Em "complemento" ao que se escreveu aqui, o Paulo Pinto Mascarenhas, "mais um momento húngaro de José Sócrates": que é isso da classe média?"

O sr. Saddam Hussein - depois de um julgamento digno do pior "tribunal plenário" do Estado Novo, com um cortejo de mortos e feridos, entre os quais vários advogados de defesa e acusadores públicos - foi condenado à morte por enforcamento. Ainda faltam mais sentenças por outros motivos, embora seja fácil prever que o desfecho seja idêntico: Saddam acabará na forca. Independentemente da malignidade da personagem, pertenço a uma civilização que recusa, sem hesitação, a pena de morte. Bush, com aquela leveza intelectual que o caracteriza, classificou isto como um "marco" e como um passo em frente no virtual processo de "democratização" do Iraque que ele e os seus aliados programaram nas suas lúcidas cabeças. Não é uma coisa, nem será a outra. A barbárie continuará. E já se anuncia nesta sentença de morte.

Sempre que estive em Paris, mesmo quando fui acompanhado, senti-me sempre só com a cidade, um pouco como a personagem do último "filme" dentro do filme Paris, je t'aime. Tanto assim que, da última vez que já tinha tudo pronto para ir - bilhetes, hotel, etc. - acabei por ficar em Lisboa a remoer Paris e pusilanimidades alheias. Vários realizadores e grandes actores - em apenas raros e preciosos minutos - fazem este original filme e revêem-se na cidade e ela neles. Só por causa de Julliette Binoche, William Defoe, Bob Hoskins, Ben Gazzara, Fanny Ardant e Gena Rowlands vale a pena esta Paris inesperada.