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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

"O DINHEIRO APARECE SEMPRE"

João Gonçalves 22 Nov 05

Com pompa e circunstância, o ministro Mário Lino apresentou a "obra" do regime. Não é a primeira, nem será seguramente a última. Já tinha havido a Expo 98 - uma versão circense de "obra" de regime - e o Euro 2004, a mais descarada apoteose do betão. Lino, muito naturalmente, escudou-se nos "estudos" favoráveis à construção de um novo aeroporto na Ota, da mesma forma que podia ter recorrido a outros tantos desfavoráveis à dita. Desculpou-se com a circunstância de tudo "já vir de trás" o que é, aliás, uma "moda" recorrente nestas ocasiões. Tirando os fãs incondicionais, não vislumbrei grandes entusiasmos. Para a plateia empresarial e dos "negócios", Lino fingiu que a coisa é mesmo importante e indispensável. Os espectadores limitaram-se a fingir - porque lhes convém - que acreditavam. O trivial. A "obra" veio aparentemente para ficar e para durar. Acabará, se for avante, por custar aos contribuintes muito mais do que o estimado nos "estudos" financeiros, como é da praxe. E, em matéria de "impacto ambiental", não hão-de faltar prosélitos dispostos a assinar em baixo. O extraordinário disto tudo são, salvo erro, os quatrocentos milhões de euros que Lino vai "investir" na Portela pré-defunta - nesta perspectiva obreirista -, incluindo a eventual "extensão" do Metro até lá. Haverá porventura nisto tudo uma lógica misteriosa que a minha incredulidade ignorante não deixa entrever. Como dizia outro dia o dr. Mário Soares, reputado especialista em contas, "o dinheiro aparece sempre". Parece que, afinal, tem razão.

A "HONRA NACIONAL" REVISITADA - 2

João Gonçalves 22 Nov 05

Por Sérgio Figueiredo. "Durão Barroso, chefe de Governo português, teve um arranque tão promissor como José Barroso, presidente da Comissão Europeia. Depois murchou. Foi «certinho». Nem cometeu crimes de lesa-pátria, nem deslumbrou. Ou seja, não esteve à altura dos desafios – e isso podemos afirmar com certeza. O que, por fim, nos coloca na derradeira questão: o país beneficiou? Sim, porque não perdeu um grande Governo. Não, se Barroso continuar a presidir a Europa como governou Portugal."

POLÍCIA CONSTITUCIONAL

João Gonçalves 22 Nov 05

Não, não sou eu que o digo. É um dos mais insuspeitos anti-cavaquistas que eu conheço. Porém, diz bem: "cá está a polícia constitucional a dissecar o pseudo-presidencialismo da entrevista de Cavaco Silva ao Público."

A "HUBRIS" SOCIALISTA

João Gonçalves 22 Nov 05

Manuel Alegre, alguém que cultiva um tipo de vaidade diferente da de Soares, decidiu remoer a questão das escolhas presidenciais do PS. E contou a uma rádio a sua versão dos encontros e desencontros que determinaram o avanço final do ex-presidente. No fundo, Alegre veio confirmar o que já se sabia: a imposição da soberana vontade do fundador ao partido por causa de Cavaco Silva. Entre o fundador e Alegre, Sócrates não pôde hesitar. Soares detesta que lhe falem disto e remete sempre para o PS qualquer explicação. O reconhecimento de que se tratou de uma quarta ou quinta escolha, para mais imposta, não cabe manifestamente no seu imenso umbigo. De nada vale, no entanto, a Alegre a tentativa de arranjar por aqui um pretexto "fratricida" que o "vitimize". Sócrates não lhe liga nenhuma. E Soares, a seu tempo, encarregar-se-á de o desfazer. O primeiro-ministro, aliás, terá alguma dificuldade em abandonar os lugares-comuns que tem proferido sobre Soares ou em andar de braço dado com ele pelas ruas. Quando era candidato a secretário-geral do partido, há apenas ano e meio, Sócrates (e bem) teve de responder ao então apoiante de uma candidatura adversária irrelevante, dizendo que "os guardiões do templo da ortodoxia fazem o papel ridiculo de conservadores de um museu que ninguém visita". Sócrates, entretanto, já deve ter aprendido que não se deve cuspir para o ar. A "hubris" socialista, em matéria presidencial, ainda mal começou.

LIMBO

João Gonçalves 22 Nov 05


Há quarenta e dois anos, neste dia, um bonito casal americano, nada convencional, chegava a Dallas. Era a última viagem de John Kennedy. Mais tarde nesse dia, Jacqueline, com o fato saia-e-casaco cor-de-rosa ainda manchado do sangue do seu marido, regressou à capital noutro avião onde Johnson jurou ser fiel ao cargo de presidente dos Estados Unidos. Camelot terminava aí. Gore Vidal, vagamente "aparentado" a Jackie, conta que, uma vez, numa festa onde estava com Tennessee Williams, passou por eles o jovem senador J.F. Kennedy, cuja visão inspirou ao dramaturgo o seguinte comentário: "que belo traseiro!". Noutro texto, Vidal corrobora uma outra pequena "história" ventilada por um agente dos Serviços Secretos que acompanhava Kennedy. Nela, Jack está dentro de uma banheira que usava como terapia para as suas costas doentes, e fazia amor com uma ilustre desconhecida. No momento crucial, pediu à moça para meter a cabeça completamente dentro da água, já que - consta- tal situação provoca determinados espasmos na zona erógena feminina que, por sua vez, aumentam razoavelmente o prazer viril. John Kennedy tinha tudo para ser bem sucedido. Como Oliver Stone fez dizer a Nixon no filme homónimo, JFK representava o que os americanos gostariam de ser, e ele, Nixon, o que eles eram na realidade. Jack era novo, bonito, sexy - como diríamos hoje -, libertino, inteligente e rico. Levou para a Casa Branca o glamour e a alegria trágica da sua vida pessoal - a oficial e a outra - , ao lado de uma jovem e bela primeira-dama, com um par de filhos belos e fotogénicos. Foi o primeiro político a explorar inteligentemente as vantagens da imagem televisiva. Partilhou com os americanos e com o mundo inteiro os seus mil e tal dias de presidência, de tal forma que, depois dos disparos fatais de Dallas, uma sensação de orfandade objectiva percorreu o globo, como nunca antes tinha acontecido. Mesmo as suspeitas de ligações perigosas e corruptas, supostamente alimentadas a partir do pai para a promoção política do promissor herdeiro, nunca chegaram verdadeiramente a manchar a lenda. Como que num limbo, a imagem sorridente de JFK ficou para sempre cristalizada nos milhares de álbuns fotográficos que o imortalizaram. É por isso que nunca o conseguimos imaginar velho.

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