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portugal dos pequeninos

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INTERVALO E TENTATIVA

João Gonçalves 24 Fev 06

Um ano de depois da vitória de Sócrates, que tem sido feito dela? Eu falo de Sócrates e não do PS porque do PS espero pouco. É um velho conhecido de sempre. Porventura mais “modernizado”, com rostos de uma outra geração misturados com vetustas relíquias, o partido do poder não apresenta mais sinais de maturidade do que no passado. Nem ele, nem, aliás, os restantes das oposições. Sócrates, sucedendo ao descalabro político e pessoal de Santana Lopes – e à medida que o tempo passa percebemos que foi muito mais dele do que exactamente do seu governo -, emergiu com uma auréola radiosa por detrás da sua inexpugnável frieza. É essa ambiguidade luminosa que lhe permite passar praticamente despercebido por entre os escolhos. Por exemplo, Campos e Cunha nunca foi devidamente explicado e Freitas do Amaral nem sequer tem explicação. E ninguém pede explicações. Enunciações bombásticas perdem-se na agenda mediática e os milhões dos “projectos” no foguetório de sessões públicas de luxo. Como outros do passado e do mesmo lugar que Sócrates ocupa, ele é seguramente melhor que o melhor dos seus pares. De uma forma geral, a sua geração política tem sido decepcionante. Por perto, espreitam mandarins de aparelho que ameaçam as melhores intenções. O voto em Sócrates, no momento em que foi proferido, significou duas coisas: remover Santana Lopes para o “recobro” político – voltará, é certo, e deve voltar – e fornecer um sinal para que se fizesse o que tinha de ser feito. Aqui Sócrates tem funcionado por “intervalos e tentativas”. Não tanto por sua culpa, como por falta de densidade política de alguns que o cercam. À “violência” formal de determinados arrojos, não corresponde, as mais das vezes, substância. Não se “muda” ninguém contra a sua vontade e o Sócrates “humano” é a melhor evidência disso. Para avançar, é preciso romper. Mais tarde ou mais cedo, para Sócrates poder avançar, terá que introduzir rupturas na desalinhada “estrutura” que o acompanha. Só assim não será interrompido.
(publicado no Independente)

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