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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

HISTÓRIA E RODAPÉ

João Gonçalves 6 Set 06


De Salazar há tanto para contar e inventar. O que se dirá desta gente da democracia, com a excepção de um ou outro, como Cunhal ou Soares, daqui a quarenta anos? Muitos deles terão porventura direito a uma "nota de rodapé"?

FATOS

João Gonçalves 6 Set 06


Um pouco mais de Salazar. Uma querida amiga contou-me, há anos, que costumava ir brincar com outras amigas e com as irmãs- e tomar banho, naturalmente - na praia da Azarujinha, em S. João do Estoril. O fato de banho era daqueles parecidos com o meu fato de ginástica do Externato da Luz: tudo bem tapadinho quase até aos joelhos. Certo dia, um militar do Forte onde Salazar passava o Verão, aproximou-se das meninas e explicou-lhes que não podiam ir à praia no dia seguinte porque Sua Eminência, o Cardeal Patriarca de Lisboa, D. Manuel Gonçalves Cerejeira, vinha visitar o presidente do Conselho e, como tal, "não era adequado" as meninas exibiram-se na praia naqueles propósitos. Logo D. Manuel, que tão bem cuidava das suas vestes cardinalícias.

A QUEDA

João Gonçalves 6 Set 06


Tal como há um ano atrás, o Jorge Ferreira lembra dois aniversários. O de Sócrates - parabéns, os pessoais, porque dos políticos não estou assim tão certo - e o de Salazar por ocasião da queda no Forte do Estoril. Neste, o Jorge mantém a mesma imprecisão. Por isso, também repito o que escrevi aqui há exactamente um ano. "Salazar não caiu efectivamente de uma outra cadeira a 6 de Setembro de 1968. Aliás, ele não caiu propriamente. "Deixou-se cair" numa daquelas cadeiras de lona de praia que havia no Forte do Estoril onde passava o verão, lendo, olhando o mar e recebendo ministros. Estava presente o barbeiro que assistiu ao momento em que ambos - cadeira e Salazar - se estatelaram no meio do chão. O chefe do Governo bateu fortemente com a cabeça no piso frio. Não deu importância ao facto e só dias mais tarde começou a sentir fortes dores de cabeça. Era o dia 3 de Agosto de 1968. Como as dores pioraram, os médicos levaram o presidente do Conselho, em relativo segredo e com a adequada protecção da PIDE, do Estoril para Benfica, onde se situa o Hospital da Cruz Vermelha. Isto, sim, passou-se na noite de 6 de Setembro de 1968. Os exames efectuados determinaram a operação que se realizou depois para retirar o coágulo formado pela queda de Agosto. Daí em diante, a história é conhecida. A de Sócrates ainda está por conhecer." Todavia, um ano depois, começa a conhecer-se melhor.

ABSORÇÃO ABSOLUTA

João Gonçalves 6 Set 06


Em apenas um parágrafo - o último - do seu "Fio do Horizonte" no Público, Eduardo Prado Coelho classifica por duas vezes o engº Sócrates como um "político notável". Para trás ficam todos os outros líderes partidários, nitidamente não notáveis. Para além disso, e apesar da idade, ainda acredita no Pai Natal. Senão vejamos. "E temos José Sócrates, que, como todos os comentadores registam, com simpatia ou não, se tem revelado um político notável, que vai estabelecendo à sua volta a estabilidade de que o país necessita para vencer a crise que outros criaram (e na qual o PSD também tem imensas culpas). Poucos teriam (ou tiveram) capacidade para lançar-se em tantas reformas ao mesmo tempo.Trata-se de uma verdadeira transformação do país. Com resistências? Sem dúvida. Como se iria supor que um projecto como o Simplex passaria sem atritos e dificuldades? Mas Sócrates, com notável determinação, tem avançado em várias frentes." (o edit é meu). EPC - que ainda há dois anos gemia o pior sobre o candidato Sócrates a secretário-geral do PS - também é um exemplo vivo do que uma maioria absoluta pode fazer às pessoas. Absorvê-las - e à sua lucidez - absolutamente.

É VERDADE...

João Gonçalves 6 Set 06

... o que é feito do cómico "plano nacional de leitura" apaparicado pela inteligentzia pueril e pelas duas únicas mulheres ministras de Sócrates?

UM MOMENTO...

João Gonçalves 6 Set 06

... de sintonia com o Tomás.

OS "ESTUDOS"

João Gonçalves 6 Set 06


Pelo Corta-Fitas, fico a saber que o "Correio da Manhã" noticiou que "o governo gastou 77 milhões de euros em estudos" fazendo "disparar a despesa com pareceres e estudos para mais 78% do que no ano passado". Apesar da canícula, da bovinidade e da anestesia geral, esta notícia merecia um comentário do governo, mesmo que ao nível de assessor de imprensa. É para isso, aliás, que eles e elas são principescamente pagos. É uma banalidade dizer-se isto, mas como eu estou à vontade, digo. O governo de Santana Lopes foi muito justamente zurzido por, em vez de privilegiar os assessores técnicos do Estado que estão lá para realizarem estudos e pareceres, recorrer a anafados escritórios de advogados onde os membros do governo trabalham ou passam a trabalhar depois de saírem. Pelos vistos, agora só mudaram os escritórios ou nem isso. Também devem estar incluídos outros gabinetes para outro tipo de estudos, como sejam os dos projectos megalómanos da OTA e do TGV, tão acarinhados pelo improvável ministro das obras públicas e transportes. A maioiria absoluta absorve tudo absolutamente. Até a "razão crítica" - se é que a têm - de muitos soi disant jornalistas. Se isto for mesmo assim, com que cara é que os drs. Teixeira dos Santos e João Figueiredo, os apóstolos do "emagrecimento" do Estado, podem aparecer à frente de quem quer que seja?

