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portugal dos pequeninos

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GESTOS QUE NOS ENVERGONHAM

João Gonçalves 23 Set 09


O governo que pretende fazer "avançar" Portugal" exigiu que o nosso embaixador na UNESCO votasse num primata egípcio para director-geral da dita organização. O nosso embaixador recusou o gesto e o governo mandou que avançasse o "número dois" para poder votar como a dupla Sócrates-Amado desejava. Acabou, felizmente, por ganhar uma pessoa civilizada. Os três portugueses envolvidos são todos do PS. Com uma diferença fundamental. Manuel Maria Carrilho demonstrou que ainda há formas de vida inteligente e livre dentro daquilo em que se transformou o PS (o país?) às mãos destes perigosos desalmados sem mundo. E é justamente de políticos como Carrilho que o PS precisará quando forem devolvidos à irrelevância da qual nunca deviam ter saído. Não é de Soares nem de Alegre, essas pobres relíquias agora transformadas em dois patéticos idiotas úteis como se não bastassem os de serviço. Gestos como os do MNE e de Sócrates também estão em escrutínio do próximo domingo. Gestos que, no mínimo, nos envergonham.
Adenda: Pedem-me para retirar o termo primata. Respondo com Bernard Henri-Lévy.

14 comentários

De Anónimo a 23.09.2009 às 03:24

Se você diz "primata egípcio", deveremos nós chamar-lhe, a si, "cavalgadura portuguesa"?

De Manuel Brás a 23.09.2009 às 09:38

Bofetada (...) na hipocrisia socrática:

São políticas rosadas
por terras de fantasias,
de ideias arrevesadas
repletas de hipocrisias.

Tem sido mau demais
para poder ser verdade,
tantas políticas anormais
espessas de publicidade.

A leveza insustentável
de políticas ignorantes,
torna-se insuportável
pelos efeitos delirantes!

De Nuno Nasoni a 23.09.2009 às 09:48

Cá está um "caso" que não interessa nada à comunicação social!

De Mani Pulite a 23.09.2009 às 10:37

O apoio ao fundamentalista egípcio reflecte já também a nova aliança com o Bloco,cujas proveitosas ligações aos islamitas são conhecidas.Donde vem o financiamento real do Bloco?Quem paga a luxuosa campanha?Um verdadeiro Bloco de cimento,pesado e opaco, é aquilo com que iremos apanhar na cabeça no dia 27.9 se não nos precavermos a tempo.Uma versão actualizada : "quem se mete com o PS,leva com o Bloco na cabeça!"

De zé sequeira a 23.09.2009 às 10:59

Não tem a ver com o "post" mas o "post" também tem a ver com isto:

A TSF não se cala com as "escutas", com a parvoíce do Costa e com um gajo com a voz de cana rachada a perorar com coisas de 1928, do tempo do Ministério de Vicente de Freitas. Os homogeneizados da plateia riem e apupam as palavras do Doutor Salazar; Preferem talvez a política de "falsidade". Faça-lhes bom proveito. Quanto à TSF, somos obrigados a compreender, é necessário portarem-se bem: A vida custa a todos e os anunciozitos da EMEL fazem muita falta.

De Anónimo a 23.09.2009 às 10:59

Parece que o egípcio não é tão primata como isso,e até tem tomado posições anti-fundamentalistas,embora carregue com o peso da inconcebivel frase sobre a incineração dos livros hebraicos ne Biblioteca de Alexandria. Claro que a primeira estupidez é egipcia, em ter indicado o homem,apesar do conjunto do currículo,como candidato para estas funções.Mas tambem há quem pense que outros incineradores de livros,quadros e até pessoas cuja raça não lhes agradava,eram afinal gente muito culta e frequentável,mas isso são outras contas de outros rosários...ou talvez não. De qualquer modo,a razão para o nosso apoio ao egípcio não era nenhuma súbita fúria anti-cultural ou anti-humanistica,mas apenas uma comezinha mas usual troca de garantias de votos para assegurar o apoio árabe para a eleições do Conselho de Segurança,em que somos candidatos. Não será muito bonito nem virginal,mas todos em política externa fazem destes cozinhados nem sempre de sublime perfume...

De AAA a 23.09.2009 às 11:58

Não concordo. O Carrilho ocupa aquele cargo como diplomata e deve respeitar as orientações do MNE. SE não concorda com elas deve vir-se embora.
Tinha a sua piada que, a partir de agora, um embaixador passasse a representar-se a ele próprio e não ao país que o coloca lá.

