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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

SAFA

João Gonçalves 1 Nov 06

João: essa dos finados é porreira. Acontece que, pelo menos dois desses finados, vêem-se Lázaros lá mais para diante, lavadinhos e vestidinhos à porta de Belém. Safa, como dizia o outro.

PERGUNTA BEM

João Gonçalves 1 Nov 06

Perante o imenso e complexo vazio que reina na Cultura, pergunta bem o Paulo Gorjão: "Alguém se recorda, nos últimos 12 meses, de uma única iniciativa social-democrata no domínio da cultura?

NOVOS MONSTROS

João Gonçalves 1 Nov 06

Ao disparate do "Plano Nacional de Leitura" que, até agora, não passou de retórica vazia, sucede-se uma extravagância chamada "terminologia linguística para os ensinos básico e secundário (TLEBS)", dissecada neste artigo de Vasco Graça Moura. Ainda ontem um bando de "alunos" do Algarve manifestava-se à porta de um liceu "contra" as aulas de substituição, fechando-o a cadeado e balançando-se alarvemente em cima dos muros da escola. Os que falaram às televisões eram contra tudo, pais incluídos. Nem sequer sabiam bem do que é que estavam a falar. No meio deste deserto, o ministério da Educação dá o imprimatur a coisas como a "TLEBS" que, a ser levada a sério, só serviria para enterrar ainda mais os paupérrimos níveis de literacia escolar básica e secundária que, depois, vão desembocar nessa chaga nacional que é a universidade. Ao contrário do que o governo insinua, não se está a "preparar" nenhum "futuro". Por este andar, só sobrarão monstros, os novos monstros.

AQUELA TARDE REMOTA

João Gonçalves 1 Nov 06


Ao passear com o cão, chegavam-me os ecos da berraria no estádio do benfica. De tarde, na praia, pus-me de conversa com duas pessoas que não conhecia de lado nenhum. Invejei aquela amizade pueril. E, juntando uma coisa e a outra, se bem que não tenham nada a ver uma com a outra, enquanto desfilava pelo passeio vazio, ocorreram-me as primeiras linhas de "Cem anos de solidão", de G. G. Márquez:

"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía haveria de recordar aquela tarde remota em que o pai o levou a conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e cana, construídas na margem de um rio de águas transparentes que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas ainda não tinham nome e para as mencionar era preciso apontar com o dedo".

ATENTOS, VENERANDOS E OBRIGADOS

João Gonçalves 1 Nov 06

Ainda a propósito de Cahora Bassa, ontem à noite, no "frente-a-frente" da SIC Notícias, "dois queridos amigos" (foi como ambos se trataram) elogiaram, cada um à sua maneira, a triste encenação de Maputo, montada pelo engº Sócrates e pelo sr. Gebuza. Vitor Ramalho, pelo PS, e Ângelo Correia, pelo PSD, elogiaram - poderiam, em nome do regime, ter feito outra coisa? - o desfecho glorioso do "negócio". Por aquelas patéticas cabeças, mais interessadas nos "negócios" do que na política, não perpassou por um segundo o falhanço que custou à democracia "descolonizadora" - de que eles se consideram simultaneamente donos e epígonos - um elevado preço. Sócrates, com o seu gesto frívolo, descartou-se - e, por seu intermédio, o país - de um "investimento" que custou milhões aos bolsos dos contribuintes e a que o sr. Gebuza se referiu, com manifesta hipocrisia realista, como o "último reduto da colonização". Desde que entregámos tudo, das Áfricas à India, passando por Timor, só temos levado pontapés no cu e estalos no focinho. E mesmo assim, não aprendemos nunca nada. Somos sempre - agora deles - os mesmos atentos, venerandos e obrigados do costume.

AS CRUZES DOS NOSSOS MORTOS

João Gonçalves 1 Nov 06



"Quando se tem vivido uma vida já longa, e, sobre longa, intensa, de trabalhos, de fadigas, de inquietações, até de sonhos, o caminho que percorremos fica ladeado de numerosas cruzes - as cruzes dos nossos mortos. E se essa vida foi sobretudo colaboração íntima, soma de esforços comuns, inteiro dom das qualidades nobres da alma, eles não ficam para trás: continuam caminhando a nosso lado, graves e doces como entes tutelares, purificados pelo sacrifício da vida, despidos da jaça da terra, sublimados na serenidade augusta da morte. Na verdade, há mortos que não morrem: desaparecem no seu invólucro terreno, na sua figuração humana, na fragilidade e nos defeitos e nas limitações da carne; mas o espírito continua a brilhar como as estrelas que se apagaram no céu há cem mil anos, vincam-se mais na terra os sulcos que o seu exemplo abriu e parece até que os seus afectos não deixam de aquecer-nos o coração. Nem de outra forma se compreenderia que a Providência suscitasse tantas vezes almas extraordinárias, cumes de beleza espiritual, e lhes não conceda mais que uma breve aparição, como voo de asa que corta o céu, botão que murcha sem revelar ao sol da manhã a graça do perfume da rosa. Há mortos que não morrem, e nós todos que viemos de longe ou de perto, em saudosa peregrinação, somos os que testemunhamos que este não morreu."

António de Oliveira Salazar, discurso em memória de Duarte Pacheco, 15 de Novembro de 1953, in Discursos e Notas Políticas, V, Coimbra.

TODOS OS SANTOS

João Gonçalves 1 Nov 06


A esperança de Deus é maior que o meu fracasso.

Bento XVI

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