João Paulo II assentou o seu longo pontificado numa simples frase proferida na Praça de São Pedro, há quase 30 anos: "não tenhais medo, abri [escancarai, para ser mais preciso] as portas e o vosso coração a Cristo". Foi o bastante para, em poucos anos, o Papa polaco ter tido um contributo essencial para se acabar de vez com os falsos "amanhãs" que nunca cantaram no Leste da Europa. Raztinger juntou-se-lhe quase de seguida, e até ao fim, como prefeito para a congregação da Fé. Esta manhã, debaixo de uma chuva impiedosa, Bento XVI recitou o habitual "Angelus" e remeteu para o que tinha dito na véspera o "MNE" do Vaticano, lamentando "profundamente as reacções em alguns países a algumas passagens do [seu] discurso na universidade de Ratisbona, que foram consideradas ofensivas à sensibilidade dos muçulmanos". Depois falou do escândalo da Cruz e citou João, o único apóstolo que permaneceu aos pés do Senhor agonizante e de Maria, sua Mãe. Não se pode pedir ao Islão, que considera Jesus "apenas" mais um profeta, que entenda isto. O martírio do Filho de Deus permanece, para nós, cristãos - mesmos para os maus e pecadores como eu - o verdadeiro mistério que ilumina a nossa vida desesperada, a nossa razão céptica e a nossa morte certa. Não se pode pedir ao Islão que compreenda a angústia e o sofrimento redentor de um mero "profeta" que perguntou ao Seu Pai, antes de perecer misericordiamente por nós, "por que me abandonaste?". Raztinger, afinal, não pediu desculpa. Nem podia. Só lamentou o disparate. Como escreve Vasco Pulido Valente no Público:
"O papa já lamentou o equívoco, mas não pediu desculpa. Não podia pedir. Nem pelo incidente, fabricado pelo fanatismo e a ignorância, nem pelo teor geral da conferência de Ratisbona. Ratzinger insistiu que a fé não é separável da razão e que agir irracionalmente "contraria" a natureza de Deus. Não vale a pena entrar nas complexidades do assunto. Basta lembrar que desde o princípio (desde Orígenes, por exemplo) se construiu sobre a fé cristã um dos mais sublimes monumentos à razão humana e que o Ocidente, apesar da "Europa", não existiria sem ele. A fé muçulmana não produziu nada de remotamente comparável e, durante quinze séculos, sustentou uma civilização frustre e parada. A conferência de Ratisbona reafirmou a essência do cristianismo. Se o islão se ofendeu, pior para ele."
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...