Chego a casa, vindo da
TV Net, e dou com a D. Fátima a debater a forma do regime. Independentemente da qualidade intelectual de António Reis,
Medeiros Ferreira, Teixeira Pinto e Ribeiro Telles, importa repetir o óbvio da história. Não foi nenhum republicano desvairado quem varreu definitivamente a hipótese monárquica. Foi Salazar. Salazar achava que a monarquia era uma instituição e não propriamente um regime. Por isso preferiu "roubar" a instituição, dissolvendo-a no regime. Defensor de que não valia a pena a nação dividir-se por causa do que não interessava - como hoje, aliás, não vale - Salazar meteu a "instituição" no bolso. E aqui ao lado - como recordou M. Ferreira - foi o "republicano" Franco que, na solidão do seu gabinete, designou pessoalmente Juan Carlos como seu sucessor, ignorando o respectivo paizinho. A "sucessão dinástica" não foi para aqui chamada para coisa alguma. Os monárquicos têm a mania que são mais "patriotas" do que os republicanos. Não são nem deixam de ser. Esquecem-se, todavia, que, por cá, a "teoria da sucessão dinástica", levada às últimas consequências pelo tio Filipe de D. Sebastião, privou o país da soberania na ordem externa entre 1580 e 1640. Pela circunstância de a I República ter sido uma ditadura medíocre, da II ter sido outra ditadura de género diverso e de a III ser esta "coisa em forma de assim", tal não torna a forma republicana do regime má em si mesma. Discuti-la agora é pura perda de tempo.
Quando chegar esse tempo -- será a altura de discutir o assunto sem perda de tempo.