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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

O PACOTE DEMOCRÁTICO

João Gonçalves 21 Jul 06

O governo abriu um precedente interessante de seguir. José Magalhães - quem diria - proferiu um despacho sobre dois processos disciplinares a sindicalistas da PSP, reformando-os compulsivamente. Um teria querido mandar o primeiro-ministro para o Quénia e o outro disse que o então director da polícia nem para escuteiro servia. Também José Miguel Júdice foi "julgado" na Ordem dos Advogados e ficou a falar sozinho quando o respectivo conselho superior abandonou a sala. Pelo caminho ainda teve tempo de dizer que o relator do seu processo não servia sequer para julgar "uma manada". Palavra de honra. Estes jogos florais, do foro jurídico-político, colocam um problema. O ex-ministro Freitas do Amaral chamou-lhe "licenciosidade", outros poderão pensar em "liberdade de expressão" e, outros ainda, referir as liberdades "sindicais". Como se tem abundantemente salientado aqui, vivemos num regime imaturo quanto às liberdades. No verdadeiro sentido da palavra, este é o país menos liberal que conheço. Para além disso, sofre cronicamente de uma gravitas despropositada que não corresponde à qualidade das suas instituições. Os sindicalistas da PSP em causa são pouco mais que broncos. Basta ouvi-los. Não têm, todavia, culpa disso. Emanam de um país, o "de Abril", com que José Magalhães, hoje orgulhoso membro do PS e do governo, foi solidário anos a fio ao lado do PC. Júdice pertence - e até já dirigiu - uma corporação muito ciosa das suas coisinhas e da preservação da preeminência do "direito" na sociedade e na política portuguesas. Por outro lado, é um magnata do mesmo direito, como sócio de uma das maiores sociedades de advogados do país. Como lhe competia, saiu em ombros do "julgamento". O actual Bastonário, coitado, é, afinal, "apenas" o filho de um polícia. Não sei se é por andar a ler os "antigos", mas cada vez mais me sinto "deles" e nada, mesmo nada, "moderno". Além de pirosa, conservadora e mal formada, a nossa sociedade - toda - tem pretensões de ser levada a sério. Ignora, na sua inconsciência, que faz tudo parte do mesmo pacote, o da "democracia". E que, por isso, estão - não me canso de o repetir - muito bem uns para os outros.

PERDÃO

João Gonçalves 21 Jul 06

Parece que Portugal está interessado em mandar tropas para mais uma trapalhada da ONU no Médio Oriente. Mais vale estar quietinho para não atrapalhar ainda mais. Por outro lado, pode um dia pôr-se a seguinte questão (que os zelosos guardiões do templo "correcto" classificarão, sem hesitar, de "anti-semita") : quando é que chegará a vez de Israel pedir "perdão" à semelhança do que tudo quanto é chefe de Estado, de governo e de religião por esse mundo de Cristo tem feito em relação aos ditos cujos? Ou o "perdão", quando "nasce", é só para alguns?

LER

João Gonçalves 21 Jul 06


O artigo de Mario Vargas Llosa, editado no Diário de Notícias, sem link, no original aqui: "À sombra dos cedros", sobre o Líbano e outras "identidades".

O MODELO

João Gonçalves 21 Jul 06

Em matéria de administração pública, impera o ilusionismo. Há umas escassas semanas, uma "comissão técnica" presidida pelo solene prof. Belhim - cuja opus maior, no governo de Guterres, foi a invenção do símbolo fálico que representa o ministério da Justiça - contou 230 mil funcionários públicos. Ontem, o ministério da tutela já apresentou, salvo erro, 530.291 (o pormenor do "um" é tocante). Por outro lado, sobre a famosa "mobilidade", paira uma nuvem que nem o próprio ministro ou o seu diligente secretário de Estado conseguem dissipar. Depois, para complicar, "apareceram" nas insuspeitas contas da Direcção Geral do Orçamento mais não sei quantos mil funcionários, o famoso "um por cada dois que saem", mas ao contrário. Para inconstantes, já bastam as "previsões" do dr. Constâncio. Ou será que, afinal, o dr. Constâncio é mesmo o modelo?

COM ELA

João Gonçalves 21 Jul 06


Apesar de ser para isso que vota nas eleições legislativas, nunca me passou pela cabeça eleger "deputados". Desde 1979, primeira vez em que votei, escolhi sempre candidatos a chefes de governo e governos. Sá Carneiro, Mota Pinto, Cavaco, Fernando Nogueira, Barroso e, agora, Sócrates justificaram o meu voto e jamais o sr. Asdrúbal ou a D. Ermenegilda do remoto quadragésimo lugar da lista. Dito isto, não tenho a mínima consideração pela "representação nacional" que se arrasta pelas cadeiras de São Bento. O último dia da sessão legislativa, confirmou-me nas minhas certezas supostamente "reaccionárias". Qual feira do Relógio ou de Carcavelos, consoante a bancada, a deputação - pior que as antecedentes - zurziu metodicamente na ministra da Educação, escolhendo para o efeito do pior que lá tinha. O PSD pôs a palrar o sr. Pedro Duarte, uma miniatura de típico cacique partidário, nado e criado na nefasta JSD, que pretendeu dar "lições" a Maria de Lurdes Rodrigues. O PC recorreu à sra. D. Mesquita, uma estalinista histriónica, que primou pela "delicadeza" e pelo "bom-gosto". O BE e o PP usaram o que tinham disponível na altura, duas esquecíveis nulidades, uma das quais já dera provas num governo. O PS, incomodado, limitou-se a defender timidamente uma dama que não é sua. Não reconheço a um Parlamento tão pindérico e tão politicamente medíocre um pingo de autoridade para criticar, da maneira "peixaral" como o fez, a ministra da Educação. Já se percebeu que Lurdes Rodrigues está para abate. A ministra pôs-se ligeiramente a jeito com os secretários de Estado que lhe deram - um, em especial, o sr. Lemos - e com a "brecha" que abriu na sua "fortaleza" com a história da Química e da Física. Todavia nada disso justifica este "vento de verão" que começa a correr contra ela. O ministério a que preside devia ser implodido e dar lugar a outra coisa. Como o regime é o que é, prefere ir "queimando" em lume brandinho quem lá passa a extirpar verdadeiramente o monstro. Nestas coisas, estou sempre com quem se quer fazer cair à força e à conta do "deixa-estar-como-está-para-ver-como-fica", na expressão do saudoso Ruben A. Nunca a sinistra FENPROF teve tantos aliados. E insuspeitos. Se Sócrates lhes oferecer a cabeça da ministra numa bandeja, quando lá tem Pinhos e Linos à farta para exportar, então é sinal de que, como tantos outros, é um mero "tigre de papel".

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