
Marcelo é um grande comunicador, o que não quer dizer que tudo o que "comunica" seja bebível como cálices macios de vinho do Porto. Imagino, por isso, que possa ser estimulante como professor, tanto quanto o direito permite algum estímulo. Na sua última divagação directamente da Alemanha - a televisão pública ainda um dia nos terá de esclarecer sobre o custo da demente "operação Mundial" -, Marcelo falou dos exames de português e de matemática daqueles que, presumivelmente, aspiram a encher as nossas universidades. E chamou a atenção para uma coisa importante. A iliteracia profunda das nossas camadas mais jovens, impede que entendam, muitas das vezes, o que se lhes pergunta. A partir daí, dá-se uma espécie de "choque anti-intelecto" em cadeia. Quem não domina a língua, não domina nada. Os poucos que possuem algum discernimento oportunista, usam a memorização selectiva e, a final, não sobra um vestígio de coisa alguma nas suas nefandas cabeças. Por consequência, as universidades, ou os lugares que passam por tal, "vomitam" todos os anos cá para fora milhares de analfabetos funcionais, gente que não sabe de onde vem nem para onde vai, desprovida de um pingo de sofisticação, de cultura e de "história". As meninas, para além de mostrarem o umbigo, pouco mais têm a revelar. "Marronas", conseguem "elevar-se" em relação à maioria dos rapazes cuja capacidade intelectual faria corar de vergonha o mais ignorante dos mancebos da Grécia antiga. No caso de muitas delas, a cabeça serve para ser ornamentada e, no deles, para "pensar" nelas que os "ornamentam" sem pestanejar. Sócrates explicava que não valia a pena viver uma vida que ficasse por examinar, por "perceber". Duvido - para não dizer que tenho a certeza - que esta gente, que não consegue sequer entender o que se lhes pergunta, possa, um dia, vir a constituir a "salvação da pátria". Por mim, prefiro que a pátria me salve deles.
Mas eles foram 'feitos' por nós.
Não desejámos nós que eles fossem melhores do que nós?