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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

A REVISÃO DA HISTÓRIA -2

João Gonçalves 13 Nov 06


"Caro João Gonçalves: Coloco-lhe uma questão de ordem prática. Caso em Espanha os sinais de desfranquilização se acentuem acha possível manter Portugal no sarau arcadiano como até aqui?", pergunta-me, num comentário a este post, o meu amigo Medeiros Ferreira. Não sendo perito, mas apenas observador, tentarei responder. Não creio que Zapatero e o seu regime levem até ao fim essa "desfranquilização". A diferença entre Franco e Salazar é que o primeiro preparou a Espanha para a democracia, para a monarquia e para a "economia" depois de morto. Suarez, Felipe e Aznar não foram "santos milagreiros" nem inventaram nada. Zapatero também não, como a seu tempo perceberá. A raça naturalmente também ajuda. Por cá, nem isso. Desgraçadamente Salazar conhecia-a como ninguém e era demasiado mesquinho e "realista" para pensar no "futuro" da dita. Em Espanha, o estado adulto da sua democracia não merecia a "desfranquilização", um gesto gratuito sem qualquer valia histórica. Quanto ao "sarau arcadiano", quer melhor exemplo do que aquele que teve lugar no fim de semana, em Santarém? Salazar já repousa em campa rasa há muito tempo e nunca foi homem de saraus. Deixem-no em paz.

A PERCEPÇÃO DA REALIDADE

João Gonçalves 13 Nov 06

"Do sublime ao ridículo é apenas um passo", dizia Napoleão. "Percepções e realidade -2004", de Pedro Santana Lopes (Alêtheia Editores), só serve para evidenciar, uma vez mais, a falta de percepção da realidade do autor. É pena. À "direita", podia ser dos melhores. Assim, Sócrates e Cavaco só têm por que lhe agradecer

O PADRE ETERNO

João Gonçalves 13 Nov 06

O dr. Correia de Campos reagiu com grande irritação a perguntas dos jornalistas acerca de taxas cobradas a utentes "públicos" nos hospitais das misericórdias. Ouvido o eterno patrão franciscano das ditas misericórdias, este pronunciou-se com a soberana indiferença de quem não presta contas a este mundo, neste caso, ao Provedor de Justiça. Correia de Campos tem medo do padre Melícias?

