Sempre que há uma catástrofe, surgem alguns iluminados com o
discurso da regeneração. Que não há nada melhor para que um país, uma cidade ou até mesmo, julgo, uma família que uma desgraça colossal, a ver se todos acordam. Claro que isto é um racionalismo que deveria ter cuidado com o excesso de peso, devido ao facto de estar demasiado tempo recostado no sofá e apenas dar mostras de movimento quando se choca durante os trinta segundos da notícia catastrófica. Não me quero apresentar como moralista: eu nunca, felizmente, vi directamente os estragos de uma catástrofe, natural ou outra. Mas a verdade é que este discurso é absurdo «a mais», digamos assim. É preciso demasiado cinismo para que se olhe para um desastre que ceifa centenas de milhar de vidas com os embaciados olhos de quem só pensa no «desenvolvimento», no «crescimento» e no «progresso». Pergunte-se aos haitianos o que preferiam eles, se um progresso tremendo devido ao terramoto, com um grau de certeza bastante discutível, ou nenhum terramoto
at all. Eles responderiam nos termos correctos, quer me parecer.
post inspirado numa conversa com o Hélder, no twitter.tmr
para os socialismos teriam de ser paralíticos dos 4 membros