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portugal dos pequeninos

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João Gonçalves 30 Nov 03

CONHECER



por Umberto Eco

Temos muitas vezes que explicar aos jovens por que é que o estudo é útil. É inútil dizer-lhes que é pelo próprio conhecimento, se eles não se importam com o conhecimento. Também não serve de nada dizer às crianças que uma pessoa instruída tem mais possibilidades na vida do que um ignorante, porque eles podem sempre apontar algum génio que, do ponto de vista deles, leva uma vida miserável. E assim a única resposta é que o exercício do conhecimento cria relações, continuidade e ligações emocionais. Ele apresenta-nos a pais para além dos biológicos. Permite-nos viver mais, porque não nos lembramos apenas da nossa própria vida mas também da de outros. Cria um fio inquebrável que vem desde a nossa adolescência (e às vezes da infância) até à actualidade. E tudo isto é muito belo.

In Diário de Notícias, de 30 de Novembro de 2003

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João Gonçalves 30 Nov 03

À ESPERA



Bastaram uns insistentes espirros em massa para que as urgências hospitalares ficassem, de novo, a nu. Quando Filipe Pereira começou, eu acreditei nele. Ao tentar pegar num assunto "redondo", como os hospitais do serviço nacional de saúde, por um ângulo supostamente diferente, o ministro parecia bem encaminhado. Contudo, a criação dos hospitais SA, a bem de uma "melhor gestão" e de uma melhor oferta de serviços aos utentes, acabou por se transformar em mais um episódio de "desorçamentação", tão criticado ao passado recente. Na realidade, e quando se apregoa que, pela primeira vez se reduziu o défice do SNS, conta-se uma história. Qualquer papalvo minimamente informado percebe que, se se tira de um lado, tem de se pagar por outro, e tudo através do mesmo orçamento de Estado. Nos hospitais ditos públicos - que escaparam, por enquanto, à obsessão (falsamente) privatística em curso - e, seguramente, nas "novas" criações, o problema das urgências subsiste e agrava-se. Não se deve isso apenas a uma incorrecta percepção dos cidadãos relativamente aos chamados "cuidados primários" a que não acorrem. Ao lado de tantas insuficiências, também não é feita uma despistagem eficaz, pelos e para os "primários". O SNS tem bons profissionais e equipamentos, mas a sua organização e controlo internos deixam muito a desejar. É mais prático e fácil exibir mapas e ratios muito coloridos e modernos, e que não dizem nada, nem aos utentes, nem aos profissionais de saúde. Às horas de espera nas urgências, ao desamparo falacioso dos quadros electónicos anódinos, junta-se a "lista de espera" nova, a de Filipe Pereira. Ao lado daquela que presumivelmente reduziu, abriu outra. E outras mais se irão abrir. Se há sector em que é preciso confiar, é neste. O experimentalismo de Luis Filipe Pereira tem deixado a confiança como ela nunca poderia estar, à espera.

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