Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

«Salazar, num momento de particular malevolência, observou que era tanto o amor dos portugueses pela democracia que, sempre que surgia um sarilho (por exemplo, uma crise financeira), nunca deixavam de exigir um governo “nacional”: ou superpartidário ou extrapartidário ou, pelo menos, de “concentração partidária”. Foi isso que exactamente fizeram ontem 47 luminárias da nossa praça, que numa linguagem mais moderada (ou mais disfarçada), como convém à época, apelaram ao compromisso, à concórdia e à mansidão dos portugueses, para que uma “maioria inequívoca” pudesse tranquilamente salvar Portugal. Estes grandes vultos vão de Adriano Moreira a Jorge Sampaio, de Artur Santos Silva a Eduardo Lourenço e de Freitas do Amaral a Mário Soares. Não falta por onde escolher. Entretanto, o político mais “desagarrado” do poder (desculpem a palavra) ia a Matosinhos tratar da sua periclitante situação. “O PS está todo comigo?”, perguntou ele. O PS estava fervorosamente, absurdamente, histericamente com ele. Este jornal classificou a coisa como “um extraordinário momento de propaganda”; e com razão. Não me lembro de ouvir nenhum primeiro-ministro pedir com tanto descaro num congresso a confiança pessoal, que Sócrates pediu. Ou, se por acaso me lembro, é melhor não infectar a ferida. De qualquer maneira, se o PS gosta de um autocrata, nada o impede legalmente de escolher um. Ainda por cima, aquele que tem uma máquina de campanha organizada e perfeitamente ensaiada e uma estratégia eleitoral que, talvez seja fraudulenta, mas parece eficaz. Claro que a um observador racional não custa ver a solução evidente para a terrível crise, que atormenta os 47 advogados do compromisso: uma coligação entre o PSD e o CDS, com listas conjuntas. Por um lado, há razões para desconfiar que, dividida, a direita (ou se quiserem a direita e o centro-direita) não irá conseguir a maioria absoluta e produzirá um parlamento tão instável e estéril como o último. E, por outro, subestimar Sócrates, que voltou ao seu velho papel de “animal feroz”, não é muito sensato. Uma forte e sólida aliança entre o CDS e o PSD estabeleceria uma certa confiança e ordem no Estado e no país, sem derivações suspeitas das regras da democracia e o conúbio torpe de gente que do coração se detesta. Pedro Passos Coelho precisa de perceber isto enquanto é tempo; e parar de uma vez com o joguinho interno em que se perde e nos perde.»

Vasco Pulido Valente, Público

16 comentários

De Anónimo a 10.04.2011 às 16:42

Depois de ter sido noticiado que Fernando Nobre, sem nunca ter sido deputado (mas depois de apoiar tudo e o seu contrário) é o cabeça-de-lista do PSD por Lisboa e ainda por cima candidato a Presidente da AR (vai ter de tirar a correr um curso das Novas Oportunidades) claramente se percebe que vale tudo na caça ao voto.

por mim, lá terei de votar nulo, outra vez.

De Mário Abrantes a 10.04.2011 às 16:46

O congresso do PS foi um momento de absoluto vómito, onde a pequenez foi rainha. Haverá forma de pedir para não pertencer ao mesmo país desta gente?

De Mani Pulite a 10.04.2011 às 16:58

CONTRA OS ALIENADOS DE MATOSINHOS E A BRIGADA DA FERRUGEM A ESCOLHA DE FERNANDO NOBRE É MAIS DO QUE ACERTADA.

De Anónimo a 10.04.2011 às 17:14

Mas, para quê esta cena das listas? Se for para ganhar "à rasca" (esta expressão horrorosa, passou a ser "cool"), não vale a pena... Tem que ser "landslide" (com afundamento do incrível peiésse) e, para isso, têm que ir separados. Esta gentinha que opte... Eu ainda não decidi, mas é por um deles.

PC

De Anónimo a 10.04.2011 às 17:44

Quoque Tu, Vasco ? Então o articulista, também justamente pertencente ao escol das luminárias nacionais tugas, para repudiar o desejo fremente dos outros grandes vultos da nação, sugere o quê ? Uma coligação partidária ... Ó pobres almas lusitanas, há 900 anos c(u)ligadas com a branda mansidão mental ...