De Manuel Brás a 23.09.2009 às 12:04

Adenda:

Foi ruidosa a bofetada
por razões evidentes,
para gente disparatada
de valores decadentes.

Um gesto de dignidade
justificado pela razão,
com tanta anormalidade
misturada com ilusão.

De Anónimo a 23.09.2009 às 14:47

Em complemento do que escrevi às 10.59 e em resposta ao AAA das 11.58, um esclarecimento tão breve quanto possivel para um assunto complicado. M.M. Carrilho não está no Conselho Executivo da UNESCO enquanto representante de Portugal,mas bàsicamente a título pessoal,como todos os membros do Conselho,eleitos pela Conferência Geral(e não Assembleia Geral) da Organização,de onde emana a sua legitimidade. Resumindo,é Embaixador junto da UNESCO,e aí efectivamente terá de seguir as instruções do seu governo,como todos os Embaixadores,mas não junto dum orgão específico com características particulares. Ãssim a sua posição é compreensivel e aceitável. Esta situação faz recordar o que sucedeu com Maria de Lurdes Pintasilgo após a tomada de posse do Governo de Sá Carneiro,que a impediu de reassumir as suas funções de Embaixadora na Unesco,para o que tinha toda a legitimidade,mas igualmente a impediu de voltar ao seu lugar do Conselho Executivo,para o que já não tinha qualquer razão. A questão acabou por ser dirimida,como agora,com a designação de um substituto. Isto talvez não interesse a muita gente,e está algo simplificado,mas é conveniente que se saiba.

De Do Médio-Oriente e afins a 23.09.2009 às 14:57

IMPÕEM-SE ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE ESTE POST:

Faruq Hosny não é propriamente um primata no sentido em que a palavra foi aqui utilizada.

Pelo contrário, é um homem muito civilizado, pintor de reconhecidos méritos, que exerce desde 1987 o cargo de ministro da Cultura do Egipto.

Deve-se-lhe o grande desenvolvimento da actividade da nova Ópera do Cairo, construída após o incêndio do anterior edifício, mandado erguer por Ismaïl Pacha, a reconstrução e reabertura da Ópera de Alexandria (o Teatro Sayyed Darwich), a criação da Companhia de Bailado (clássico e moderno) da Ópera do Cairo, a criação da Orquestra Nacional, a reabilitação do imenso património do Velho Cairo (desde os Fatimidas), a construção (em curso) do novo Museu Egípcio (para substituir o anterior muito degradado) junto às pirâmides de Gizeh, a criação do novo Museu da Civilização (construção em curso), o apoio às pesquisas sempre em curso relativamente ao Egipto Faraónico, o apoio precioso às actividades da Biblioteca de Alexandria, etc., etc.

Tem assumido posições muito heterodoxas na sociedade egípcia, nomeadamente quando criticou o uso do véu nas mulheres, que considerou coisa retrógrada, o que lhe valeu as críticas mais acerbas dos sectores islamistas.

Proferiu mais recentemente algumas declarações polémicas relativamente aos livros israelitas (não judeus) que desejaria ver queimados nas bibliotecas egípcias. Foram declarações infelizes (não conheço nem o texto nem o contexto em que foram proferidas), pois é condenável tudo o que aluda à queima de livros, sejam eles quais forem.

Acontece que Faruq Hosny é homossexual, condição que é do conhecimento público em todo o Egipto. Por isso, os sectores fundamentalistas não perdem ocasião de o criticar e de pedir a sua demissão. São inúmeras e sistemáticas as referências à sua orientação sexual na imprensa egípcia, umas veladas, outras claras e só a protecção do presidente Mubaraq (e de sua mulher Suzanne)o tem segurado no lugar.

Admito, assim, que por vezes possa emitir alguns juízos menos serenos na tentativa de dar satisfação aos seus mais ferozes inimigos. Consta-me, aliás, que se retratou das infelizes declarações que proferiu.

Confesso que também não percebo a posição de Carrilho. Em primeiro lugar as votações para estes lugares são decisão governamental e não compete ao embaixador ter estados de alma. Depois, sendo Carrilho um homem inteligente, ou quis fazer um número, ou então ignora quem é Faruq Hosny, o que não me causa admiração, já que a cultura de Carrilho se alicerça fundamentalmente na Herança Ocidental.

Gostaria que o autor do post corrigisse a designação que atribuiu a uma figura tão estimável e que tanto tem contribuído para a elevação do nível cultural dos egípcios e para a salvaguarda do património egípcio e mundial.

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