Cavaco Silva deu ontem à noite a um governo aquilo que, até agora, nenhum outro PR da democracia tinha dado: caução integral. Fugindo da natureza exclusivamente política do cargo que ocupa - unipessoal, de escolha directa - Cavaco parecia ter saído directamente de um ecrã de powerpoint, daqueles a que se reduz o glorioso "plano tecnológico". Não houve um pingo de "política" nas palavras do Chefe de Estado, qual monarca inglês a debitar o "discurso do trono" do "seu" primero-ministro. Ao ir tão longe no comprometimento com o "reformismo" virtual do governo, o Presidente esqueceu-se que precisa das mãos livres para, quando tal for necessário, agir. No dia em que isso acontecer, com que cara é que Cavaco vai trocar os agora contentinhos silêncios mútuos com Sócrates? Digo silêncios porque deduzi das palavras do Presidente que ele aprecia o mutismo socrático como forma de "fazer política". A "cooperação estratégica" não significa reduzir a política e o conflito ao grau zero. O que Cavaco Silva esteve a "explicar", qualquer esforçado secretário de Estado de Sócrates não faria melhor. Para as continhas e para a "modernização" tagarela, Sócrates já lá tem quanto baste. É de política que falamos quando falamos de política. E a política, como a realidade se encarregará de demonstrar a Cavaco, está precisamente no coração do cargo que ocupa. Varrê-la para debaixo da alcatifa, em nome do "espírito reformista do governo", não lhe resolve um problema dos que ele vai ter que enfrentar. Só lhe reduz o espaço de manobra junto de uma maioria especializada em "manobras". É a política, prof. Cavaco, não é a economia.
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...