O PC E OS OUTROS

João Gonçalves 6 Set 06

O camarada secretário-geral não se poupou em elogios ao camarada Carlos Sousa quando correu com ele da Câmara de Setúbal. E o camarada Carlos Sousa também jurou fidelidade ao partido e outras balelas da cartilha. Agora, o camarada Carlos Sousa demitiu-se de todos os cargos que ocupava no PC de Setúbal e volta a "militante de base". Ainda o vamos ver a correr para a Câmara como "independente" ou, quem sabe, como "independente" de outros. É a vida como ela é, no PC e nos outros.

TENHAM JUÍZO

João Gonçalves 6 Set 06

O post anterior mereceu, naturalmente, alguns comentários que se comentam por si. Sobre a treta dos aviões da CIA a sobrevoarem ou a aterrarem em Portugal, apenas duas notas. A Europa adora alimentar complexos ideológicos e retóricas do estilo "sim, mas, nós somos diferentes, temos uma história e uma responsabilidade". Por causa da "história" e das "responsabilidades", é que a Inglaterra e outras digníssimas nações europeias formaram e fermentaram os "explodidores" dos metros, dos comboios e dos aviões. Como dizia o outro, ensinaram-nos a voar e eles voaram, naturalmente. Depois o Parlamento Europeu. O PE é mais ou menos uma ficção da Europa de Bruxelas, em versão democrática, onde se arrumam os "intelectuais" e os militantes incómodos de determinados partidos, manifestas inutilidades que sabem línguas e políticos em fim de carreira. Pelo meio também se arranja lugar para lunáticos eternamente infantis como o sr. Cohn- Bendit. E, segundo Mário Soares, também alberga donas de casa. A dra. Ana Gomes é atípica. É diplomata e tem - ela não tem culpa - uma inteligência emotiva a qual, em política, é quase sempre sinónimo de desgraça. No seu voluntarismo insane, ela ainda não conseguiu perceber que o país, e Sócrates em especial, a ignora olimpicamente. Fazer este estardalhaço em torno dos aviões, como se este cantinho miserável pudesse participar numa qualquer "teoria da conspiração" contra não se sabe bem o quê, é mesmo de quem não tem mais nada para fazer. Tenham juízo.

A PICARETA VOADORA

João Gonçalves 6 Set 06


No rádio do carro apareceu-me a dra. Ana Gomes preocupadíssima por, entre 2001 e 1005, se não me engano, cerca de cem vezes - que horror! - terem passado ou aterrado em Portugal aviões da CIA "carregados" de terroristas. Parece que foi numa cartinha do Prof. Freitas do Amaral - outro predestinado - que a parlamentar europeia se louvou. Não seria melhor para o PS deixar a dra. Gomes à solta no PE, como independente, em vez de fazer o PS, que estimo ser dirigido por gente sensata, passar vexames?

A NATUREZA DO ARGUMENTO

João Gonçalves 6 Set 06

Nuno Severiano Teixeira foi um mediano ministro da Administração Interna. Mal tinha chegado a Washington, em Setembro de 2000, já o telefone tocava para rumar à Praça do Comércio. Sem praticamente desfazer as malas, disse prontamente que sim. Quando entrou, para substituir um equívoco chamado Fernando Gomes, já estava em marcha a desgraça guterrista. Serviu como se estivesse a cumprir o serviço militar. Depois de várias incursões televisivas para "comentar" as desgraças internacionais, as costas do Prof. Freitas do Amaral fizeram-no regressar ao governo, anos volvidos, para a pasta da Defesa. Severiano Teixeira é daquelas criaturas aprumadinhas que ficam bem em qualquer lugar, menos em porta-voz de um político a sério como Mário Soares. Até num governo PSD não destoava. Sobre a "missão portuguesa" no Líbano, o distinto académico tem dito coisas extraordinárias que o Paulo Gorjão se tem dedicado a acompanhar com manifesta caridade cristã. Por exemplo, fica-se a saber que "o problema ["o planeamento das forças"] está a ser planeado" em Nova Iorque. Eu pensava que o que se "planeava" era a "solução" e não o "problema". E, remata Severiano, "é um serviço que Portugal tem que prestar". Lá virá o dia em que o país reconhecerá a Severiano Teixeira os relevantes serviços prestados à pátria, entre os quais este. Como historiador, o melhor mesmo é deixar falar Vasco Pulido Valente. "Houve quem negasse que a República não tinha sido na essência um fenómeno urbano e, sobretudo, lisboeta. Para "provar" esta peregrina tese, um jovem historiador (muito enamorado de si próprio) [num "livro pouco respeitador da propriedade intelectual"] resolveu esclarecer que, na realidade, a República se resignara ao conservadorismo do Portugal provinciano ou estabelecera com ele um modus vivendi, que por vezes não excluía a colaboração. Não lhe ocorreu decerto a natureza contraditória do argumento." (in prefácio a "A "República Velha" (1910-1917), ensaio, Gradiva, 1997). Está visto. Nuno Severiano Teixeira gosta mesmo da "natureza contraditória do argumento" onde quer que se encontre. Na cátedra ou num ministério qualquer.

Adenda: Um leitor que assina "alcoólico anónimo" - e Deus sabe quantas prosas e poesia das boas se teriam perdido se não fosse o absinto - "completa", por assim dizer, o "retrato" do actual MDN. Como me pude esquecer do "kit republicano"? "Um cérebro este Teixeira. Da primeira vez que passou pelo ministério inventou o "kit republicano". A esta gente sem ideias salta-lhes sempre o pé para o cinco de outubro."

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