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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

É PRECISO NÃO ESQUECER NADA

João Gonçalves 3 Ago 06

É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.

Cecília Meireles

GRANDES FRASES

João Gonçalves 3 Ago 06

"Quanto a mim, uma obra de ficção só existe se me consegue proporcionar aquilo a que chamo sem rodeios o gozo estético, isto é, uma sensação de estar, de certo modo e algures, ligado a outros estados de ser em que a arte (curiosidade, ternura, generosidade, êxtase) é a norma. Não há muitos livros desses. Tudo o mais é um acervo de lugares-comuns ou aquilo a que alguns chamam "literatura de ideias", a qual não passa muitas vezes de um acervo de lugares-comuns em enormes blocos de gesso, cuidadosamente transmitidos de século para século, até que aparece alguém com um martelo e dá uma boa martelada a Balzac, a Gorki ou a Mann."

Vladimir Nabokov, in Lolita (posfácio)

ELIZABETH SCHWARTZKOPF (1915-2006)

João Gonçalves 3 Ago 06

A palavra que me ocorre é, contrariamente ao que diria da Callas, pureza. Mozart e Richard Strauss não passam sem ela. Uma certa gravitas do canto lírico, no que ele tem de mais sublime, desaparece com Elizabeth Schwarzkopf, uma das últimas verdadeiramente grandes.

AUTORIDADE?

João Gonçalves 3 Ago 06


Aquele cavalheiro das barbas hirsutas que manda no Hezbollah, voltou a falar. Ameaçou Israel no caso das suas bombas atingirem o centro de Beirute, como quem diz "vá, mandem lá as bombas". O primeiro-ministro israelita todos os dias dá notícia de que as "estruturas" do Hezbollah estão destruídas. Todos os dias o Hezbollah - e, aparentemente cada vez em maior número - "brinda" a população judaica com "rockets". Só hoje, foram mais de cem. Destruídos, disse Ormet? Como se isto não bastasse, há quem reclame, sem se rir, que o "conselho de segurança da ONU" exerça a sua autoridade. Não me levem a mal, mas aquilo tem alguma espécie de autoridade?

MAU GOSTO

João Gonçalves 3 Ago 06

O ministério da Administração Interna e a Galp energia puseram a correr uma "campanha" contra a sinistralidade rodoviária, no mínimo, imbecil. Pode ser vista no portal do ministério, "clicando" no "poster" que se encontra algures no lado direito do ecrã e que apresenta uns miúdos nas janelas de um avião. A associação do número de vítimas infantis em desastres de automóvel a um avião cheio de miúdos que, aparentemente, se prepara para cair, é de uma falta de gosto a toda a prova, sobretudo sabendo-se que o avião, ao pé de um carro, é do mais seguro que existe. Claro que o problema não é dos carros, mas de quem os conduz. O da publicidade, é da luminária que "imaginou" a campanha e de quem autorizou politicamente a sua divulgação.

CENSURA PÓSTUMA

João Gonçalves 3 Ago 06


Lamentavelmente, por causa de alguns idiotas que por aqui passam e que deixam os "comentários" mais inverosímeis (tipo "morte aos judeus") e/ou ordinários (tipo "filho da puta amante de transexuais"), e para não prejudicar aqueles que, mesmo sob a capa do anonimato, escrevem o que entendem com um módico de nexo ou "polemizam" como lhes sabe bem, este blogue passa a exercer o direito de "censura póstuma" aos "comentários".

VIDAS CRUZADAS

João Gonçalves 3 Ago 06

A hipótese de os socialistas de Oeiras poderem aceitar pelouros na Câmara do dr. Isaltino, mereceu do Paulo Gorjão um ingénuo "nem quero acreditar". Apenas duas observações. Será que o Paulo alguma vez reparou nos candidatos, sobretudo no último, que o PS costuma apresentar às autárquicas em Oeiras? O homem era invendável até para tomar conta de um jardim, quanto mais de uma Câmara. Recorde-se que ainda se falou em Maria de Belém, a qual foi rapidamente posta ao lado de Carrilho, em Lisboa. O coordenador autárquico não deixou. Se há alguém que gosta do dr. Jorge Coelho, sou eu. Acontece que há mais vida no dr. Coelho para além da política. Da mesma forma que há mais vida no dr. Isaltino para além da Câmara ou apesar dela. E, às vezes, estas vidas podem cruzar-se.

QUEM MANDA

João Gonçalves 3 Ago 06


A generalidade dos "comentários" feitos neste post encontra a devida resposta aqui. Há um, porém, que merece mais atenção e que termina num "até lá", um "lá" a que eu não faço tenções de assistir. Não tenho a certeza que o acervo Berardo esteja assim tão nutrido de "obras capitais da humanidade", da mesma forma que ainda menos certezas tenho acerca desse conceito. É claro que a "colecção" de arte contemporànea do comendador interessa eventualmente ao país. Precisamente por isso, o país, através do Estado, deve acautelar esse interesse e não exactamente o do comendador. As "dúvidas" presidenciais e a própria intervenção directa do primeiro-ministro, depois das desconsiderações públicas que Berardo fez a Isabel Pires de Lima e, agora, a Cavaco, evidenciam que nem tudo foram, e são, rosas. Nestas coisas da "cultura" há sempre o pavor de se ser exigente para não passar por palonço ou "burocrata". Acontece que, na "balança Berardo/Estado", por mais voltas que se dê, existe um desequilíbrio que até um cego enxerga. Quanto ao mais, eu seria ainda mais radical. Toda a gente sabe que o país só funciona graças ao sistema bancário. Parasse ou falisse hoje todo ele, e a pátria afundava-se mais depressa que o Titanic, sem direito sequer a orquestra . As "empresas" e os "investimentos" com que sonha o dr. Pinho, vivem de quê? E as "famílias"? E também funciona porque existe uma criatura chamada Belmiro de Azevedo que, felizmente, aparece um pouco por todo o lado. Ou seja, se pudéssemos prescindir do sufrágio universal, entregava-se o país ao dr. Teixeira Pinto e acólitos, ao engº Belmiro e ao comendador Berardo. Belmiro e Teixeira Pinto encarregavam-se da economia, com a vantagem deste último poder também tratar da "cultura" através do mecenato. O comendador - menos dado ao mecenato e mais a si próprio - podia perfeitamente acumular as "artes" com a agricultura - a pouca e miserável que resta -, depois da sua recente inclinação vinícola. Acabava-se, de vez, para bem dele, com o ministério da Cultura e com uns quantos outros. Assim, e por fim, o país ficava entregue a quem efectivamente manda.

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