AFIRMA PAIS

João Gonçalves 13 Nov 06


Alertado pelo Eduardo Pitta, fui ler a entrevista do director do Teatro Nacional São João do Porto, Ricardo Pais, no Público. Pais aparentemente perpetuou-se num livro escrito por outra pessoa e esse é o pretexto para a conversa. Que nos diz Pais? Desde logo, e devidamente aconchegado pelo orçamento de Estado e por Isabel Pires de Lima, zurze metodicamente em Rui Rio, que Eduardo Prado Coelho, num acesso metafísico, apelidou outro dia de "extrema-direita". Estão lá todos os clichés habituais contra Rio por causa de um Rivoli que Pais também deve cobiçar. "Arcaico", "pré-histórico", "invalorizável" constitui o essencial da adjectivação. Depois vem o comentário mais extraordinário e, sobretudo, revelador do conceito de democracia dos nossos sublimes "criadores": "O dr. Rui Rio tem um problema pessoal grave de relacionamento com os agentes culturais, os seus munícipes e a sua cidade. E este problema tem de ser resolvido." Tem? Como? Correndo com ele a pontapé? Rio, não sei se o Ricardo se tem isso presente, foi reeleito e com uma maioria absoluta dada pelos munícipes do Porto e não pelos "agentes culturais". Rio não o bajula, Ricardo? Paciência, ele andou na escola alemã, não é exactamente um "balzaquiano". "Recuamos 30 anos quando começamos a falar em saneamento versus cultura. A cultura é um factor de desenvolvimento como outro qualquer", afirma Pais. Plenamente de acordo. Acontece - e o Ricardo, fechado no seu labirinto, decerto ignora - que há para aí uma percentagem muito razoável de portugueses que não dispõe de água canalizada em 2006. Eu sei que isto é dum "reaccionarismo" e de um "populismo" primários, mas imagino que não faltem torneiras ao Ricardo. Por outro lado, sendo certo que a cultura é um "factor de desenvolvimento", não se deve daí concluir que os nossos agentes culturais sejam indistintamente "um factor de desenvolvimento". Nem sequer é preciso dar exemplos. Podemos ficar logo pelo Porto. A tirada infeliz sobre os comentaristas, "tropas de elite", na versão Pais - "a maior parte dos quais são "subsídio-pagos" através de instituições como o Instituto de Ciências Sociais, no pressuposto (certo) de que estão a fazer investigação histórica, mesmo que a História se considere ou não uma arte" -, fala por si. Que eu dê por isso, só costumam aparecer "comentaristas" e abaixo-assinados que andam ao colo com a "causa" da D. Regina e do sr. Alves contra Rio que é, aliás, o "correcto". Pais também tem a sua privada politicazinha do espírito: "A cultura é a área por excelência da ignorância. Como nós temos uma classe média muito inculta e uma série de comentaristas autocomplacentes, nunca perguntamos a estas pessoas se elas porventura não estarão a falar daquilo que desconhecem." Cá está um aproveitamento heróico-soviético do "lugar-comum" (o termo de Sócrates para a classe média) embrulhado na superioridade intelectual do criador. Ricardo, você vale mais do que esta pequenina pesporrência. Não será essencialmente essa gente que não vai ao teatro que o paga através dos seus impostos? Pais ainda tem tempo e lata para converter Cintra e o Teatro Aberto em monumentos nacionais - já são, é verdade - que "deveriam estar há muito tempo estabilizados com fórmulas próprias inscritas no Orçamento de Estado". Na cabeça do director do São João "não é o Estado que está a subsidiar o teatro, são as companhias que estão a subsidiar o teatro". Leu bem isto, profª Pires de Lima? Poupe rapidamente dinheiro. Volta-se a Rui Rio. "O programa do dr. Rui Rio não dizia que se iria privatizar o Rivoli, anexar o Rivoli ou parar com a política cultural que tinha sido seguida até ali (...) A expressão é dura [Rui Rio traiu os eleitores], mas é esta que eu usaria." Só o Rio, Ricardo? Acha que os munícipes que pagam o Rivoli (é teatro municipal) e outras coisas concordam consigo e com a D. Regina, ou com o presidente da câmara? Quando ocorrerem eleições, não é o Ricardo quem vai a votos nem as dezenas de "ocupas" do folclore do mês passado. É Rio. Logo se verá. Finalmente, Ricardo Pais, na sua falsa modéstia, insinua que "ainda" não sabe o que vai fazer quando o São João for uma EPE e avança com a sua "conversa" recorrente nestas alturas: "O que está escrito na lei é que o meu trabalho como encenador residente funciona como eixo principal da estratégia de gestão da casa. E isto não muda quando o teatro passar a EPE: o presidente do conselho de administração continuará a ser o director artístico e encenador residente. Mas há aqui uma coisa que gostaria de esclarecer: numa entrevista recente, transparece que serei inevitavelmente o presidente da futura EPE (...) Não, não sou de todo, embora o pressuposto da tutela [Ministério da Cultura] seja o de que continuarei". Pergunta: "Não gostaria de ser presidente do TNSJ pelo menos nos primeiros tempos de passagem a EPE, para assegurar uma transição tranquila?" Resposta: "Não disse que não gostaria de ser. Ainda estou a pensar". Pois, Ricardo. O que seria deste pobre e ignorante país sem portugueses clarividentes e humildes como você?

A COR PÚRPURA DE SANTARÉM

João Gonçalves 13 Nov 06

José Medeiros Ferreira, afinal, não esteve em Santarém mas achou "graça que tivessem falado tanto em esquerda". Eu também. Tony Blair ao pé daquilo é um ícone cor-de-rosa avermelhado. De qualquer forma, o evento sempre lhe mereceu dois comentários, aqui e aqui. A do Marco Aurélio é uma excelente "deixa" para o Gato Fedorento.

QUALIDADE

João Gonçalves 13 Nov 06

A emergência de Agustina Bessa-Luís e de Lídia Jorge ao lado do "sim" no referendo do próximo ano não muda a natureza das coisas. Apenas acrescenta qualidade ao "outro" lado.

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