
No espaço de pouquíssimas semanas, Cavaco Silva, pela pena de Vasco Pulido Valente - e, presumivelmente, sempre com a mesma vassoura engolida - já teve várias encarnações. Começou por, «na ausência de uma oposição, tem ele de substituir a oposição. Portugal inteiro espera isso dele. E, depois, quando Sócrates cair, como cairá, na execração geral e ele, Cavaco, reeleito, reentrar em Belém, se tratará de pôr a casa em ordem.» Depois continuou. «Na balbúrdia estabelecida, há uma única personagem em quem até certo ponto os portugueses confiam: Cavaco. Manuel Alegre não se enganou. A opinião, essa opinião que as sondagens nunca reflectem, é marcadamente antiparlamentarista e antipartidária. No que ele se engana é em atribuir esta perversidade só à direita. Ele mesmo, com a sua independência do PS e as suas relações com o PC e o Bloco, prova o contrário. A candidatura que anunciou no Algarve não é uma candidatura da esquerda, é uma candidatura acima da esquerda, a candidatura da gente desiludida com os partidos, que procura uma nova solução, ou seja, como a de Cavaco, com uma lógica presidencialista.» Muito bem. Todavia, hoje, Pulido Valente, presumivelmente num acesso soarista-parlamentarista, teme que o mesmo Cavaco das notas anteriores «reúna os poderes fundamentais da República» e sugere que Alegre (o mesmo Alegre das notas anteriores) "congregará" os bonzos «contra qualquer veleidade de estabelecer uma autoridade que materialmente altera a Constituição do regime.» Só estranho que VPV não tivesse mencionado, também a título de benemérito anti-congregacionista contra Cavaco, o candidato oficial do PS a Belém. O guião das cerimónias do banqueiro Santos Silva até foi alterado para ele poder falar no palanque.
eh, eh, eh, bem podemos esperar sentados que ela, ou
Paulo Rangel, já agora, alguma vez denunciem este despesismo inutil.