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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

DIAS DE CÃO

João Gonçalves 2 Jun 06


O PSD quer instituir o "dia do cão". Não é manifestamente uma prioridade nacional que deva ocupar a oposição. Antes Timor, a bola e o sr. Monteiro de Barros, por exemplo. Todavia, se há dias para tudo, por que é que não há-de haver um dia para o fiel amigo? Podem crer que prefiro o meu cão a muitos animais de quatro patas e "inteligentes" que conheço. E não percebo tanto incómodo num país em que não há dia nenhum que não seja de cão.

LER OS OUTROS

João Gonçalves 2 Jun 06

Helena Matos, "C´est la vie en rose" . E Paulo Gorjão, "Num passado não muito distante..."

REGRESSOS

João Gonçalves 2 Jun 06


Regressei, pela terceira vez, até ao "exército de trevas" do nibelungo Alberich, genialmente interpretado por Johann Werner Prein. É sobre ele que incide a encenação de Graham Vick a que fiz referência mais atrás. O São Carlos conseguiu, com esta produção, recuperar a tradição da tragédia clássica - pela disposição da sala - e envolver verdadeiramente o público no espectáculo. Apesar do tom satírico da versão construída por Vick - que é bem cantada por todos os intérpretes com a provável excepção de Wotan/Stefan Ignat e competentemente dirigida por Emilio Pomàrico-, a "mensagem" do Ouro do Reno é tremenda quando enunciada pelas vozes de Alberich e de Erda, a futura "mãe" das valquírias da "primeira jornada" de O Anel do Nibelungo. Não é, pois, vulgar assistir a tamanha adesão da "nossa" audiência a esta obra de Richard Wagner que, toda somada, representa mais de vinte e quatro horas de música. Até Maria Cavaco Silva - cidadã que deixei de ver em São Carlos desde que o marido abandonou S. Bento, em 1995 - estava extasiada com a sessão. De facto, o poder é afrodisíaco, como se deduz do texto de Wagner. Maria Cavaco Silva, esposa do PR, é a prova viva de que, afinal, nem tudo o que existe tem um fim. Welcome back.

LER OS OUTROS

João Gonçalves 1 Jun 06


"O coro das virgens", de Eduardo Pitta. E no "Porque", do André Moura e Cunha, vários posts sobre Paul Auster, o Prémio Príncipe das Astúrias das Letras de 2006.

NÃO VALE A PENA

João Gonçalves 1 Jun 06


Lembram-se da velha treta da "reforma das mentalidades", tão justamente perseguida pela "nata" da nossa intelectualidade e por alguns políticos mais afoitos? António Sérgio, preocupado com a "educação" do seu povo, recorria amiúde à expressão para demonstrar que, sem a dita "reforma", não íamos a lado nenhum. De caminho, batia como podia no dr. Salazar que era manifestamente o obstáculo maior à tal "reforma". Depois do 25 de Abril praticamente toda a gente recorreu ao tema em escritos, comícios, varandas e no parlamento. O General Eanes, então, raramente se privava de acenar com a "reforma", numa fase em que ainda não tinha substituído Sérgio por Unamuno e Ortega y Gasset. Com a passagem do tempo, foi-se tornando evidente que o "povo" não pretendia ver a sua mentalidade "reformada", bem pelo contrário. Os portugueses nunca foram, aliás, conhecidos pela sua subtileza nem pela sua sofisticação. A democracia limitou-se a agravar a coisa já que, por natureza, é o regime benigno da vulgaridade. Agora o governo inventou um "plano nacional de leitura" para "o desenvolvimento de competências nos domínios da leitura e da escrita" e para combater os "preocupantes níveis de iliteracia" da pátria. Como não podia deixar de ser, o "plano" tem uma "comissão de honra", sob o alto patrocínio do Senhor Presidente da República, onde o regime está todo representado, desde Figo - um reputado amante da leitura - até ao Nobel propriamente dito, o sr. Saramago. Banqueiros, sociólogos, "escritores", luminárias das nossas universidades, políticos no activo ou inactivos, enfim, tudo o que a democracia foi parindo ao longo destes trinta e tal anos, lá consta. Têm o "plano" e , presume-se, a dita "comissão de honra", dez anos para dar a volta à questão. É claro que nada se irá passar. Não é preciso ser medianamente esclarecido - e a "comissão de honra" é, decerto, superiormente esclarecida - para saber que jamais se "reforma" alguém ou se induzem hábitos de leitura contra a vontade do próprio. Não me parece que seja crime - e aí concordo com o sr. Saramago - não ler. Eu também não gosto de futebol. A "qualificação" não se mete dentro da cabeça das pessoas à força e, muito menos, convocando as pseudo-elites nacionais para o fazer. Ninguém lhes liga nenhuma e, quando muito, as criaturas a "reformar" poderão limitar-se a pedir um autógrafo ao Figo. Os analfabetos simples e os funcionais não deixarão de o ser por causa desta parada inerme de "estrelas". Daqui a dez anos, outros estarão no lugar dos actuais ministros e dos bonzos da "comissão", também a clamar pela "reforma das mentalidades". Juro, não vale a pena.

Nota: Este post podia ter sido escrito para o Independente. Digo "podia" porque a Inês Serra Lopes remodelou o jornal a semana passada e, pelos vistos, decidiu "remodelar-me" a mim também, sem aviso prévio. Todavia fico-lhe grato pelos meses em que permitiu, nas "Independências" agora desaparecidas, que eu ali escrevesse. Foi, em todos os sentidos do termo, uma experiência graciosa.

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