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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

SOCIEDADE NECESSÁRIA E SUFICIENTE

João Gonçalves 13 Abr 06


"Os livros bem-amados são a sociedade necessária e suficiente do indivíduo que lê a sós."

George Steiner, No castelo do Barba Azul - algumas notas para a redefinição de cultura, Relógio D'Água

PARLAMENTO EXEMPLAR

João Gonçalves 13 Abr 06

O episódio da falta de quórum para votações em plenário, ontem, no Parlamento, tem contornos mais pindéricos. Alguns dos faltosos tinham previamente assinado o livro de presenças e depois, discretamente, piraram-se. Um deles foi essa singular figura "ética" e modelo de cidadania varonil que é Manuel Alegre. Existe na AR uma maioria absoluta de um partido que não pôde funcionar porque parte dos seus deputados se havia sumido. Do lado do PSD, o maior partido da oposição, dois terços dos seus representantes desapareceram. Os dos restantes mini-partidos são irrelevantes. O regime, com estes pequenos gestos, vai silenciosamente cavando a sua própria sepultura. Quando chegar a hora, quem é que verdadeiramente se vai importar?

À ESPERA DE GODOT

João Gonçalves 13 Abr 06


"Tomemos as reformas que o governo anuncia pelo seu valor facial. Elas significam desemprego, despedimentos e desqualificações na função pública, racionalização de serviços, encerramento de instituições regionalizadas, aumento do custo de vida, mais impostos, menos salários, mais precariedade, pobreza e mediania, onde já não há pobreza absoluta. As expectativas que já são baixas irão ser ainda mais baixas. Se as reformas são para ser reformas, são para equilibrar o orçamento, diminuir as despesas, aumentar as receitas, racionalizar o estado, só podem ter este caminho no túnel, para haver luz no fim de um túnel que não se sabe bem que tamanho tem. Se nada disto acontecer, a crise continuará a agravar-se e fora dos sectores privilegiados pelo estado, os mesmos efeitos se farão sentir. Por isso convém não tomar como adquirida a paz pública e o sossego político. A não ser se já estivermos todos mortos sem dar por isso, o que também não é impossível de acontecer."

In Abrupto

TENTA E FRACASSA

João Gonçalves 13 Abr 06

Passam hoje cem anos sobre o nascimento de Samuel Beckett. O mais próximo que estive dele foi na sua tumba no cemitério de Montparnasse, em Paris. De resto, Beckett acompanha-me fatalmente no dia-a-dia como uma sombra luminosa. Nenhum outro dramaturgo do século XX retratou, como ele, o tédio, o absurdo e a rasura permanente desta coisa ridícula e pequenina a que chamamos viver. Quando pôs duas personagens a falar de tudo e de coisa nenhuma, onde nada se passa, limitando-se a "esperar por Godot", Beckett "revolucionou" o teatro tal como ele era até aí conhecido e praticado. O seu poderoso minimalismo, a sua misantropia criativa, a sua argúcia silenciosa e solitária fizeram mais pela dramaturgia contemporânea do que milhares de páginas de inanidades palavrosas. Consta que se enfiou num hotel em Cascais quando lhe deram o Nobel em 69 e privou-se de o ir buscar à Suécia. "Tentar outra vez, falhar outra vez, falhar melhor", é uma frase sua que tenho sempre presente. Dir-se-á que Beckett não é "fácil". É então fácil, porventura, a vida?

VERSÃO INFANTIL

João Gonçalves 13 Abr 06


Os contratempos técnicos têm-me feito ausentar da rede (o que tende a permanecer). Ainda assim, a febre de uma imagem, que em alguns casos não é pouco inteligente, já saturada vai hoje deixar maior prejuízo na cadência – fraca por natureza – da martelada com que a lucidez e inteligência aparecem na alma dos horríveis pubertários mentais.
Ao pavilhão Atlântico, na próxima madrugada, o SAPO SOUND BITS vai permitir uma avalanche de mediocridade. Um “evento” com a mediania que lhe é exigida do ponto de vista de um consumidor pouco exigente e sofredor passivo da brutalidade moderna. A brutalidade músical, a brutalidade líquida, a brutalidade vaporizada e a brutalidade química, bem entendido.
Hoje será um bom dia para os actos cómicos das autoridades. Vamos ver quantas crias conseguem não morrer hoje.

SETE PALMOS DE TERRA

João Gonçalves 13 Abr 06

Existe na 2: um programa de carácter masturbatório, chamado "Clube dos Jornalistas", que está há mais de meia hora a impedir que se cumpra o horário previsto de "Sete Palmos de Terra". Enquanto espero impacientemente pelo episódio, ainda tenho tempo para ouvir Diana Andringa falar em "fascismo" e em "censura", e a doutoral Estrela Serrano recorrer aos seus recentes conhecimentos sociológicos. Será que esta gente não entende, de uma vez para sempre, que ninguém, no seu perfeito juízo, aguenta uma pessegada destas?

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