Agora que Vasco Pulido Valente chegou à blogosfera, está criada - finalmente, diria eu - uma nova "centralidade" (uma palavra altamente recomendada pelo "plano tecnológico") na dita. Estes anos de blogosfera nacional foram intensamente dominados pelo José Pacheco Pereira cuja atenção ao quotidiano político, cultural e "social" - ao dele e ao de alguns outros, extravagantes ou corriqueiros - fez "escola", instituindo-se como uma chamada "referência". Com o fim de um ciclo político - e muita da blogosfera seguia-o ferozmente - chega também ao fim uma "era" do ciclo blogosférico. E, muito naturalmente, talvez Pacheco Pereira - que me parece muito interessado, de novo, no "seu" próprio ciclo político e no do seu partido - abandone o tal papel de "centralidade" de que gozava por aqui. Não faço ideia. A "chegada" de VPV marca uma nova fase nestas aventuras. Eu estou habituado a ele desde, pelo menos, "O país das maravilhas". Nunca imaginei que viesse a ser meu professor em duas cadeiras extravagantes fornecidas ao curso de direito da Universidade Católica, com quatro ou cinco anos de intervalo. Excelentes aulas e excelentes indicações bibliográficas. Provavelmente nunca teria lido Joachim Fest, A.J.P Taylor ou Bullock se não fossem essas aulas e essas indicações. E jamais teria andado pelas livrarias de Londres à procura de "mais" Taylor para ler. Quanto à "política", estamos praticamente conversados. É patente que, descontando o desvelo tardio pela candidatura do dr. Soares - que não pelo homem e pelo político -, eu "sigo" a "linha", imaterial e tantas vezes improvável, de VPV. Como ele, mas a milhas dele, não tenho nada a perder que não tivesse perdido já. Ganhei sobretudo em mau feitio e no desprezo geral que nutro pelas circunstâncias e pelas pessoas "ocorrentes". Num texto com uns anos, VPV escreve sobre os telefones que deixaram de tocar e sobre um mundo que se deita aos nosso pés e que, de manhã, carregamos inexplicavelmente às costas. É por esse mundo que eu tenho andado e do qual dificilmente sairei. E, nele, é bom que pessoas como o VPV e a Constança existam.
Fui informado pelo Manuel que estreia na 2: uma série da HBO chamada Rome. Como o nome indica, passar-se-á nos gloriosos tempos que antecederam o nascimento de Cristo, naquela maravilhosa sociedade pagã em que o excesso era o verosímil. Suetónio deu-nos um bom retrato desses tempos, através das biografias dos "doze Césares", e Gibbon o seu crepúsculo. Vejamos, pois, o que esta "Roma" nos reserva.
Um acaso feliz levou-me a encontrar José Medeiros Ferreira num famoso café perto de sua casa, ao Príncipe Real. Precisamente no mesmo sítio onde, vai para vinte e sete anos, e por causa do "Manifesto Reformador", nos cruzámos. Nessa altura eu tinha todas as ilusões do mundo sobre o “homem” e o “futuro”. Agora não tenho nenhumas. Fiquei satisfeito por permanecermos ambos “reformadores”, um no registo "optimista", o outro no que se pode ler aqui. Ele, do lado “esquerdo” da vida pública, e eu modestamente mais inclinado à “reforma” do encosto “direito” do regime. Sempre admirei em Medeiros Ferreira e na sua intensa actividade política a capacidade de promover uma subtil e permanente aliança entre a reflexão e a acção. O impulso do “terceiro soarismo”, gorado nas urnas, vem daí, mas a história regista outros cujo acerto é hoje indiscutível. Quem sabe se, mesmo este, com o decurso do tempo, não se revelará interessante. O presidente Cavaco prescindirá de ouvir, em determinados contextos, Mário Soares? Mas adiante. Por causa da “justiça”, Medeiros Ferreira recordou-me um “desafio” não correspondido pela Grande Loja – sítio onde a “justiça” faz correr rios de posts – em que, a propósito do papel do Ministério Público, se falava do “recuo do estado acusador”, considerando as posições de alguns sobre o papel da Procuradoria Geral da República no contexto do Estado democrático de direito. E rematámos a conversa da melhor maneira, com Mitterrand, por causa dos cultores da superficialidade política. Escrevia Mitterrand, em "L’ Abeille et L’Architecte", que existe uma classe de políticos com algumas convicções e com muito métier. Apesar das discordâncias dos últimos tempos, arrumadas com a vitória de Cavaco Silva, eu continuo a preferir os homens com convicções e menos métier, mesmo quando concordo ou não concordo com eles. Homens contraditórios e por isso mais densos, como Medeiros Ferreira.
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...