Pacheco Pereira é inequivocamente um espírito livre. E erudito, seja lá o que isso for. Ora até por aí,
esta pequena prosa assenta-lhe mal. A menos que pretenda assumir uma espécie de não lugar de um novo tipo de "intelectual orgânico": aquele cujo qualificativo "orgânico" diz respeito ao próprio corpo, a si próprio, de ser único entre os seres únicos. Se não se cuida acaba a tropeçar nele de tanto dele ter pela frente, por trás e pelos lados. Pacheco rodeado de Pacheco como uma ilha por água deve ser coisa horrível de se contemplar. Não entre tão depressa nessa noite escura.
Adenda: Apenas três observações a um anónimo que afirma que eu não tenho "categoria" para falar de Pacheco. A primeira, e óbvia, não possuo uma "biografia" comparável e sempre considerei estimulante o seu pensamento mesmo quando não estou com ele. A segunda, que decorre da primeira, foi Pacheco quem apresentou o meu primeiro livro como única escolha. A terceira é que a junção da primeira com a segunda evidencia dois homens livres, livres sobretudo na crítica a começar pela mútua. Percebo que num país de lambedores profissionais isto custe a entrar. Paciência.
Adenda2: No artigo do
Público de sábado, um dos "alvos" de Pacheco - porque o pano de fundo é sempre o mesmo, sejam quais forem os protagonistas, i.e., aquele famoso abraço dado a António Costa no Chiado aquando das autárquicas de 2009 deve ter tido um obscuro poder taumatúrgico - é António José Seguro, cito, uma «inexistência». Pacheco não nos trata por "tu" como António Barreto. É mais o "vocês, súcias". Ainda acaba a dizer, como a minha padeira, que "os políticos são todos iguais".
dizia o cego