
Gosto muito do Pacheco Pereira. Sempre considerei o seu testemunho estimulante. Por isso custa-me vê-lo neste registo banalão, de pseudo-salvação nacional que encontramos nos sensaborões políticos de todos os partidos, os "zés-sempre-em-pé" que circulam do poder para a economia do poder (fundações, bancos, empresas públicas, etc., etc.) e da economia do poder para o poder por causa das intermitências eleitorais. As elites que Pacheco defende - mais velhas ou mais novas como o repelente Costa com quem partilha tribuna televisiva - através deste registo anódino («
É que a questão central dos nossos dias portugueses, de infelicidade, perda e mágoa, não é a reivindicação nem a "luta", mas a possibilidade de haver acordos consistentes, duradouros, para além do cálculo partidário imediato, centrados nos problemas económico-financeiros cruciais que enfrentamos. E não há razões de fundo para que PS, PSD e CDS não os possam fazer, nem diferenças ideológicas tão vastas que os impeçam. É que, meus amigos, é como se estivéssemos em guerra.», in Público), estão exauridas. Só andam por aí porque, trivialmente, ainda não morreram apesar de a maioria consistir em mortos-vivos que aguardam a entrada em funções. Pacheco, ao "anunciar" a guerra, lembra o protagonista de
A Cartuxa de Parma, Frabrizio del Dongo, logo no princípio do romance, perdido e dividido no meio do combate de Waterloo. Oxalá se encontre.
Adenda: «
Voltou-se ao PREC.» Não seja patético, Zé.