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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

NO MEIO DA PALHAÇADA....

João Gonçalves 2 Out 06

... ainda há homens.

COM QUAL FICAMOS?

João Gonçalves 2 Out 06

O dr. Pinho, afinal, existe. Prometeu-nos mais crescimento e menos défice. Já tínhamos as previsões "em alta" do dr. Constâncio, as "assim-assim" do dr. Teixeira dos Santos e agora temos as do imprevisível dr. Pinho. Tão imprevisíveis que Teixeira dos Santos não as conhece. Por outro lado, Pinho foi dizer para Espanha que a EDP era fundível com a Gas Natural espanhola. Teixeira dos Santos desmentiu-o. Em que é que ficamos? Com qual ficamos?

PROVÉRBIOS

João Gonçalves 2 Out 06

"Quando não se quer fazer nada, nomeia-se uma comissão", dizia Salazar e antes dele o Eça. Da mesma forma que "quando se quer secar o pântano, não se avisa as rãs com antecedência".

OS TEATROS DO PODER

João Gonçalves 2 Out 06

No âmbito da esquizofrenia concorrencial que atacou a imprensa escrita, o Público reabriu os portões da edição online ao povo. Pelo menos parte dela. Tal permite aceder a este artigo do Augusto M. Seabra sobre a saga dos teatros nacionais. Não é das prosas mais felizes do Augusto. É palavroso, repetitivo e, quer online, quer em papel, tem gralhas. Todavia, a ideia geral é que conta e, salvo a imodéstia, parece resumir-se ao seguinte:
  • a actual tutela da Cultura, especialmente o seu secretário de Estado, o sr. prof. dr. Vieira de Carvalho, formado na melhor ortodoxia da extinta RDA, imagina que tem um "programa" para os teatros nacionais, dirigista e de "compromisso" político, como não podia deixar de ser;
  • escrevo "imagina" porque, com o dinheiro que está afecto à Cultura para 2007, ele pouco mais pode fazer para além de manter o insustentável status quo na gestão dos ditos e a inverosimilhança de muita da sua programação, quando ela existe;
  • nenhum- repito - nenhum dos teatros subsidiados pelos impostos, ou entidades equiparadas - veja-se a recente destruição do "projecto educativo" no CCB promovido pelo "escritor" Mega Ferreira -, se preocupa minimamente com a formação de novos públicos ou com os "serviços educativos", como as respectivas leis orgânicas em vigor determinam que se faça; quando muito, aparecem umas escolas para ver as paredes e entretém-se um ou dois funcionários com o trabalho de guia;
  • os teatros e equiparados trabalham para "velhos" públicos: para o poder político que "está", para os "da casa", para as "elites" que não existem e para os amigos se poderem pavonear ou fazerem "uma perninha";
  • nessa matéria, naturalmente que a ópera é o espectáculo mais caro e mais despesista, o que não impede que Jorge Vaz de Carvalho, actual director do Instituto das Artes, queira - como sempre ambicionou - o lugar de Paolo Pinamonti, sobretudo quando está instalada, a nível institucional e político, uma espécie de revivalismo abstruso e dirigista cuja imagem de marca reside na direcção do Teatro Nacional D. Maria II.
Não era bem isto que o AMS queria dizer, mas é o que eu quero dizer.
Adenda: Afinal, o Público só abriu umas vagas janelas que excluem suplementos e artigos de opinião. O link é só para assinantes.

A BIBLIOTECA NACIONAL

João Gonçalves 2 Out 06


Tenho normalmente em consideração o que o João Morgado Fernandes escreve nos editoriais do Diário de Notícias. Já aconteceu surpreendê-lo em comentários na Sic-Notícias. E, de vez em quando, lá temos as nossas picardias na bloga. JMF, desta vez, não gostou de umas declarações quaisquer de Maria Filomena Mónica ao 24 Horas sobre os "Morangos com Açúcar" e a televisão em geral. MFM, sumariamente, disse - parece-me - a verdade: que a televisão é irrecomendável. E que, acrescento eu, merecia ser censurada. Não da forma subtil como os actuais mandarins da comunicação social fazem, mas quando se programa. Os directores de programas deviam fazer actos permanentes de contrição e ginástica com os neurónios, se é que os possuem. Mas também não foi para pensar que os colocaram lá, não é verdade? Depois, o JMF "mete-se" com o "Bilhete de Identidade" da rapariga e com uma recente entrevista sobre vulgaridades. Estou à vontade porque não gostei do primeiro e achei graça à segunda. É politicamente incorrecto dizer que o Mário Soares tem ar te ter tido amantes? Só lhe fica bem, ou o JMF, que tanto aprecia os seios voluptuosos da menina Scarlett, é mais do que os outros? Todavia dou razão a MFM em coisas como as que escreveu ontem na Pública sobre a Biblioteca Nacional, entregue a um comissário político do PS e ao abandono. Isso, JMF, é infinitamente mais importante do que o que a MFM possa pensar da televisão democrática, embora, por causa do "progresso", a televisão seja culturalmente mais relevante do que uma biblioteca, mesmo que "nacional". Como vale a pena, fica o artigo todo para se meditar nele.

