Passa hoje o primeiro ano do pontificado de Bento XVI. Dir-me-ão que falo demais deste Papa. É bem provável. Gosto de pouca gente e desconfio da natureza humana, como Ratzinger. Talvez por isso o convoque a este blogue tantas vezes. Quando Ratzinger foi escolhido, os "comentários" então produzidos raramente ultrapassaram o patamar da vulgaridade, como se pôde ver num documentário apresentado há pouco pela RTP. Reduzir Ratzinger ao papel de "grande inquisidor" ou a líder espiritual ultra-conservador é uma graçola medíocre e uma leviandade intelectual. Este primeiro ano de pontificado revelou um Papa fiel à tradição da Igreja, seguro nos seus fundamentos e, por consequência, tranquilo no seu diálogo com o mundo "moderno". A encíclica "Deus Caritas Est" é, em letra de forma, a tradução desse propósito. Ratzinger vem em nome da reconciliação da Igreja com o seu próprio "mundo" e com o mundo, não tanto na concepção cosmopolita e "globalizadora" de João Paulo II, mas mediante uma bem madura e pensada estratégia de "pequenos passos". Na homilia que antecedeu o conclave que o elegeu como Sumo Pontífice, Ratzinger afirmou que "estamos a avançar para uma ditadura de relativismo que não reconhece nada como certo e que tem como objectivo central o próprio ego e os próprios desejos". Exigiu uma fé "mais madura" e um combate sem tréguas ao "radicalismo individual" que nos faz "ser criança andando ao sabor de ventos das várias correntes e das várias ideologias". A um ano de distância, nunca Ratzinger teve tanta razão.
Parabéns. É pena que as pessoas nem sequer consigam perceber o alcance das palavras de muitos dos pensadores do nosso tempo, no qual se inclui Bento XVI. Confirma-se pelo tipo de comentários de uma frivolidade e ignorância atroz. Cruz suástica? Então as crianças e os jovens que eram obrigados a integrar a Mocidade Portuguesa no tempo de Salazar são todos fascistas?
Sem querer, nem poder, discutir o pensamento deste Papa(não tenho argumentos para tal), será que pode alguém que gosta de poucos e desconfia da natureza humana ser um condutor e inspirador de almas?
Parece-me que este Papa é realmente um vanguardista. Ele prefere estimular modificações no pensamento e nas mentalidades das pessoas em vez de apelar à exteriorização demagógica e superfícial da fé.
... mas, está muito bem escrito ... de leitura fácil, clara, delicada, precisa, concisa, inteligente ... muito bem fundamentado/documentado – produto de uma vasta “cultura” ... optimo sentido de estética (basta olhar para a serenidade da fotografia escolhida) ... terminando “sempre” com frases “magnificas”, a ponto de eu “as coligir”
... mais um “excepcional post” ... nem mais ... vem pois “corroborar” o que ontem aqui escrevi
obrigada
P.S.: E, depois “tenta” baralhar-nos com o post seguinte, onde insulta a Vida Acredite ... a Vida não é bem aquilo que diz Nessa perspectiva, a dita “depressão” que refere atrás, certamente se instalará E, depois as “insónias”. Que, espero sejam somente as de Ciora ... está tudo dentro de “si”, acredite ... a informação “exterior” é o complemento ... por isso Ratzinger exigiu uma “fé mais madura”
a não ser, isso não deixou marcas na sua personalidade?