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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

LIMITAÇÕES (actualizadas)

João Gonçalves 26 Fev 06


1. No Origem das Espécies, "Regular, regular", 1 e 2. "Daqui a uns tempos, se os deixarmos à vontade, toda a nossa vida estará submetida a entidades reguladoras com padrecas especializados ou polícias encartados e nomeados pelo governo ou pelos partidos."
2. No Glória Fácil, "Gis", de Fernanda Câncio: "a não ser que depois do martírio, depois da inominável agonia, depois deste horror que estremece todas as noções, todos os adquiridos (que sabemos falsos mas mesmo assim guardamos) se queira agora enterrar a gis [de Gisberto, o homem morto no Porto às mãos de um bando de "jovens"] nas suas múltiplas exclusões em nome da reabilitação dos seus agressores, fazer de conta que o que se passou não foi assim tão mau e que, sobretudo, não foi, não pode ter sido consciente, quanto mais premeditado.como se pudéssemos -- e quiséssemos -- apagar a gis e o seu terrível destino, para não termos de encarar o que aconteceu e porquê."
3. No Blasfémias, "Direito de pernada em Democracia", de João Miranda: "é natural que os nossos deputados queiram decidir por que métodos e com que meios financeiros é que nós nos podemos reproduzir."
4. No Mais Actual, "Despertar": "A nova legislação, que permitiu a tomada de posse de uma nova entidade reguladora da comunicação, começa a despertar as consciências, dando origem a chamadas de atenção muito pertinentes.Apesar do alerta em devido tempo, nunca são demais as opiniões sobre um assunto sensível e fundamental para a sanidade do regime democrático.Ainda se vai a tempo de inverter uma legislação impensável do autor do célebre golpe constitucional?"

BB COMO ELA É

João Gonçalves 26 Fev 06


A Carla exibe quase diariamente o seu desvelo fotogénico por Brigitte Bardot, na versão "boa". O acaso do zapping levou-me a um "canal de biografias" onde passava a da BB. Bardot era entrevistada na sua casa, com piscina ao fundo, e a conversa era entremeada com a história da vedeta, primeiro a preto-e-branco e depois a cores. A ex-diva já dobrou os setenta e "dobrou", como lhe competia, muitos homens. Porventura farta deles e dela própria, dedicou-se à causa animal. Isso aproximou-a de um outro filantropo de extrema-direita, amigo de Le Pen. No documentário chegou mesmo a falar da "admiração" que sentia pelo líder da Frente Nacional e confessou que nutre um enorme desprezo pela humanidade em geral. Bardot é hoje evidentemente uma ruína. Pelos vistos não apenas física, mas também "humana". A culpa, em parte, não é dela. Existe um mundo que a consumiu e que a secou oportunamente. Os animais são o seu último reduto, a singularidade frívola de uma loira septuagenária.

UMA ESTÁTUA PARA TEIXEIRA-GOMES

João Gonçalves 26 Fev 06


Quase nas vésperas de abandonar o cargo, Jorge Sampaio ainda arranjou tempo para ir à Argélia. Entre outras coisas, vai inaugurar uma estátua de Manuel Teixeira-Gomes em Bejaia, antiga Bougie, onde o ex-presidente da República se exilou e morreu em 1941. Há uns anos, li a biografia dele por Norberto Lopes - "O Exilado de Bougie" - e uns capítulos do livro de Urbano Tavares Rodrigues, "M. Teixeira-Gomes, O Discurso do Desejo" (Edições 70). Teixeira-Gomes sempre me pareceu uma personagem atípica da vida política portuguesa, particularmente da vida "irreal" da I República. Estudou em Coimbra onde frequentou medicina sem lhe conceder a menor importância. A isso preferiu definitivamente a literatura e a boémia. Colaborou em revistas e jornais, nomeadamente "O Primeiro de Janeiro", do Porto, e "A Luta", de Lisboa. O pai era um produtor algarvio - bem "amanhado" - de figos secos e Teixeira-Gomes acaba a viajar, à conta dessa indústria, pela Europa e pelo Mediterrâneo onde desenvolve o seu interesse pela literatura em encontros vários. Começa a publicar. Em 1899, "Inventário de Junho", em 1904, "Agosto Azul" e em 1909, "Gente Singular". A sua vida política inicia-se em 1911 e prolonga-se até 1918, como representante de Portugal em Londres. Quando Sidónio emerge, chama-o e de demite-o do cargo. Teixeira-Gomes fixa-se então no Algarve como administrador das propriedades. Toda a sua obra literária "vive" de figuras algarvias: "Sabina Freire", por exemplo, é uma viúva de Portimão. Entre 1919 a 1923 volta à diplomacia em Madrid e de novo em Londres. Foi eleito presidente em 6 de Agosto de 1923, ganhando a Bernardino Machado. "A política, longe de me oferecer encantos ou compensações, converteu-se para mim, talvez por exagerada sensibilidade minha, num sacrifício inglório. Dia a dia vejo desfolhar, de uma imaginária jarra de cristal, as minhas ilusões políticas. Sinto uma necessidade, porventura fisiológica, de voltar às minhas preferências, às minhas cadeiras e aos meus livros", escreveria. Dotado de uma fina e amargurada sensibilidade, incompatível com a mesquinhez do regime e dos seus servidores, resigna ao cargo em 1925 e parte para Bougie, na Argélia, que ele via como "uma Sintra à beira-mar". Os seus restos mortais só regressariam a Portugal em 1950. Durante o exílio poucos ou nenhuns contactos manteve com o país, família incluída. Era um sensualista que amava os prazeres indistintos que a vida lhe proporcionava, algo que a sua escrita, em grande medida, reflectia. Bem longe daqui, trocou a hipocrisisa nacional pela sua "verdade", fosse lá ela o que fosse. Norberto Lopes via-o, e bem, como uma "personalidade requintada, sóbria, simples como a de um grego do século de Péricles, magnânimo e brilhante como a de um príncipe florentino da Renascença". Manuel Teixeira-Gomes: mais um que se enganou no lugar onde nasceu.

O ESTÁDIO NATURAL

João Gonçalves 26 Fev 06

Para quem, como eu, reside nas imediações do estádio do Benfica, este é mais um domingo infernal. Juntam-se duas boçalidades, os "super-dragões" com os congéneres benfiquistas, uns "neos" qualquer coisa ou "diabos vermelhos". O centro comercial mais perto do estádio, o Colombo, é literalmente invadido por batalhões familiares de cachecóis azuis e vermelhos com uns chapéus rídiculos estilo "joker", uma imitação do diabo, fosse ele imitável. O que ultimamente me tem chamado mais a atenção nestas movimentações futebolísticas é a presença, em número cada vez maior, de mulheres. Antigamente as esposas ficavam nos carros a tricotar e em amenas cavaqueiras com as outras esposas enquanto os cabeças de casal uivavam nas bancadas. Agora parece-me que são as próprias que reclamam o mesmo estatuto de fervorosas adeptas e, seja qual for a idade, lá as vemos arrastando-se para os estádios com o mesmo ar idiota dos companheiros e paramentadas como lhes compete. Em toda a minha vida devo ter assistido a não mais de três ou quatro jogos de futebol. Não "sofro" particularmente por nenhum clube e, quando muito, posso inclinar-me, por mera proximidade histórico-geográfica, para o Benfica, desde que tudo decorra a uma distância conveniente para os meus passos. É que o futebol tropeça vezes de mais na minha vida para que não deixe de me incomodar. Dito isto, e apesar de tudo, espero que o sr. Pinto da Costa regresse ao Porto irritado o que é, aliás, o seu "estádio" natural.

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