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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

UMA QUESTÃO DE CABEÇA

João Gonçalves 23 Ago 06

Vi, na televisão, um pequeno bando de enfermeiros à porta do Ministério da Saúde. Querem não-sei-quê por causa das respectivas carreiras e tiveram por porta-voz uma moçoila com um valente ar masculino, daquelas que se imagina a dar uma murraça no próprio ministro. Deste, naturalmente, gostavam de obter a cabeça. Todavia, e como escreveu há muitos anos Vasco Pulido Valente, noutro contexto, quando se reclama a cabeça de um ministro, convém verificar previamente se ele a tem.

ASSIM SE VÊ A FORÇA DO PC

João Gonçalves 23 Ago 06


Carlos Sousa, o presidente da Câmara de Setúbal, disse-se "surpreendido" com a decisão do seu partido em o afastar do cargo. A "concelhia" do PC local não dedicou uma linha ao seu ex-autarca e convocou as "energias" dos novos escolhidos. Independentemente dos inquéritos que abrangem o mandato de Sousa, uma coisa é certa. O PC continua a funcionar como uma máquina clandestina, enquistada, soturna e, sobretudo, anti-democrática. Um anódino "colectivo" decide por todos ou por um. Não interessa nada ao partido que as populações ignorem os nomes que se seguem aos cabeças-de-lista e que votem, não tanto pela cor partidária, mas por causa da primeira criatura. É assim em todo o lado e não será seguramente diferente em "território" comunista. Sousa tinha "provado" como autarca no distrito e, por isso mesmo, o partido foi buscá-lo para "devolver" a capital ao PC. Imagino, como o Paulo Gorjão, munícipe sadino, que muito boa gente votou em Sousa por causa de Sousa, e não pelo PC. Se Sousa cometeu irregularidades, é só mais um e os tribunais que decidam. Politicamente o PC sai disto fragilizado e, se ocorrerem eleições intercalares, previsivelmente perderá. Não me parece que Carlos Sousa esteja "à venda" como "independente" para outras listas. Mas se isso acontecer, também não me admirava. Assim se vê a força - decadente - do PC.

UMA TRIVIALIDADE

João Gonçalves 23 Ago 06

Os jornais e as televisões falam constantemente da "clonagem" dos cartões "multibanco" como se fosse uma trivialidade. Convinha, no emaranhado de "autoridades" que há para tudo e mais alguma coisa, que uma delas actuasse. E os bancos, que oferecem este mundo e o outro aos seus clientes, também. Estamos perto, mas isto ainda não é o Congo ou a Somália.

OS MANDARINS -2

João Gonçalves 23 Ago 06

"Eduardo Cintra Torres produz uma das raras colunas de comentário sobre a televisão (na realidade é mais do que isso é crítica dos media, o que explica alguns furores) que pode ser chamada de “crítica”. A outra é que nas reacções de alguns jornalistas ao “caso” é claro que não perdoam a Cintra Torres ter colocado em causa não o Governo de Sócrates, mas a muito mais delicada questão das relações dos governos socialistas com a comunicação social. Quando os governos são do PSD e do CDS, as relações com a comunicação social são cuidadosamente escrutinadas e denunciadas, quando os governos são do PS a matéria torna-se sempre explosiva e a exigência de prova, mesmo em textos analíticos, vem sempre à cabeça. Um caso menor pode servir de comparação: a relativa complacência com que o livro de Manuel Maria Carrilho foi recebido, com acusações insubstanciadas muito mais graves do que as que fez Cintra Torres (caso fiquem elas também por provar, o que seria grave)."

José Pacheco Pereira, in Abrupto

ASSÉDIO POLÍTICO

João Gonçalves 23 Ago 06

Por este andar, Israel ainda "vira" uma sociedade puramente militar. Já faltou mais.

FONTES

João Gonçalves 23 Ago 06


Registo, João, a amável advertência. Pelo que conheço de si - e só conheço o que escreve - é um homem livre. E, pasme-se, consegue acumular a condição de jornalista com a de ironista, uma qualidade que não é perceptível por toda a gente. Tem razão. Somos muito despachados, enquanto "povo", a julgar os outros. Um jornalista a comentar o incomentável - os jornalistas - é, de facto, difícil de digerir. Cintra Torres comenta televisão e, dentro desta, a informação que ela produz. Até tem uma "tese" recentemente editada. É, sem ironia, uma espécie de Mário Castrim democrático. Eu não gosto do "diz-se que". Inevitavelmente o jornalismo vive disso, do "diz-se que". E o "diz-se que", mais conhecido na gíria por "fonte", até consegue proezas extraordinárias como a que o Ministério Público e a Judiciária perpetraram no "24 horas" à conta do "envelope 9". Não era a "fonte" que interessava, era o veículo. Nesta peripécia estival, é sensivelmente a mesma coisa. Ela passa- a peripécia- por tudo o que é jornal, televisão e blogue. E o essencial fica por debater entre floreados. Se Cintra Torres "desceu" aos interstícios do gabinete de um chefe de governo, através de "fontes" que lho permitiram, talvez convenha ao governo, antes de tirar o açaimo aos mastins habituais, perceber como é que isso foi possível, partindo do princípio que o Cintra Torres anda bom da cabeça e que é verosímil o que ele escreve. É que se a coisa passa para a funesta "entidade reguladora", é o mesmo que encomendar a alma ao diabo. Sabe, João, eu tenho respeito pela actividade jornalística mas não tenho nenhum tipo de temor reverencial como, aliás, não tenho por nada nem por ninguém. Estou naturalmente a pensar - também - no Cintra Torres. O mesmo aplico aos blogues que são um engenho comunicacional como outro qualquer. Numa democracia séria - não é o caso da nossa que é imatura e, por isso mesmo, perigosa - tudo é escrutinável, desde o chefe do Estado até ao poder judicial, passando inevitavelmente pelos jornalistas. Todavia, é na abjecção do anonimato que nós nos sentimos bem. Por delicadeza ou vergonha, chamamos-lhes, às vezes, "fontes". É a vida.

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