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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

As palavras e as coisas

João Gonçalves 9 Mai 15

 

Aquando do debate televisivo entre a saudosa Maria de Lurdes Pintasilgo e Mário Soares, antes da primeira volta das presidenciais de 1986, Pintasilgo desatou a dada altura a debitar "harmonias sociais" sem tom nem som como aquelas que António Nóvoa, 30 anos depois, aprecia igualmente debitar. Soares, com rara delicadeza, explicou-lhe que, por aquele caminho e se ela porventura fosse eleita, não sobraria um castiçal em Portugal. No fundo, Henrique Neto nesta entrevista ao Observador, tira praticamente a mesma conclusão de Soares em 1986: «O discurso do prof. Nóvoa é um discurso que reflecte o currículo dele, a sua vida, o seu passado. É um discurso um pouco lírico, um pouco poético. Nesse plano inquestionavelmente bonito, mas que não se confronta com a realidade dos problemas nacionais. É um discurso feito de palavras, mas discursos de palavras o país já tem anos – o país precisa de acção. Um especialista da palavra não é o que o país precisa neste momento.»

Limpar a casa

João Gonçalves 6 Mai 15

«Em ano de eleições a questão é saber se temos no horizonte personalidades políticas com a experiência, a coragem e a ausência de compromissos partidários ou económicos para fazer as mudanças necessárias no sentido de limpar a casa e fornecer os recursos exigidos pela justiça para que esta faça o que lhe compete sem deixar dúvidas acerca da intervenção, activa ou passiva, do poder político. E temos assistido a demasiados silêncios partidários para podermos acreditar que isso aconteça. De facto, não é de esperar que quem foi parte do problema, ou esteve calado durante todos estes anos, possa agora ser parte da solução. Por isso é essencial que nas campanhas eleitorais deste e do próximo ano os portugueses se pronunciem de forma clara sobre estas questões – questões centrais numa democracia feita de valores e de gente honrada, questões que não podem ser iludidas uma vez mais. E que escolham novos interlocutores com o currículo, a coragem e a determinação que a tragédia portuguesa justifica, porque enfrentamos desafios que não se resolvem com discursos ideológicos ou líricos, mas com uma acção experiente e determinada.»

 

Henrique Neto

Um acto inaceitável

João Gonçalves 14 Abr 15

 Fico satisfeito por ver que Henrique Neto - menos preocupado com capas de jornais ou em fazer de "emplastro" de outros e mais atento ao que deve realmente interessar ao país - reparou neste dislate aprovado praticamente à socapa, numa sexta-feira, pela maioria parlamentar com a abstenção do PS. «O candidato presidencial disse “lamentar a recente aprovação no Parlamento (do acordo sobre o Tribunal Unificado de Patentes) por colocar em causa a dignidade da língua portuguesa», considerando que «se está a desvalorizar o facto de “a língua portuguesa ser a 3ª língua global, a 3ª língua do Ocidente e a 4ª língua mais falada no mundo”. Trata-se “de um acto inaceitável, porque vem acentuar a periferização de Portugal, quando o momento exige justamente que se trabalhe com afinco no sentido contrário”. "Portugal não pode aceitar uma tal decisão”, salientou Henrique Neto, certo que se trata de algo “incompreensível”.» Finalmente «o Presidente da República deveria pronunciar-se com clareza sobre este acordo, exigindo a reconsideração das posições dos partidos políticos responsáveis pela sua aprovação.»

 

