as ditas esquadras. Não fez da proximidade um sucesso, nem acabou com as esquadras, como qualquer um de nós constata com facilidade. Nada de novo, portanto. Seguiram-se, no guião do telejornal oficial, os ministros Campos, da Saúde, e Manuel Pinho, numa dupla apresentação pública de "investimentos" fantásticos em... betão para hotelaria e casas de luxo algures na costa oeste acima de Lisboa e na costa alentejana. Estamos, afinal, num grande país e não reparamos nele. O que nos vale é a RTP. Bem haja.

O LOCAL DO CRIME - 2

João Gonçalves 4 Dez 06


Era um comentário destinado a este post, todavia o exemplo é tão impressivo que merece transcrição integral. Como é que o Japão, esse império dos signos como lhe chamou Roland Barthes, pode produzir criaturazinhas tão irritantes e tão totalitárias na sua ocupação tola dos espaços, com os seus risinhos idiotas? Quando estive na Guatemala, no meio do campo entre vulcões, onde se acredita que a fotografia captura a alma, um japonês tinha sido assassinado sem dó nem piedade dias antes por causa do retratinho e do desrespeito pelos locais. Não aprendem nada apesar de tanta "inteligência tecnológica". Agradecido ao leitor Mário Artur.

"O «turismo de massas» matou, em certas épocas do ano, a fruição de certos lugares. Itália, em Agosto, é absolutamente intolerável. E não me venham falar das virtudes da «democratização» do acesso aos «espaços culturais». Receio bem que a democracia venha a morrer com tanta «democratização». Permitam-me que relate apenas um episódio, perfeitamente verídico, que vai bem ao encontro do conteúdo deste "post". Na Galeria Nacional de Oslo, onde podemos contemplar algumas das famosas telas de Munch, deparei-me com um sujeito asiático que se passeava pelas salas com a câmara digital ligada, daquelas que filmam sem ser preciso olhar pelo visor. A câmara ia registando os quadros, mas o homem não olhava directamente para eles: deixava esse «trabalho» para a câmara! Talvez, depois de regressar ao seu país, tenha finalmente "visto" os quadros ao reproduzir o filme num qualquer aparelho (televisor ou computador). Há uns tempos atrás, teríamos uns intelectuais a reivindicar este exemplo como um cúmulo de pós-modernidade. Mas perdoar-me-ão se eu sugerir que isto me cheira mais a barbárie?"

BEAUTIFUL PEOPLE

João Gonçalves 4 Dez 06


É verdade, meu caro José Medeiros Ferreira. Quer mrs. Clinton, quer mme. Royal podiam perfeitamente integrar o governo do nosso elegante Sócrates. A primeira, como ministra de Estado com supervisão sobre o primeiro-ministro. E a segunda, como secretária de Estado para um assunto qualquer. Sorriem bem as duas, mas a primeira ainda é a que ri melhor.

CALHOU BEM

João Gonçalves 4 Dez 06

Com um inegável sentido de oportunidade - ou de oportunismo que, num momento sem valores, é a mesma coisa - Sócrates e a esposa do Carlos Alberto Moniz foram à Amadora anunciar umas vagas prebendas para deficientes. As "novidades" já tinham sido aprovadas em Agosto e diziam fundamentalmente respeito a questões práticas do quotidiano dos cidadãos com deficiência. Acontece que, pelo meio, apareceu o OE2007 que não é agradável para faixas de contribuintes deficientes. Vai daí, o governo, pela voz e pela presença do seu primeiro, apareceu preocupado com a sua "integração e independência". Ao menos nestas coisas António Guterres era mais autêntico e, por isso mesmo, mais "humano", o que, entre outras características, o perdeu. Sócrates nada faz ao acaso mesmo que faça do acaso uma política. Este acaso já tinha uns bons meses em cima. Só agora, porém, é que calhou bem.

RUÍDO

João Gonçalves 4 Dez 06


Passam vinte e seis anos sobre a morte de Sá Carneiro, o que automaticamente impede esta gente de o perceber ou de sequer tentar. Teria cerca de 40 anos quando ocorreu o "25 de Abril" e apenas mais seis quando desapareceu como um meteoro. É, à semelhança de tantos outros por esse mundo fora, um daqueles astros mortos que continuam a iluminar-nos. Não era um "moderado", num país que aprecia a moderação e a beatitude (nunca me hei-de esquecer de Ramalho Eanes, em 1980, quando Sá Carneiro era um primeiro-ministro em ruptura permanente, de dizer, a mim e a um pequeno bando de estudantes de direito da Católica, entre os quais o Rogério Alves, que se em vez de Sá Carneiro fosse Mota Amaral, tudo seria mais fáci: como não?). Não era hipócrita, numa sociedade onde os dissimulados vegetam como cogumelos. Era demasiado rápido para uma nação habituada aos comboios de Chelas e à navegação à vista. Criou um partido cujos baronetes sempre o desprezaram. Ele também os desprezava mas precisava deles para a intendência. Como político e como homem, era um aristocrata e uma pessoa de bom-gosto. Errou ao pensar que, apenas cinco anos após a "abrilada", podia fazer de nós europeus e civilizados. Se cá voltasse, morreria de susto ou de tédio e, seguramente, ia-se embora. Morreu pessoalmente feliz e politicamente amargurado. Sabia que ia perder para o "equilíbrio". Foi tido, dentro e fora da seita, como um perigoso desestabilizador. Muitos dos que hoje vão andar por aí a babujar o seu nome, ele nem sequer os conhecia. Ou se os conhecia, não lhes votava a mínima importância. Volta não volta, há uns quantos que se imaginam subtis e consequentes. O médico Menezes, de Gaia, é um deles. Fez uma jantarada - para quê? - e teve "a honra" de presenças como Gomes da Silva ou Helena Lopes da Costa - quem?. É desta má colheita que o país ignora que é agora feita a grande massa do PPD/PSD. Ao pé disto, Marques Mendes, apesar de ser mordido por tudo o que é abelha e varejeira, é um senhor. Sá Carneiro jamais poderia ter deixado herdeiros políticos porque estava sozinho. O resto era, e será sempre, ruído.

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