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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

É FÁCIL DIZER MAL

João Gonçalves 12 Out 06

O dr. Prado Coelho, eminente semiólogo, autor de crítica vária e um exemplar camaleónico de rara estirpe - atenção: eu possuo as "obras completas" de EPC, algumas com dedicatórias, e aprecio muitas das suas coisas - , não podia faltar no comité "democrático" que decidiu "abater" o dr. Alberto João Jardim. Voltou ternamente aos tempos em que, no PREC, foi Director-Geral da Acção Cultural e brindou o presidente do governo regional da Madeira, por sinal eleito, com mimos deste género: "o país respirou de satisfação quando viu que José Sócrates tomou uma atitude exemplar em relação à Madeira". O país respirou? Que país? O que existe na cabeça de EPC ou de Vicente Jorge Silva? A Madeira é "menos" país que Santarém ou o Porto? Ou EPC queria um país que "respirasse" como ele, ou seja, babando-se dia sim, dia não, para cima do governo e do PS? Depois, EPC, num tropismo "colonial", acusa AJJ de "explorar descaradamente a metrópole". A metrópole? Existe, porventura, um "ultramar" na cabeça desarmantemente democrática de EPC? Finalmente, o nosso autor não se poupa no vitupério "democrático". AJJ "é um caso extraordinário", "sentimos [o uso do plural majestático é um resquício do "colectivo" que aprendeu na fase PC e, como se costuma dizer, fale por si, Eduardo] uma repulsa imensa por esta personagem não apenas demagógica mas rasteira e medíocre". O nosso povo costuma dizer que "quando o cão é danado, toda a gente lhe atira pedras". Sucede que EPC não frequenta o povo, muito menos o madeirense. Só coisas e pessoas de Lux para cima. Por isso, a realidade passa-lhe inteiramente ao lado. Este argumentário, de facto "rasteiro", faz com que muita gente que até nunca simpatizou com a iconoclastia política de AJJ, o defenda. Nas actuais circunstâncias - desencadeadas por uma intervenção partidária do secretário-geral do PS no Funchal que, por acaso, também é chefe do governo - é fácil dizer mal. É "democrático" e fica bem no retrato.

PIOR...

João Gonçalves 12 Out 06

...do que um comunista que o foi até aos idos de oitenta, é um ex-comunista da "esquerda moderna" em 2006. Irreformáveis, um e o outro.

UM LIVRO

João Gonçalves 12 Out 06


Uma leitora acusa-me de só dizer mal. Não faço ideia o que isso seja. Todavia, para consolação dela e minha, recomendo um bom livro que trouxe de Itália. Numa tradução rasca, será qualquer coisa como "Quem nos ajuda a viver? - sobre Deus e o Homem", de Joseph Ratzinger. Mal, de certeza, não lhe fará.

LER OS OUTROS

João Gonçalves 12 Out 06

O Rui Castro, "Política à portuguesa". Gosto do João Jardim porque ele não é consensual. Para consensual, já temos o papel higiénico.

A PAX SOCIALISTA

João Gonçalves 12 Out 06


O velho Freud ainda serve para alguma coisinha. Ao ler no Público online a notícia acerca do debate da Lei das Finanças Locais no Parlamento, confirmei duas coisas estritamente do foro político-táctico. A primeira, que uma pequena "direita" que aprecia andar às cavalitas dos outros, se prepara para mudar de costas, quem sabe se auxiliada por um Costa. Depois, que o PS - insisto, o PS, usando como instrumento o governo e não os votos - pela mais do que autorizada voz do dr. Costa "número um", está em guerra político-partidária com a Madeira. Veja-se este naco do ministro de Estado: "o presidente do PSD anda entretido em ser porta-voz do Governo Regional da Madeira e dos candidatos a Jardins", afirmou Costa, que ontem se empenhou em isolar o PSD no caso da LFL, acusando os sociais-democratas de estarem "prisioneiros dos seus autarcas". Acontece - coisas da democracia - que o PSD é o maior partido nas autarquias e na Madeira, algo que deve incomodar a pax socialista, pelos vistos disposta às "unidades" mais espúrias e inverosímeis para não perder a oportunidade de, dezenas de anos depois, cumprir o seu velho sonho mexicano.

A RESISTÊNCIA

João Gonçalves 12 Out 06


O país em que, com pompa, circunstância e o já habitual "powerpoint", foi acordado o "desenvolvimento" do "Projecto MIT", é o mesmo em que se aceita que uns rapazes e umas raparigas, vestidos de corvos e embotados com a sua estupidez natural, humilhem os "colegas" mais novos, os "corvos" do próximo ano. As universidades, com ou sem MIT, são o espelho de uma nação intelectualmente medíocre. Apenas para se desenvolverem como meros centros comerciais, algumas universidades privadas aceitam - e o Estado democrático aceita isto com uma passividade bovina - pessoas sem as habilitações necessárias para a frequência do ensino superior. Mesmo os que as possuem, são, em geral, uma vergonha moral e intelectual. Não imaginem o engº Sócrates ou o Prof. Cavaco, por um segundo, que, por muito falarem de qualificação e de "nichos de excelência" (quase vomitei o croissant que acabei de comer), a pátria resplandecerá, um dia, orgulhosa da "massa cinzenta" produzida no campus universitário. Por exemplo, num curso de "comunicação social e cultural", já se usa a sra. D. Fátima Lopes como "case study". Já agora, por que não os merceeiros do Gato Fedorento, o insuportável Goucha, a Miss Romero ou o Gabriel da RTP? Para eu entrar na Universidade Católica, em 1978, tive que fazer exames escritos de história, de filosofia e de cultura geral, salvo erro, a dobrar. Puseram-me à frente um poema - no original - de Vicente Aleixandre (Nobel da Literatura no ano anterior) para "comentar". No 5º ano de direito, tive o privilégio de optar pela cadeira de história diplomática de Portugal, ministrada pelo professor Jorge Borges de Macedo, e de fazer um exame de filosofia do direito cujo essencial residia num comentário a um pequeno texto, em francês, de Martin Heidegger. Não me estou a comparar com ninguém. Estou apenas a falar do que conheço, de um tempo morto e enterrado para sempre na vulgaridade bronca em vigor. O MIT é um adorno comparável ao Chanel 5 com que certas pessoas que não tomam banho se enchem para não cheirarem mal. Por mais que se perfumem, a merda resiste.

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