
Deus sabe - e alguns amigos também - como sou indiferente ao objecto "automóvel". Tenho o mesmo pequeno carro há dez anos - se quisesse, graças ao mencionado Deus, podia ter um melhor - todavia para o uso que tem, para já, basta. Não invoco o nome de Deus em vão. Acontece que, ao regressar a casa a bordo do meu
Fiat velhinho, parado num semáforo, reparo que ao meu lado está um veículo igual ao da foto (marca
BMW 525 d) conduzido pelo franciscano socialista Vitor Melícias. Devia ir tão fresquinho que até trajava a habitual camisolinha de gola alta que é a sua
griffe. O regime trata bem os seus melhores serventuários. Melícias, provavelmente, ainda preside às Misericórdias e a outras coisas mais que lhe devem dar "o direito" a transportar-se de forma nada franciscana. Não imagino que o veículo seja fruto da renúncia à mundanidade ou ao voto de pobreza dos discípulos do Santo de Assis. Vitor Melícias nunca me impressionou a não ser negativamente. Se ainda restasse um pingo de decoro às instituições, Melícias jamais deveria entrar em Belém enquanto Cavaco lá estivesse. Não me esqueço de uma célebre entrevista em que o confessor de Guterres - sempre este homem fatal pelo meio - afirmou a alegria que sentiu e a vontade que lhe deu de vir para a rua tocar uma pandeireta quando, em 1995, Cavaco saiu pelo seu próprio pé. Por isso, pobreza franciscana, só mesmo na cabeça dos idiotas úteis que o sorridente Melícias consegue convencer.