Eu votei em Sócrates e, por isso, tenho o direito a ser exigente. Sobretudo por não pertencer à trituradora partidária que, em devido tempo, o há-de liquidar. O Rui Costa Pinto já disse o essencial. Não esperava - e muito menos depois da "teorização política" da "vítima" efectuada com o sucesso que se conhece por Santana Lopes - que José Sócrates caísse na armadilha de vir falar das suas férias. Não percebo que ele não queira perceber o alcance puramente político da peripécia. Não gostei de o ver falar dele próprio, naquele inconfundível look de "betinho" irritado, a partir de um centro operacional de gestão do combate aos incêndios e das suas devastadoras consequências. Sócrates não se podia esquecer que os principais destinatários daquela arenga eram - e são - as verdadeiras e únicas vítimas. Ele não é seguramente uma delas. Não foi por ter "aparecido" menos de 24 horas depois de ter regressado que Sócrates "apagou" os efeitos da sua ausência "política". Se os seus conselheiros ou o seu gabinete não servem para lhe explicar coisas tão elementares como estas, para que é que eles existem?
Medeiros Ferreira reconhece finalmente que M. Soares está a fazer um frete partidário. E critica-o subtilmente por isso. Ao arrepio do que aquele honesto e persistente militante da recandidatura do "fundador" defende - "uma opção estratégica" de um "fortíssimo candidato progressista" -, o próprio veio esclarecer que não o move propriamente qualquer tipo de "desígnio nacional", muito menos "estratégico", mas antes o meritório propósito de tapar um buraco e de colocar o PS, e o governo, em sentido. Ele até já "ouviu" os governadores civis, o que faz lembrar as "candidaturas" da União Nacional que tanto, e bem, combateu. Enfim, e nas suas palavras, Soares vem para suprir um "vazio". A retórica do "interesse dos portugueses", invocada na SIC Notícias como determinante para avançar para Belém, não passa disso mesmo, de pura retórica. Será que os portugueses têm assim tanto "interesse" nesse passo? Tenho as maiores dúvidas e ainda não vi ninguém estremecer de comoção, salvo meia centena de bonzos da província e o inevitável dr. Vitor Ramalho. Quanto à tese de que não existe mais ninguém no "mercado" para derrotar Cavaco Silva - eis, no seu esplendor, o único "interesse" desta putativa candidatura -, é bem provável que seja verdade. Acontece que, para quem foi galhardamente eleito duas vezes Chefe de Estado, esse "interesse" é demasiado pequenino. Em democracia - em trinta anos de democracia -, já é tempo de acabar com estas patéticas exigências de "pedigree democrático". E muito menos para preencher apenas um "vazio".
Depois de tantos dias, de tantas semanas e tantos meses a ouvir quase só exclusivamente idiotas nacionais e estrangeiros, é reconfortante voltar a escutar Joseph Ratzinger, na versão Bento XVI. O Papa está a partir de hoje na Alemanha para acompanhar a Jornada Mundial da Juventude que decorre em Colónia. Na "mensagem" que preparou em Agosto do ano passado para esta vigésima Jornada, João Paulo II exortou os jovens a não cederem "a falsas ilusões nem a modas efémeras, que muitas vezes deixam um trágico vazio espiritual", bem como a recusarem "as soluções do dinheiro, do consumismo e da violência dissimulada que por vezes os meios de comunicação propõem". E acrescentou que "a adoração do verdadeiro Deus constitui um acto autêntico de resistência contra qualquer forma de idolatria". "Adorai Cristo", escreveu o Papa, "ele é a Rocha sobre a qual deveis construir o vosso futuro e um mundo mais justo e solidário. Jesus é o Príncipe da paz, a fonte de perdão e de reconciliação, que pode irmanar todos os membros da família humana." Citar aqui e agora as palavras de Woytila, que as passou como testemunho ao seu mais próximo e fiel intérprete e sucessor, Bento XVI, é quase uma provocação. Aliás, toda a "justificação" para o que aconteceu em Gólgota - o "mistério" ou o "escândalo" da Cruz - é, em si mesma, uma provocação sobre a qual não devemos cessar de meditar. É por isso que, crentes ou não crentes, encontramos sempre, na palavra do Santo Padre, motivos para prosseguir. Oiçamos, pois, o que Ratzinger tem para dizer aos milhões de peregrinos que se juntam, despreocupadamente e com alegria, em Colónia. E continuemos a experimentar, onde quer que nos encontremos, e como "acto autêntico de resistência", essa extraordinária força espiritual de João Paulo II que jamais nos abandona e a que Bento XVI não só não renuncia como é dela o melhor penhor. "São tantos os nossos contemporâneos que ainda não conhecem o amor de Deus, ou procuram encher o coração com alternativas insignificantes. É urgente, por conseguinte, ser testemunhas do amor contemplado em Cristo. O convite para participar na Jornada Mundial da Juventude é também para vós, queridos amigos que não sois baptizados ou que não vos reconheceis na Igreja. Não é porventura verdade que também vós tendes sede de Absoluto e andais em busca de "algo" que dê significado à vossa existência? Dirigi-vos a Cristo e não sereis desiludidos."
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...