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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

TARTARUGAS

João Gonçalves 5 Set 06


Este post do "professor" Carlos Leone (a metódica erradicação do Esplanar do João Pedro George prossegue a bom ritmo) é bem o exemplo da miséria que grassa nos chamados e pequeninos "meios intelectuais portugueses". Por acaso, entre imperiais, e enquanto lia o precioso livrinho da Montero, deparou-se-me esta reflexão de Truman Capote sobre a "celebridade" e a "fama": "Gostaria que alguém escrevesse o que significa realmente ser uma celebridade (...); serve apenas para que, numa aldeia, aceitem um cheque passado por nós. Os famosos transformam-se às vezes em tartatugas de barriga para cima. Toda a gente acossa a tartaruga: os meios de comunicação, pretensos amantes, toda a gente, e ela não consegue defender-se. Implica um enorme esforço dar a volta ao seu ser". A Capote, como ele escreveu no prefácio a Música para Camaleões, Deus deu-lhe simultaneamente o dom e o chicote. Aos nossos escribas, a quase todos, nem uma coisa, nem a outra. E muito menos a fama ou a celebridade. São meras pequenas "tartarugas de barriga para cima", incapazes de "dar a volta ao seu ser".

O SUBTIL

João Gonçalves 5 Set 06


O PSD também tem direito ao seu Manuel Alegre. Este é mais novo, embora seja velhíssimo de cabeça, chora e é "dono" de parte do Norte, o que é uma vantagem sobre o bardo coimbrão que nem "dono" do seu efémero milhão de votos consegue ser. Tem veleidades em matéria de subtileza política e, quando for grande, gostava de liderar o partido. Chama-se Luís Filipe Menezes e dá ocasionalmente contributos para a governança tranquila do engº Sócrates. Com coisas como esta, a propósito da segurança social: "a proposta do PSD está bem estruturada mas implica que daqui a meia dúzia de anos estejamos de novo com problemas", (...) mas "esteve mal quando demorou muito tempo a reagir, "só respondeu no debate do estado da nação" (...) não chega ter razão, importa também reagir no momento certo". Menezes que, na sua volúpia solipsista, já "reagiu" tantas vezes "no momento certo" - com lágrimas e tudo - , por que raio não sai da cepa torta e do seu cantinho próspero de Gaia? Será por ser tão provincianamente subtil?

NÍTIDO NULO

João Gonçalves 5 Set 06


"As sombras cresciam mais densas, corriam já quase toda a praia até à orla das ondas - até ao extremo da baía onde já palidamente tremeluzia o farolim. Só o cão. Via-o sempre. Talvez porque estivesse entestado ao sol, com um halo à volta, entestado ao clarão vermelho que o sol fora largando atrás. E era belo assim, como deitado num berço, divinizado de luz, um deus nascido? Um cão. Olho-o longamente, comovo-me - se eu me ajoelhasse? Devo estar bem bêbado mas não é possível. Tenho um sistema hidráulico perfeito, aguento quanto quiser, podia estar mesmo a beber toda a vida. Na extensão marinha, a luz amortece. Reparo nisso porque os cadáveres de um a um, parece-me, de um a um, submersos na água mais escura, foram desaparecendo, até que ficou só o clarão ondeado à superfície do mar."
Vergílio Ferreira

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