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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

POR CONTA

João Gonçalves 9 Ago 06

Agora já não são meras "pingas", é o "estatuto" todo, o da Fundação Berardo, publicado finalmente em "Diário da República", mesmo com Cavaco cheio de "dúvidas". Chamam-lhe - está na moda - uma "parceria público-privada". É um eufemismo para os cinco milhões de euros que o Estado vai dar ao sr. comendador - ele "entra" com os outros cinco- até 2016, para comprar "obras de arte" à vontade. Na verdade, coisas destas só "torturam" ainda mais a "torturada" Maria João Pires que também queria um lugarzinho à mesa orçamental para o seu Belgais,. Nem todos, porém, têm a sorte do sr. comendador, caído, em boa hora, nas graças do regime. Naturalmente que é tudo em benefício da Fundação. Naturalmente que é tudo por conta do bom-gosto e da extravagância do sr. comendador. E, na parte dos dez milhões, naturalmente que uma dela é por nossa conta.

DEMASIADO TRÁGICO

João Gonçalves 9 Ago 06

Ao arrepio do sr. Anan e dos seus amiguinhos do "conselho de segurança" - para já não falar na França e nos EUA, "inspiradores" de uma "resolução" irresolúvel por natureza - Israel reuniu o seu "conselho de segurança" - este sim, é para levar a sério - e decidiu prolongar a sua incursão no sul do Líbano por mais um mês, alegadamente para extirpar o Hezbollah. Sucede que há quase um mês que Israel promete todos os dias acabar com o Hezbollah e com a sua teimosa guerrilha, com o sucesso que se conhece. Feitas as contas, há mais de mil mortos libaneses, sem contar com a destruição das infra-estruturas básicas do país, e mais de cem israelitas. Aparentemente imune às investidas do exército israelita, o Hezbollah vai lançando tranquilamente os seus "rockets" que caem onde calha. E Israel persiste em atirar panfletos sobre os libaneses, ameaçando-os com uma bomba em cima caso apareça uma sombra vivente e circulante nos seus satélites. Nem o bairro cristão de Beirute foi poupado. Há qualquer coisa de irracional nisto tudo, logo vindo de criaturas que prezam a razão acima da emoção. O que quer dizer apenas uma coisa: Israel não está a controlar nada e, no seu desalinho militar, cada dia que passa descontrola-se um pouco mais. Até agora, os terroristas, nos intervalos do lançamento de "rockets", não devem fazer mais nada senão rir-se. De facto, Israel caiu na pior armadilha dos últimos anos. Seria cómico se não fosse trágico. Demasiado trágico.

MELHOR SORTE

João Gonçalves 9 Ago 06


Estive quatro vezes em Cuba. Conheço bem toda a ilha. Quando cheguei a Havana, pela primeira vez, tive a sensação de ter andado umas boas dezenas de anos para trás. A cidade sem varandas ou com as janelas sempre abertas, farrusca e movimentada, tem o fulgor próprio da decadência. Do telhado do hotel, o "skyline" é extraordinário. Parece que o tempo parou com a "revolução". Trata-se de um povo doce, primeiro usado como "colónia" norte-americana para casinos e sexo e, depois da descida da Sierra, como marioneta de uma feroz e sibilina ditadura. É certo que os níveis de literacia em Cuba nos fazem corar de vergonha, tal como a assistência médica. Fidel apostou na alfabetização dos cubanos e na escolaridade obrigatória. Praticamente sem recursos, senão os próprios desde o desmembramento da galáxia soviética, acossada pelo embargo do poderoso vizinho, a ilha sobrevive como pode. A hipocrisia da ditadura "castrista" deixa circular o dólar americano no turismo e obriga os seus concidadãos a usarem a moeda local e a "libreta" (senhas) para comer. Depois, anda tudo trocado. Engenheiros ou médicos que são guias turísticos ou motoristas de táxi, por exemplo. Ouve-se sempre um elogio magoado ou fingido a Fidel e quando se pergunta mais qualquer coisa, devolvem-nos silêncio. Daqui partem muitos burgessos em busca de sexo fácil, comercializado em nome da necessidade. Qualquer pançudo ou frustrado sexual, por um par de dólares, consegue milagres de uma tristeza infinita. Nem se pergunta pela idade. Já tem mamocas - ou boa pila, consoante os gostos-, serve. Isto vem a propósito disto. Do sr. Saramago espera-se sempre o pior. Numa passagem de ano, lembro-me de o ver na televisão oficial a acenar "às massas" ao lado do ditador. Anos volvidos, o "nobel" lá "percebeu" que havia um "problema" com as liberdades em Cuba e amuou vagamente. Durou pouco. Ele e o sociólogo coimbrão Boaventura - que se tem servido, na sua carreira académica, dos EUA que tanto exacra, - assinaram uma inevitável petição, apascentada pelo ministério da Cultura cubano, para "defesa" da "soberania" da ilha - contra os EUA, naturalmente -, atento o estado dos intestinos de Fidel Castro. Como boa ditadura que se preza, o regime guarda prudente silêncio sobre esta matéria e o jovem regente de setenta e cinco anos, Raúl, não dá sinal de si. Segredos de Estado, dizem eles. É pena que os "intelectuais" que constam da lista - não falta sequer a velhinha Angela Davis - não se preocupem mais com os cubanos e menos com o regime execrável que todo o "bem pensante" das "esquerdas" bajulou, nem que fosse uma vez na vida. Cuba gerou nomes grandes da literatura latino-americana - que Fidel exilou, proibiu ou "suicidou"- e que eu nunca vi o sr. Saramago citar: Lezama Lima, Cabrera Infante, Reinaldo Arenas, Virgilio Piñera ou outros. Recordo um vôo até à velha capital, Santiago de Cuba, ao lado de uma alemã que vivia na Argentina e que me contava velhas histórias do continente. Vista de cima, Cuba é simplesmente a ilha mais bonita do Caribe. Merecia melhor sorte.

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