"A Biblioteca Nacional Está a Cair"

Maria Filomena Mónica

Antes da invenção da escrita, a memória apenas durava uma geração. Depois, os poemas épicos, que andavam de boca em boca até chegarem a Homero, tornaram a memória mais longa. Finalmente, chegou a escrita e, com ela, os documentos que os Estados passaram a guardar zelosamente. O mesmo se não passou em Portugal, onde os governantes andaram sempre distraídos, um facto grave, pois, sem memória, uma nação não existe ou só existe com base em mitos. Estas reflexões, na aparência extemporâneas, foram causadas por mais uma estadia na Biblioteca Nacional. Chegara o momento, considerei, em que, após vários meses de extroversão, deveria voltar a emigrar para o século XIX. Na última segunda-feira, saí de casa feliz. Notei que a sala de Leitura Geral estava quase deserta - as aulas tinham recomeçado nesse dia - e que o silêncio era total. A beatitude não ultrapassou os quinze minutos. Dos três livros que requisitara - é este o limite - dois encontravam-se «em mau estado», o que significava que não podiam «vir à leitura». Uma vez que os mesmos recolhiam a poesia de escritores menores, achei estranho. A responsável da sala, que me conhece há anos, abriu uma excepção, dando ordem para aqueles poderem deixar o depósito. Quando chegaram, verifiquei que as obras de Macedo Papança e de Silva Pinto há muito haviam entrado em estado de decomposição. As requisições seguintes seguiram idêntico padrão: quase metade dos livros que pedi estava «em mau estado». Apesar da entrega aos soluços, aguentei a pé firme. Só em casa, a minha alma se encheu de angústia. Como é possível que, governo após governo, nenhum tenha dotado a BN dos meios necessários, o que faz com que actualmente a situação seja cem vezes pior do que há trinta anos? Como é possível que os sucessivos responsáveis da instituição não tenham dado ao restauro a prioridade que ele indiscutivelmente merece? Como é possível que o actual governo, para o qual tudo são facilidades no que respeita a guarda dos mamarrachos modernistas do sr. Berardo, lave as mãos do desastre que se abateu sobre a BN? No segundo dia, a euforia desaparecera. A fim de analisar, em contexto, o poema «O Sentimento dum Ocidental», havia decidido ler o número do Jornal de Viagens, de 10 de Junho de 1880, onde Cesário originariamente o publicara. Pela primeira vez, olhei as seguintes palavras numa ficha de requisição: «Péssimo estado». A funcionária explicou-me que de tal forma estava o jornal estragado que as folhas tinham caído, mal ela lhes tocara. Nenhuma excepção era portanto permitida. Frequento há tantos anos a BN que ainda sou do tempo em que podíamos ler os jornais no original, mas aceito que os exemplares só possam ser consultados agora em microfilme. O problema reside em que parte deles foi filmada desajeitadamente, o que faz com que a imagem esteja de tal forma desfocada que só com esforço sobrehumano se consegue ler. Como pretendia consultar uma dúzia de periódicos - a fim de averiguar a forma como a morte de Cesário fora noticiada - ainda não passara uma hora e já sofria de tonturas. Vendo-me a cambalear, a funcionária informou-me que, ali, isto acontecia todos os dias, pois os leitores não se davam conta do mal que lhes fazia estarem a olhar, horas a fio, películas enevoadas. Quando, a 21 de Setembro, li, no Diário de Notícias, que o Ministério da Cultura iria sofrer, no próximo ano, um corte, nas despesas de investimento, de 7%, e que, no caso da BN, este poderia atingir os 10%, só não peguei numa carabina porque não tenho licença de porte de armas. Dois dias depois, tomava conhecimento de que o Estado português iria receber 6,2 milhões de euros pela perda das jóias da Coroa roubadas durante a exposição, realizada em Haia, no ano de 2002. De repente, tive uma ideia genial: a Ministra Pires de Lima deve pegar naquele cheque e entregá-lo ao director da BN, estipulando que o dinheiro tem de ser gasto no restauro do que está degradado. Não tenham dúvidas: este património é cem vezes mais importante do que a bengala em ouro cinzelado, cravejada com 387 brilhantes, mandada fabricar para o rei D. José. Agora que os anéis se foram, cuidemos dos livros."

UM ELOGIO

João Gonçalves 2 Out 06


Da comitiva que acompanhou o Chefe do Estado a Espanha, constavam três ou quatro ministros. A sério, a sério, só contei um, o dr. Luís Amado, o MNE. Aliás, é dos pouco lúcidos que o governo contém, como se pôde perceber pela entrevista que deu a Maria João Avillez, na Sic- Notícias, quando falou na redução da presença lusa em várias missões no estrangeiro num momento em que se anda a espremer todos os limões possíveis para sacar dinheiro. Quanto aos restantes, recordo o visionário Mariano Gago - que tutela um ensino superior a afundar-se - e aquela sombra que dá pelo nome de Manuel Pinho, entretanto desaparecida a meio da visita. Vários plumitivos "apontaram" a Cavaco Silva a "vocação executiva" como se isso fosse um pecado. Ainda bem que ele a tem. Deve ter ficado mais esclarecido sobre o tipo de gente que nos pastoreia, sobretudo nos sectores da "inovação", da "qualificação" e da "economia". Na sua eterna inconsciência, vieram para os jornais "elogiar" o Presidente. Antes de eles terem nascido para ministros, já Cavaco sabia perfeitamente o que é que andava cá a fazer. Em Espanha - admiraram-se os mesmos plumitivos - Cavaco "passou" por um Presidente que sabe como se governa. Não é vituperio. É um elogio.

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