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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

NÃO É FÁCIL DIZER MAL

João Gonçalves 18 Set 06

Carlos Abreu Amorim (CAA), do Blasfémias, interpela-me por causa deste post. Fala-me de futebol e de regionalização, duas coisas que manifestamente não aprecio. Pelo meio, evidencia o seu temor reverencial pelo sr. Pinto da Costa, algo que os portuenses, por duas vezes em livres eleições autárquicas, mostraram não ter. É um direito dele. Vamos por partes. Não, meu caro CAA, nada me move a favor ou contra o FCP. É-me tão indiferente como o Braga, o Estoril, o Portimonense, o Boavista, o Benfica ou o Sporting. Sou, se assim se pode dizer, futebolisticamente branco. Se me desse para aí, inscrevia-me no Gil Vicente, desde que me prometessem que jamais o sr. Fiúza seria removido da presidência do clube. Quanto a Pinto da Costa e à "justiça", limitei-me a reproduzir o que vi e ouvi na televisão. "Eu confio na justiça", disse o dirigente portista. Eu não. Para mim, o sr. Pinto da Costa - e praticamente todos os dirigentes futebolísticos deste país - estão ao mesmo nível. Tal como os da Federação e os da Liga. Teria sido altamente profiláctico para o futebol português a irradicação dos clubes de todas as provas internacionais, nesta temporada, para ver se aprendiam alguma coisa. É costume o país oficial babar-se para cima dos clubes de futebol. Ficou para a posteridade aquele momento sublime em que o dr. Vale e Azevedo, acompanhado por tudo o que era jornal e televisão, subiu ao segundo andar da DCGI, na Rua da Prata, em Lisboa, para ser recebido pelo sr. director-geral da altura a fim de lhe entregar um cheque por conta das dívidas fiscais do Benfica. E, mais recentemente, temos o "parecer" do eminente constitucionalista Gomes Canotilho a "decretar" a inconstitucionalidade da lei sobre corrupção na bola, bem como o processo "Apito Dourado" que vai andando sobre rodas quadradas. Isto para não falar na promiscuidade com os árbitros e destes com os clubes. E de tudo o que passa por "elite" com o futebol em geral. Olhe para as direcções e respectivos "corpos sociais" e veja quem lá está. Nem a "justiça" escapa. Nesta matéria, caro CAA, ser do Porto ou de Lisboa, pouco importa. É a mesma via latino-americana que prevalece. Depois, eu não discuto as qualidades pessoais e de dirigente desportivo do sr. Pinto da Costa. Consta que é um homem interessante e que sabe poesia e alemão. Todavia não é como pessoa que o avalio, mas enquanto personalidade mediática. E a partir do momento em que Pinto da Costa defende a regionalização, eu oponho-me de imediato, como me opus activamente em 1998 e o farei de novo as vezes que forem precisas. A ele ou a qualquer outro "regionalista", independentemente do partido ou clube de caça a que pertençam. Um país do tamanho deste, que tem como exemplo de "desconcentração" as inúmeras comissões e direcções regionais e distritais que apenas servem para dar lugares às nomenclaturas que vêm frequentemente a Lisboa receber ordens e ajudas de custo, ou que tem como exemplo de "descentralização" e de "reforço da autonomia local" o magnífico parque autárquico, não precisa de mais "entidades intermédias" para nada. E, sim, horroriza-me pensar que o ingénuo municipalismo de Alexandre Herculano tenha sido verdadeiramente prostituído pela deriva "chico-espertista" de muitos eleitos que nem sequer se dão ao trabalho de disfarçar a sua venalidade. Pinto da Costa é hoje o que é, e o seu FCP vale o que vale, não por causa de ele ser do Porto, mas apesar disso. Quantos adeptos do FCP não existem por este país fora? O FCP é tanto do Porto como o Benfica ou o Sporting são de Lisboa ou de Coimbra, salvo quando o sr. Pinto da Costa lhe dá para o seu patético "regionalismo". Quanto à questão final, a da "mudança", caro CAA - "não podemos ir por aí [a regionalização] senão ainda ficamos como estamos?" -, apenas lhe reafirmo que não quero um país com mais "pequeninos" do que os que já existem, do poder central ao local. O "intermédio" seria a média dos dois. Um desastre, portanto. E eu não desejo mal a ninguém, mesmo quando digo mal de alguém. O que nem sempre é fácil.

MERCEARIA E CONTABILIDADE

João Gonçalves 18 Set 06


A Direcção-Geral do Orçamento faz, para o Estado, o papel de cobrador - sem fraque - que, a escassos meses do final de cada ano, fica encarregue de "salvar" as "metas" estabelecidas para o défice do orçamento de Estado. Como? Emite uma "circular-chapa" que obriga todos os organismos estatais a "congelarem" verbas e a não aceitarem mais compromissos financeiros até ao final do ano. Por isso, quando se anuncia, volta não volta, o "milagre" da "contenção" orçamental, é preciso agradecer a estes beneméritos anónimos que, até ao dia 31 de Dezembro, fazem os possíveis e os impossíveis para paralisar o já de si paralítico aparelho estatal. Não há, pois, nada de transcendente nos conseguimentos do dr. Teixeira dos Santos. Primeiro avança a mercearia, depois segue-se a contabilidade. E, como diria Salazar, está tudo bem assim e não podia ser de outra maneira.

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