Sempre com o atraso de um dia, li no
Mil Folhas do
Público o habitual "ensaio" de Eduardo Prado Coelho. Antes de chegar ao
livro de Coetzee, EPC discorre sobre Augusto M. Seabra que, no mesmo suplemento, tem andado a escrever sobre "crítica". Confesso que não tenho acompanhado a prosa de AMS. Pelo contrário, há muitos anos que acompanho a de EPC. Li a sua "tese"
Os Universos da Crítica quando tinha vinte e poucos anos, acabadinha de sair. Naturalmente que a minha puerilidade adolescente - ainda por cima a estudar Direito - se deslumbrou com tanta citação, com tanto autor e com tanta "sabedoria". Dos ditos quinze livros (ainda segundo o
Mil Folhas, noutro local) que o EPC escreveu, já li bastantes. E, em alguns deles, aprendi efectivamente alguma coisa, como, aliás, tinha aprendido muito nos do seu pai, o prof. Jacinto do Prado Coelho. Por razões várias, talvez ligadas à intensa presença do EPC em praticamente tudo, as suas escritas mais recentes deixaram de me impressionar e, no limite, de me interessar. Por outro lado, o seu imenso umbigo e vaidade, também me maçam. É o caso desta prosa dedicada ao AMS. A meio da coisa, EPC "explica" que AMS é um ressentido e alguém que não é digno "de confiança". E, por "não ser digno de confiança", nunca passou pela cabeça de ninguém atribuir-lhe "responsabilidades". Este segmento estalinista, lido
a contrario, significa que EPC é alguém "de confiança" e a quem, por consequência, se pode entregar "responsabilidades". Não deixa de ter razão. No PREC, o EPC foi um diligente activista do PC como Director-Geral da Acção Cultural (só o termo, "acção cultural", põe os cabelos em pé a qualquer um), pelo que era nitidamente "de confiança". Depois, com a mesma naturalidade, EPC "deslocou-se" progressivamente para um "plano", digamos, mais "libertário-corporativo", traduzido no apoio a essa maga do "basismo católico" que foi a generosa Maria de Lurdes Pintasilgo. Desses tempos ficaram umas résteas que EPC usa em prol do Bloco de Esquerda, quando lhe apetece ou convém, o que não o impediu de ter feito a "corte" ao então primeiro-ministro Cavaco Silva, a quem deve a aquiescência para o cargo de "conselheiro cultural" da pátria em Paris. Até aqui, só "confiança" e "responsabilidades", naturalmente. Como lhe compete, parece que é militante do PS, sem ser um "ortodoxo". Esteve com Manuel Alegre e zurziu metodicamente no dr. Soares. Nos seus textos, promove e despromove quem ele entende ser digno da tal "confiança" - a dele - e de eventuais" responsabilidades". Para este efeito, o Augusto M. Seabra é, no plano em que se move EPC, um homem morto. O argumento da "confiança", usado por alguém que até normalmente consegue pensar, é perigoso. E faz escola noutras áreas. Nunca esperei ver o EPC fazer o elogio dos eunucos.
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...