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portugal dos pequeninos

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ESCREVER À ESQUERDA

João Gonçalves 25 Mai 06


Eu, que não sou "canhoto", aprecio o blogue homónimo. Antes de se começarem a vestir de branco por causa de Timor, conviria que lessem este post de Rui Pena Pires sobre África. E sobre algo completamente diferente, o post de Paulo Pedroso que "vê" pelo lado "esquerdo" o que eu já tinha visto pelo meu acerca do conceito "legal" de "família portuguesa".

BOAS INTENÇÕES

João Gonçalves 25 Mai 06

O dr. António Costa vai "projectar" (sic) militares da GNR em território timorense para - segundo Sócrates - "ajudar" à "manutenção da ordem pública" e promover "acções de formação" junto das "forças de segurança" de Timor-Leste. Duas ou três observações. Pelas imagens que vão chegando, falar em "forças de segurança" deve ter um qualquer sentido metafórico oculto. Não se percebe de que lado está a "segurança" quando os "militares" desmobilizados - parte significativa das "forças armadas" timorenses - querem continuar a ser militares e como tal se comportam nomeadamente disparando tiros. Depois seguem-se a "polícia" - que é outra metáfora - e um antigo chefe da "polícia militar" que manifestamente quer "festa". Vêem-se também "cidadãos" com catanas, certamente a defender a tal "ordem pública" que a GNR vai "ajudar" a manter. Finalmente, no meio desta pré-guerra civil, o primeiro-ministro fala em "acções de formação" sem se rir. Antes de Sócrates , vi e ouvi o chefe do governo australiano, no parlamento, a avisar que provavelmente haveria baixas entre os soldados do seu país que já avançaram para Timor. Deve ter sido por isso que Sócrates deu da "missão portuguesa" uma doce imagem filantrópica. O pior é se a imagem falha. É que já passou a fase das boas intenções.

TUDO CERTO

João Gonçalves 25 Mai 06



Em compensação, estamos abaixo de cão no que toca ao combate ao crime económico. Um relatório do Conselho da Europa, relativo ao ano transacto, aponta a "falta de uma estratégia de combate à corrupção" e "a falta dos necessários meios materiais, financeiros e humanos e, por vezes, de treino, por forma a levar a cabo investigações aos bens e finanças" como causas para esta anomia. Tanto mais estranhas - as causas - quando declaradamente vivemos num país de aldrabões e de falsários. Mais. "Algumas vezes, as investigações tiveram de ser abandonadas por falta de recursos ou por atrasos devido à comunicação inadequada entre certas agências públicas e privadas ou indivíduos. Por vezes, o acesso a dados fiscais ou bancários chegou tarde demais", explica ainda o relatório. Não são só as empresas que estão a falir. Também o Estado "acusador público" (de novo, a feliz expressão de Medeiros Ferreira) está falido. Por isso somos este patético "paraíso" onde, nada mais havendo para florescer, floresce a bola como epítome da perversão que se esconde por detrás do descalabro do controlo público. Eles fingem que são sérios e o Estado finge que os apanha. Como dizia Salazar, está, afinal, tudo certo e não podia ser de outra maneira.

ESTAMOS VIVOS

João Gonçalves 25 Mai 06

A néscia mania de colocar as bandeirinhas nacionais na janela e nos automóveis está, dois anos depois, de volta. Ontem à noite, ao passear com o meu cão, vi um senhor a passear o dele envolvido num cachecol da "selecção nacional". E há pouco cruzei-me com um moço que vestia uma t-shirt com a esfera armilar do tamanho da barriga dele. Este género de palhaçadas deve dar um gozo infinito ao conselheiro de Estado Marcelo Rebelo de Sousa, o grande impulsionador, há dois anos, desta maravilhosa ideia de vulgarizar o estandarte nacional. Todavia, não é por muito se estenderem as bandeiras ou cantar-se o hino que o país sairá tão cedo do estado de amarga penúria em que se encontra. O extraordinário disto tudo é que, descontando o episódio glorioso dos "descobrimentos" e alguns momentos subsequentes, o país está aparentemente conformado com o seu estatuto indigente. A história das bandeiras faz-me lembrar uma frase de um filme de Oliver Stone que tantas vezes cito. Estamos na merda, mas estamos vivos.
Foto: Fernanda Grilo

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