De Anónimo a 10.04.2011 às 18:21

Ganhei o dia: assim penso também, sobre todos os pontos. Até tinha pensado em Salazar - e de como agora me parecem explicadas as adesões que teve - e nesta solução insólita e medrosa dos 47.

De Anónimo a 10.04.2011 às 18:43

Caríssimo João Gonçalves:

http://www.youtube.com/watch?v=dQPI6Z1aZY0

E agora?

Rita

De Hermitage a 10.04.2011 às 19:04

ATÉ UM DIA, MEU PAÍS...

Pôr o Nobre a Presidente da Assembleia da República, não lembrava ao diabo e é um tiro no pé do PSD, que vão pagar caro.

Faz lembrar a Pintassilgo, Deus a tenha.

Quem é o Homem, politicamente?

Que defende para além das vulgaridades que disse em campanha, baseado numa missão que não se julgava servir para presidenciais, andando pelo País a abrir núcleos que se anunciavam meses antes para alargar a AMI e que, meses depois, serviram para a campanha?

Como pode haver promessas de Presidências, sem que os pares parlamentares sejam conhecidos e ouvidos, depois de eleitos?

Este tipo foi adversário e opositor de Cavaco. Como pode o PSD lançar quem vem de ser derrotado por Cavaco, depois de projectado por Soares?

Teve votos? Então que vá de novo a votos, reconfirme para o parlamento sózinho, sem ajudas nem prebendas saloias...

Diz que foi difícil aceitar o convite e que se mantém independente. Então espere por circulos uninominais e depois expire o ipiranga da autonomia. Agora no carrinho de quem vai ganhar as eleições?

Este xico-espertismo do PSD/PPC é muito parecido com o de Nogueira quando foi buscar o VPValente, aprovou legislação moralizadora dos costumes políticos e saiu-lhe o tiro pela culatra, e foi trabalhar o BCP do Jardim Gonçalves.

Ou o Santana quando levou o Partido da Terra, para animar ainda mais a comicidade parlamentar e foi remetido para comentador marcelino.

Esta decisão do PPCoelho é parola, imatura, oportunista.

Parola, porque agrada parolisticamente a um suposto "referencial"...

Imatura, porque ainda que admitida, olham-se os pratos da balança, e é um negócio da china para o dito...

Oportunista, porque devia ser ele e não o PSD a pedir a oportunidade.

Podem vir a ganhar as eleições mas como manifestação de segurança política e estratégica é de fugir.

PPCoelho e a sua entourage tem ali qualquer coisa que não bate bem. Deus queira que o Povo não aprofunde...há ali qualquer coisa de relvas, de marcos, demasiado apressado e arrivista...

Em vez de se mostrarem estadistas de projecto, chamarem o CDS e fazerem listas conjuntas e lançar no País um reforço de projecto alargado, andam a perder tempo com nobres de "decisões difíceis".

Com decisões destas a regeneração vai continuar adiada.

Depois de um louco na negação durante anos, sai-nos um porreirinho a consolar nobres...

Até amanhã, até um dia destes, meu País...

De JMMJ a 10.04.2011 às 19:22

SE NÃO FÔR POR ALGUMA INTERVENÇÃO SOBRENATURAL,COM PASSOS COELHO ESTAMOS TODOS ARRUMADOS.
NÃO É MAIS DO QUE UM COLEGIAL RETARDADO,DE RESTO COMO MUITO BEM O TEM DEMONSTRADO NAS SUAS HILARIANTES PROPOSTAS E ZIG-ZAGUES,DESDE QUE FOI ELEITO.
A ISTO ESTÁ REDUZIDO PORTUGAL!

De joshua a 10.04.2011 às 19:25

Também me pareceria sensatíssisma essa coligação prévia.

Comentar post

Pág. 1/2

Pesquisar

Pesquisar no Blog

Últimos comentários

  • João Gonçalves

    Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...

  • s o s

    obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...

  • Anónimo

    Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...

  • Felgueiras

    Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...

  • Octávio dos Santos

    Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...

Os livros

Sobre o autor

foto do autor