Portugal dos Pequeninos © 2003 - 2015 | Powered by SAPO Blogs | Design by Teresa Alves
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
portugal dos pequeninos
"Os tempos são ligeiros e nós pesados porque nos sobram recordações". Agustina Bessa-Luís
João Gonçalves 4 Mai 06

João Gonçalves 4 Mai 06
João Gonçalves 4 Mai 06
Vi os dez primeiros minutos dos telejornais da noite. A RTP deu prioridade a um "relatório de segurança interna" absolutamente trivial - aumentaram as violações e os assaltos ao multibanco - e fez um directo de Vila de Rei porque tem um programa qualquer que emprega imigrantes brasileiros (os de lá, ao que parece, ou estão satisfeitos ou não estão para se mexer). As outras duas, SIC e TVI, pelo contrário, abriram com a realidade. E a realidade chama-se aumentos dos combustíveis (15 vezes em quatro meses), dos transportes colectivos e de praticamente tudo porque quase tudo deriva do petróleo. Também se chama, por consequência, aumento das taxas de juro anunciado pelo Banco Europeu. Tudo isto escapou ao exercício optimista da RTP oficiosa durante os primeiros minutos de emissão do seu telejornal. Ainda "apanhei" o dr. Teixeira dos Santos, na TVI, a tentar explicar que as previsões do governo para o nosso crescimento económico não baixaram apesar de não terem subido - ou vice-versa - o que me permitiu comer os carapaus fritos mais descansado. Finalmente num zapping entre dois episódios de Will&Grace apareceu-me, na referida RTP, o dr. Pereira, que é ministro da Presidência e um magnífico erzatz do eng.º Sócrates, a prometer-nos a "certificação electrónica dos actos do Estado" para 2007, dentro da lógica "Simplex" em vigor. Era, aliás, o que nos estava a fazer mais falta, sobretudo aos milhares de pensionistas que recebem menos do que o salário mínimo nacional ou às empresas falidas (TVI) cuja apetência pelas novas tecnologias é mundialmente famosa. Agora já sabem. Quem quiser notícias estilo "música no coração", procure a RTP. Ela só deixa entrar a realidade que lhe convém. A boa.João Gonçalves 4 Mai 06
De acordo com um estudo publicado no Diário de Notícias, ninguém nos quer comprar. Se o país fosse uma marca, os potenciais consumidores viravam a cara e escolhiam outra coisa, o que só revela bom gosto. O estudo intitula-se "O poder da sedução de Portugal". Aparentemente para além de não "seduzir" os outros, o país também não seduz os indígenas. "Não se interessam" por isto, parece ser a conclusão de 85% dos inquiridos os quais também se estão muito justamente nas tintas para participar no "crescimento do país". Preocupa-os o desemprego, o custo de vida e o SNS, todavia gostam do clima, da "segurança" e da "família", seja lá o que isto for. Cerca de 42% dos ouvidos estão pessimistas em relação à pátria mas moderadamente optimistas em relação a si próprios. Compreende-se. Com o país - pessoas e empresas - endividado até aos cabelos, com as famílias a gastarem o que têm e o que não têm em frivolidades, com a política a gerir uma ficção que ela mesma, dia sim, dia não, alimenta, estava-se à espera de quê? Está porventura na hora de Eduardo Lourenço rever o seu "Labirinto da Saudade - psicanálise mítica do destino português", dos finais dos anos setenta, actualizando-o com os novos "sinais". Não deve ser difícil já que os "sinais" apontam quase invariavelmente numa única direcção, o vazio.João Gonçalves 4 Mai 06
1. Estive ontem na estreia de Medeia, aqui referida. Toda a tragédia gira em torno da pulsão da morte como resposta à pusilanimidade (Jasão) e à sobranceria (Creonte e sua filha). Traição e vingança ecoam nos monólogos devastados da protagonista a quem Manuela de Freitas empresta o melhor das suas capacidades histriónicas. Permanecem intactos, na sua actualidade ou, para não fugir ao jargão, "modernidade", esses monólogos e a descrição da agonia do rei de Corinto e da sua filha feita por um mensageiro (Fernanda Lapa). Não é próprio da condição humana, dos "mortais", a felicidade, como explica o mensageiro. O Sol final, o deus que arrebata Medeia da sua dor perpétua, levando-a para fora de Corinto, não consente a Jasão (João Grosso) outro destino que não a expiação do assassínio da sua noiva e dos seus filhos às mãos de Medeia. Eis a tragédia em estado puro. Nenhuma contemplação dos deuses para com a "nossa" causa, a chamada "mortal". Era assim com Eurípedes. Continua a ser assim agora.
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...