Alguns "vultos" da nação - um deles, o que vem à cabeça da coisa, Adriano Moreira, já é "vulto" desde os tempos do Doutor Salazar - sugerem, pela enésima vez, um "compromisso nacional". Porque algumas pessoas que estimo profundamente também assinam o pastelão, vou tentar ser moderado em resposta directa ao apelo do "compromisso". Em primeiro lugar, muitas destas pessoas são o rosto deste regime, fora ou dentro dos partidos do mesmo. Algumas foram especialmente coniventes,
ora pela palavra, ora pelo pesado silêncio, com a sobrevivência política de Sócrates depois de se tornar óbvio, até para deficientes profundos, que o homem
é um problema ambulante e perigoso. Depois, o apelo dos "vultos" corresponde a um chorrilho de lugares-comuns (que qualquer defunto presidente da ex- Câmara Corporativa subscreveria) destinado, não a incentivar o conflito (que é o único adequado à fisiologia democrática) e a ruptura institucional (como fez o Manifesto Reformador de 1979), mas a exibir um falso
status quo de meninos bem comportados perante os prestamistas que vêm tomar conta disto por uns tempos. E, sobretudo, para assegurar que o
status quo que nos conduziu até aqui (com as suas figurinhas de operata dentro e fora dos partidos, dos negócios e das capelas) persista depois do eventual alívio. Os "vultos", na sua
gravitas patética, não entendem que é também de muitos deles que o país está farto. Da sua prosápia estéril, da sua complacência, das suas exaltações e indignações estudadas ao milímetro, do seu oportunismo mediático, do seu embotamento nulo. O grosso dos "vultos" revela a comissão de honra dos 37 anos deste regime e parte da do anterior. É, sem dúvida, um belíssimo despontar do futuro.
Adenda: Mais curto, incisivo e realista do que este penoso "apelo" publicado no
Expresso, é o
artigo semanal de Medeiros Ferreira (que daria um excelente candidato presidencial reformador porque, desde cedo, defende a evolução do regime e nunca se comprometeu excessivamente com ele) no
CM. «A grande questão para o futuro não é tanto o jogo do empurra para saber quem teve culpa desta queda internacional do Estado, mas como conseguir gerir e ultrapassar esta situação lamentável para a qual fomos conduzidos nesta primeira década do século XXI. Convém acautelar as melhores condições negociais com a troika que aí vem: Comissão, BCE, FMI. A promessa de Budapeste – que ironia! – cifrada em 80 mil milhões de euros não nos deve fazer esquecer que sem uma conferência financeira internacional a epidemia bancária prosseguirá. E que tudo pode acabar mal.»
E o bochechudo? Quase 90!
E os outros? Chega de caruncho.
O dito cujo ranhoso ten que ser corrido: desígnio nacional. É como catar o piolho principal! Ou extrair a carraça mais agarrada, correr com o dito cujo é o caminho!
PC