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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

VIVER HABITUALMENTE

João Gonçalves 25 Ago 06


O país entra de fim-de-semana com um psicodrama às costas. Quando cheguei a casa, tentei perceber o que ia por cá e pelo mundo através da SIC Notícias. O "jornal das 7" deu-me, em vez disso, 5o minutos bem contados de bola. Não faltou praticamente ninguém. O sr. Major em directo, o sr. Dias Ferreira em directo para "comentar", uns senhores que eu não conheço mas que "presidem" ao "Leixões", ao "Gil Vicente" - aparentemente o autor do psicodrama - e ao "Belenenses" - que tem uma excelente piscina - e, para terminar em beleza e igualmente em directo, o sr. Vieira, do "Benfica", que já ontem tinha merecido minutos infinitos em todas as televisões. Os telejornais seguintes - SIC e TVI - abriram inevitavelmente com o mesmo psicodrama. E o "serviço público", que já estava a transmitir um jogo qualquer lá fora, começou com a mesma conversa. De tudo o que se disse, retive que o estádio do "Benfica" tem quatro balneários e que - explicou o sr. Vieira - os jogadores "entram todos pelo mesmo túnel". Embruteci instantaneamente: não sei como é que cheguei até à data sem saber uma coisa destas. Do psicodrama, entretanto, resultou que dois ou três jogos da "liga" e do "bwin" (parece que é esta a nova designação da "2ª divisão") ficam suspensos, o que retira o "brilho" previsto para o início da época da futebolada. Uma coisa é certa. São todos bons rapazes e os melhores aliados do governo. A bola é uma espécie de anestesia colectiva, administrada em doses suaves, por tudo e por nada. Em linguagem "salazarenta", a única que, pelos vistos, conhecemos, chama-se a isto viver habitualmente.

Adenda: ... e este homem gosta de futebol e já devia saber da "história" dos quatro balneários.

Adenda 2: São 22:30. Na SIC Notícias já perora, sobre o psicodrama, o bastonário da Ordem dos Advogados. Se o professor Cavaco não andasse aos figos, ainda era capaz de aparecer.

Adenda 3: Cerca das 23 h. Depois da bola, a RTP transmite uma tourada. Um mundo perfeito. E, desta vez, a cores.

A TRANSPARÊNCIA OPACA

João Gonçalves 25 Ago 06

A ADSE, o subsistema de saúde da função pública, sofreu um aumento em algumas das suas tabelas, designadamente em matéria de meios complementares de diagnóstico. O aumento aconteceu pela calada do verão e entrou em vigor no passado dia 1. Questionado o ministério das Finanças sobre o acto, o mesmo "esclareceu" que o aumento já tinha sido anunciado... no "plano de actividades" da ADSE. Daqui para diante, para além do Diário de República - que, entre outras coisas, omite os vencimentos dos gestores dos institutos públicos, das empresas de capitais públicos e do Banco de Portugal, uma vez que são fixados por obscuros despachos simples do ministro das Finanças - o cidadão deve dedicar-se à leitura dos "planos de actividade" das direcções-gerais para saber o que lhe vai acontecer. É uma nova forma de transparência "pró-activa". Quer dizer, opaca.

O MONSTRO

João Gonçalves 25 Ago 06


Esta semana. com o país a meia-haste nas praias e a tirar macacos do nariz, o dr. Correia de Campos encarregou-se de falar depois do conselho de ministros. Teriam sido aprovadas as famigeradas "salas de chuto" - uma coisa que manifestamente estava a fazer muita falta - e Campos aproveitou para dar alguns recados aos "hospitais-empresa", ameaçando a respectiva gestão de despromoção do hospital conforme os "indicadores". É capaz de ter falado de outros assuntos, mas confesso que não lhe prestei atenção. Correia de Campos é um homem que toda a vida sonhou ser ministro da Saúde. Quando Guterres já se afundava alarvemente e, com ele, o país, lembrou-se de o ir buscar para ministro. Campos não teve muito tempo para se mostrar. Nem estava à vontade. Agora não. Ancorado na maioria de Sócrates, Correia de Campos quer deixar uma obra. Sem querer ou poder desmantelar o indesmantelável "serviço nacional de saúde" criado pelo irresponsável Arnaut nos anos setenta, imagina transformá-lo numa coisa mais credível e mais barata. Antes dele, respeitáveis senhores e senhoras imaginaram o mesmo. Quando ele regressou, a trapalhada estava apenas mais consolidada, depois do "empreendedorismo" do dr. Pereira, o "gestor" escolhido por Barroso e Santana Lopes. Ainda há dias foram divulgados os milhões que o SNS custa diariamente aos cofres públicos. Campos, na sua insustentável leveza, bem nítida no ar contentinho com que deu a conferência de imprensa, ainda não entendeu que, quando partir, tudo estará vagamente na mesma, com hospitais e centros de saúde tranquilamente infrequentáveis como estavam há dez ou quinze anos e a indústria do medicamento florescente. Fazer apenas contas não chega. Zurzir nos profissionais de saúde, a torto e a direito, à conta da "autoridade", também não. As coisas são o que são. Correia de Campos passa, como passaram todos os outros. O "monstro", como lhe compete, fica.

A FORÇA

João Gonçalves 25 Ago 06

Consta que Portugal vai "oferecer" à UE, para o Líbano, à volta de cento e tal soldados. É uma forma, de facto, e à nossa dimensão, de afirmar a presença lusa em "teatros" complicados. A França, que quer comandar a "força", contará com dois mil. E o sr. Annan "desce" à Europa e ao Médio Oriente para derramar as habituais inocuidades. No meio disto, sobressai a sobriedade do actual MNE, Luís Amado. Ao contrário de outros seus companheiros, ainda não o apanhei a dizer asneiras. É sensato e parece-me que tem a noção do que valemos. Daí a simbólica centena e tal de tropas portugueses. Para atrapalhar, já basta o "terreno".

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