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portugal dos pequeninos

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"O TEMPO REAL"

João Gonçalves 27 Jun 06


Um simples "click" num computador pôs imediatamente Portugal naquilo a que o primeiro-ministro chamou de "tempo real com o que se passa lá fora". Falo dos dez milhões de caixinhas de correio electrónico que os CTT/Estado puseram à disposição do "povo". Mais tarde vi o dr. Zorrinho, coordenador do sublime "plano tecnológico", a explicar que, desde que haja um "ponto de contacto" - no vizinho, nos correios, no café, na casa-de-banho, etc., etc. -, é só "mandar" e "receber". Acontece que o "tempo real" de que falam o engº Sócrates e o dr. Zorrinho não é o mesmo em Lisboa ou em Boticas. Nem a "vizinhança" ou sequer o posto de correios. Aliás, bastava olhar para a plateia que compunha o evento para perceber a frivolidade do exercício. Estava ali meio regime, de um lado e do outro, os "sempre-em-pé" do empresariado público. São dois países diferentes, com "tempos" diferentes. Confesso que não sei qual é o mais "irreal".

A VIA ESPANHOLA

João Gonçalves 27 Jun 06

O Diário de Notícias (sem link) conta, a partir de um texto do El Mundo, que deu entrada num tribunal de Madrid o primeiro pedido de divórcio entre same-sexers. De acordo com a notícia, os rapazes casaram-se em Outubro do ano passado, ao abrigo da legislação Zapatero sobre a matéria, depois de uma ligação prolongada. Agora, um deles alega que o outro não lhe permitiu realizar-se plenamente, já que "trocou" uma putativa carreira de "modelo" e de dono de um "salão de beleza para cães" (juro) para ir atrás do "respectivo" para Paris. Parece que é assim a história. A seguir vem uma "estatística" curiosa. Dos duzentos e tal mil casamentos realizados em Espanha, no período abrangido pela nova legislação, apenas 0,6% corresponde a matrimónios entre same-sexers. E - convém lembrar - a dita legislação alcança o direito sucessório e o direito à adopção. Ou seja, não parece que o contrato de casamento - que, pelos vistos, continua a fazer a felicidade de pessoas de sexo diferente - esteja a ser um "sucesso" junto da auto-intitulada "comunidade gay" que maioritariamente prefere continuar como free lancer. Convinha, por isso, e já com este exemplo do divórcio - na versão do "copianço" integral das grandezas e misérias do contrato - que as "associações" domésticas reflectissem sobre o assunto. André Gide dizia que é melhor ser odiado por aquilo que se é, do que ser amado por aquilo que não se é. Querem mesmo um "remake" do patético do casamento para as vossas vidas? Têm a certeza?

VAZIO

João Gonçalves 27 Jun 06


Estes iranianos são uns pândegos. O embaixador em Lisboa fala num "lugar vazio" que Portugal pode preencher nas negociações em curso por causa da "crise nuclear". Salvo o devido respeito, isto parece-me uma impossiblidade, não só física, como política. É que não se vislumbra em parte alguma do mundo um lugar tão vazio como aquele que Freitas do Amaral ocupa. Vazio por vazio, mais vale deixar o lugar assim.

