
Depois de uma entrevista parvinha da Judite de Sousa à ainda muito bonita filha de Marcello Caetano, Ana Maria, a RTP brindou os espectadores com um "documentário" sobre o antigo chefe do Governo. Tratou-se de uma coisa preparada com os pés, com uma edição medíocre e um "guião" escrito, para não ser mal educado, por gente impreparada e arrivista. A geração que não conheceu Caetano, fiocu ligeiramente na mesma ou pior. Retenho uns "momentos" ilustrativos do que digo. Como se isso interessasse para alguma coisa, o documentário referiu a presença do professor no Teatro de São Carlos quando a Callas lá foi cantar, em 1958. Segundo os guionistas, assistiu a uma récita da "Aida", de Verdi. Errado. Foi "La Traviata", do mesmo Verdi, um dado facílimo de obter. Depois, lá mais para diante, chamaram à "Acção Nacional Popular" - o "movimento" do "marcelismo" que substituiu a "União Nacional" -, a "Assembleia Nacional Popular". Finalmente, o período correspondente ao exílio de Caetano no Brasil, até à data da sua morte, em 1980, foi "passado" a correr, sem nenhuma referência à correspondência trocada com amigos durante esse tempo ou a intervenção de alguém que pudesse testemunhar essa época tão pouco evocada. Mesmo que os rapazes fossem maoístas, por causa da "assembleia nacional popular", a televisão pública prestou, com este documentário, um péssimo serviço público. Mais valia terem estado quietos.