Na foto, devidamente algemado e guardado pelo puritanismo norte-americano como se fosse um perigoso assassino do Bronx, Strauss-Kahn sai do tugúrio onde estava encarcerado à conta de uma alegada agressão sexual a uma camareira de hotel que, pelos vistos, aprecia entrar nos quartos sem bater à porta. Não escondo a minha simpatia por Strauss-Kahn que não se alterará um milímetro em função desta parvoíce que tem tanto a ver com o incutido medo do Outro, devidamente "globalizado" e interiorizado em todo o lado, como com o excelente desempenho profissional do homem. Kahn ficar fora de jogo por um motivo sórdido dá jeito a uma pipa de gente e a uma pipa de massa. O tempo encarregar-se-á de contar a história. Não são os cuzudos cruzados norte-americanos ou uma nódoa na bata da camareira. Gore Vidal conta que nos idos de sessenta, um casal amigo de Cary Grant (um casal heterossexual,
for the matter) veio de férias à Europa com os filhos menores. O homem também era uma figura pública. Na praia, tiraram fotografias aos dois filhotes, nus, à beira-mar. Regressados à pátria, e quando deram as fotos para revelação, o dono da loja, amigo do amigo de Grant (que contou isto a Vidal), telefonou de imediato ao pai das crianças pedindo-lhe que fosse buscar os rolos, caso contrário teria de os entregar à polícia. Isto foi em 1962. Não mudou grande coisa.
Adenda:
«La juge a suivi l'avis du parquet. Les avocats avaient proposé une caution d'un million de dollars mais la juge a dit craindre une tentative de fuite à l'étranger du directeur du FMI.» Para quem não sabe francês, uma juíza norte-americana "receia" que DSK fuja. No mínimo, a França devia chamar o seu embaixador nos EUA para consultas. Nem que fosse para definir "ridículo" em inglês norte-americano.
Adenda2: Realmente, Sarkozy tem tido relações de alguma perplexidade com
potenciais adversários chamados "Dominique".