ALEGRIA DE ESCREVER, ALEGRIA DE LER - 2

João Gonçalves 27 Jun 06

O João Villalobos, que escreve no Corta-Fitas, deixou um comentário neste post que me apetece glosar aqui. De facto, prenuncio a chegada de mais "literatura" do género "Amar depois de amar-te", de Fátima Lopes. Nada em mim se opôe a que isso aconteça. Sou um liberal anarquizante cujos níveis de tolerância são muito mais elevados do que eu próprio suspeito. No entanto, convém garantir que esses "escritores" saibam construir frases, depois juntá-las e, finalmente, atribuir-lhes um módico de sentido. Até pode ser o caso da Lopes, não tenciono sequer fazer uma ideia. Sucede que "contar" uma história não é fácil, sobretudo se for uma boa história. Tem de haver por lá um rasgo qualquer que a "ilumine", que justifique a sua leitura e não tanto a sua publicação, hoje em dia coisa de somenos importância. Francisco José Viegas e Miguel Sousa Tavares, por exemplo, conseguem "emitir" essa subtileza, esse "ambiente" de que falava Vergílio Ferreira para definir o "romance". Até para ter "graça" ou "desgraça", isso tem de lá estar. Ora, encontrar esse "eixo" é difícil. O que é fácil é vender "histórias" e, nisso, qualquer das hipóteses mencionadas, é perita e pelos motivos mais extraordinários, porventura todos alheios à noção que eu possuo de literatura. Aqui, sou menos liberal, seguramente mais "clássico" e, no extremo, mesmo reaccionário. Esta subliteratura, eventualmente respeitável, é uma maneira de prolongar, em forma de livro, uma "imagem" de televisão. Nada mais.

NA SOMBRA

João Gonçalves 27 Jun 06


Num sítio qualquer em que o parlamento fosse a sério, os sindicatos fossem a sério, a administração pública fosse a sério e, finalmente, o Estado, como um todo, fosse a sério, esta pretensa reforma mereceria outra atenção e outra importância. A trapalhada, no entanto, resume-se a decepar umas míseras árvores e à realização regular de jogos florais entre os membros do governo e os sindicatos. Não há, como nunca houve, um "pensamento estratégico" e, sobretudo, político a presidir à causa. Nem sequer existe "pensamento único". Apenas inexiste um. Mesmo assim, dada a importância que lhe é dada, a coisa devia - nem que fosse por pudor "democrático" - ser discutida de forma mais "ampla" pelos chamados representantes da nação, sentados na famosa "casa da democracia". Todos, e não apenas os delegados do PS no governo e nos gabinetes. Falamos da putativa "reforma" do Estado português e não de um capricho de circunstância, um fait accompli. Todavia, não se muda ninguém contra a sua vontade e, pior do que isso, na sombra, de forma atomista e "contabilística". Em devido tempo, se Deus quiser, tudo correrá naturalmente mal.

ENQUANTO PORTUGAL DORME...

João Gonçalves 27 Jun 06

... embalado pela bola, por Timor e pelo serial killer de Santa Comba, o que é que o governo anda a fazer? E a funesta "oposição"? E o inútil parlamento? Como diria outra "grande escritora", tirada directamente dos ecrãns da televisão, isso agora não interessa nada, não é verdade?

ALEGRIA DE ESCREVER, ALEGRIA DE LER

João Gonçalves 27 Jun 06


Ontem, já não me lembro bem onde, vi em grande destaque a "obra literária" da sra. D. Fátima Lopes, da SIC, emparelhando com os "êxitos" de Dan Brown e do inevitável José Rodrigues dos Santos. Empilhados e sem nenhuma chamada de atenção - nem sequer para o "prémio" recentemente atribuído e entregue pelo Chefe de Estado - estavam vários exemplares do Longe de Manaus (Edições ASA), do Francisco José Viegas. Estejam descansados. Eu só conheço o Francisco daqui. Não praticamos o "amiguismo", nem somos "cúmplices". E, por mero acaso, ainda nem sequer fui à Casa Fernando Pessoa. Acontece que o Francisco pôs cá fora um livro que não foi escrito com os pés, nem dá vontade de parar na primeira página para não lhe bolsar para cima. Pelo contrário, Longe de Manaus honra a língua de um país que provavelmente o não merece. De uma coisa tenho a certeza. Não verei jamais o Francisco metido no meio das vulgaridades do clown do regime, o gastíssimo Herman José, para se "promover". Já agora, para quando, João Baião, Jorge Gabriel ou Miss Romero, por exemplo, uma opus?

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