"Quanto mais voluntária a morte, mais bela. A vida depende da vontade de outros, a morte, da nossa."

Michel de Montaigne, Essais

Não há festa nem festança onde não apareça o exausto Prof. Freitas do Amaral. Até parece mau olhado. Desta vez cruzou-se num hotel com o seu homólogo palestiniano - um rapaz do Hamas, de um governo proscrito pelos EUA e pela UE por causa de Israel - e deu-lhe um "passou bem". Não fosse alguém duvidar das intenções meramente cordiais do nosso ministro, o MNE apressou-se a contar a história do "aperto de mão". Provavelmente Freitas nem se terá apercebido de quem se tratava. Não é grave. Há já algum tempo que a realidade tem alguma dificuldade em entrar na sua cabeça.

O "dia da Europa" aparentemente serve para nos lembrarmos que somos europeus. Periféricos mas europeus, o que é sempre uma consolação. A coisa manifestou-se particularmente nos edifícios públicos, com bandeirinhas nacionais e da UE hasteadas. Também houve uma conferência que juntou as mais altas individualidades do Estado ao inevitável dr. Barroso. Até o dr. Jorge Sampaio perorou para a rádio nos termos habituais: "O debate europeu está dentro de nós. E tem que ser compatibilizado com uma agenda interna (...) Eu não estou pessimista. Agora, há uma crise. Há uma crise séria e temos que saber encontrarmo-nos para ir além do momento que se vive". Estas intervenções profundas do dr. Sampaio têm sempre a sua piada. Sobretudo quando, passados uns meses, ainda não se percebe muito bem onde começa Cavaco e acaba Sampaio. Às vezes até julgo que estou na era "Sampaio III". Mas deve ser só impressão.