Fonte: Notícias ao Minuto

Unir os portugueses

João Gonçalves 8 Abr 15

«Ao iniciar esta caminhada em direcção à Presidência da República, aquilo que me move é essencialmente servir o meu País da melhor forma que posso e sei, o que é indissociável do debate de ideias, com o objectivo de encontrar soluções para os grandes desafios que temos pela frente: unir os portugueses, criar empregos, fomentar o crescimento económico, pagar a dívida, reformar o sistema político, promover a continuidade e a estabilidade das políticas públicas. Em resumo, criar as condições necessárias para melhorar a vida dos portugueses. Venho em paz, porque estou certo que nenhum destes objectivos será facilitado por um clima de confrontação e de guerra permanente entre ideologias, partidos e agentes políticos. Não pretendo nenhuma ruptura na nossa democracia. Antes, quero evitar que ela ocorra entre os portugueses e o sistema político, como está em desenvolvimento noutros países, mas para que isso aconteça o sistema político vai ter que mudar o seu funcionamento colocando os cidadãos no centro das preocupações da política, e dando-lhes mais capacidade para exercer um escrutínio reforçado sobre a escolha dos seus representantes e sobre a sua actuação. Pela minha parte, o debate será baseado em convicções, muitas delas adquiridas na minha experiência de operário, técnico industrial, gestor e empresário, bem como o resultado de inúmeras viagens que fiz por todo o mundo e dos contactos internacionais a que tive acesso. Alguma coisa terá também resultado das leituras e do estudo, que os muitos anos de vida sempre proporcionam. Portanto, serão essencialmente ideias e convicções o que apresentarei aos eleitores, para ouvir a avaliação que sobre elas é feita por todos os sectores da vida nacional e de forma tão rigorosa e pedagógica quanto o engenho nos permita (...). É importante melhorar a nossa capacidade de previsão e saber antecipar as transformações necessárias, seja nos planos social e económico, seja na ciência e nas tecnologias. Temos também de mudar os comportamentos e passar a ser mais rigorosos, chegar a horas aos nossos compromissos e deixar de fugir às dificuldades e ao debate sobre as formas de as vencer. Finalmente, não me digam que a Presidência da República não tem poderes para ser um catalisador de mudanças nos comportamentos e nas políticas destinadas a ajudar os portugueses a vencer a crise e a criar uma Nação onde valha a pena viver e legar com orgulho aos nossos filhos. O verdadeiro poder está em nós, na força das nossas convicções e na criatividade que nos foi legada por gerações de outros portugueses.»

 

Henrique Neto, in Diário Económico

 

Responder a um regime doente e incapaz

João Gonçalves 1 Abr 15

 

Ao contrário da maior parte da opinião que se publica julgo que as próximas eleições legislativas não serão decisivas. Sê-lo-ão no sentido estrito do cumprimento do calendário fixado pelo Senhor Presidente da República em entrevista recente. Mas, pelo andar das diferentes carruagens, tudo indica que novo acto eleitoral legislativo acabará por ser convocado em 2016. Os principais concorrentes - a coligação inexplicavelmente por formalizar e o precário Partido Socialista do dr. António Costa - surgem aos olhos do país desprovidos de quaisquer desígnios de futuro. Parecem velhas comadres aborrecidas com o que lhes vai acontecendo sem conseguirem entender, ou fazer um esforço por entender, o que se passa à sua volta. Quaisquer programas a apresentar serão sempre mais fruto de ressentimentos do passado e dos passivos respectivos do que de uma ambição federadora susceptível de recolher apoio popular maioritário. As sondagens revelam esse desmerecimento quando aproximam a "situação" da "oposição" ou quando deixam uns e outros longe de tentações absolutistas demagógicas. Todavia, nada do que começou a acontecer lá fora, sensivelmente há oito anos, é alheio às circunstâncias domésticas. Só que estas agravaram o mal geral muito por causa da impreparação imobilista das nossas elites: nos partidos, nas empresas, nos sindicatos, no sistema financeiro, nas instituições democráticas. Um regime doente e incapaz não "passa" bem em eleições. Talvez por isso as presidenciais alcancem um outro interesse se assentarem em princípios, num desígnio e numa vontade desprovida de calculismos tagarelas ou enredada em jogos medíocres de oportunidade. É o que, julgo, representa a boa surpresa da candidatura nacional de Henrique Neto.

 

Jornal de Notícias

Porque não?

João Gonçalves 27 Mar 15

 

«Costa podia talvez mostrar alguma curiosidade pelos motivos que levaram um homem de 78 anos, modesto e com uma excepcional carreira na indústria, a sair da sombra. Infelizmente, Costa não se interessa por essas bagatelas. Só que, posto de parte cavalheiramente este fantasma da Marinha Grande, ficam algumas perguntas, que merecem resposta. Será, por exemplo, que, a benefício de uma amnésia incurável e total, Costa já esqueceu o que foram os bons tempos de António Guterres: a indecisão diária, a desordem no Governo, a ausência de autoridade, o populismo intermitente de um primeiro-ministro católico? A sério que gostava de ver esse melancólico espectáculo repetido em Belém? Ou prefere Vitorino, o advogado de negócios, que nunca abriu a boca sobre o estado, o destino e o caminho de Portugal? Ou a invenção de Soares, que dá pelo nome de António Nóvoa, e que não se recomenda por mais do que uma oratória com um século de atraso e uma vacuidade absoluta? Esses não são bobos, nem Grillos, nem indiferentes? A direita não comentou a candidatura de Henrique Neto. Por motivos tácticos mais do que óbvios, mas também porque evidentemente não se sente segura. Durão Barroso, eleito pelos portugueses para primeiro-ministro, arranjou na “Europa” um emprego melhor. Marcelo Rebelo de Sousa é um comentador (exclusivamente preocupado com a “apresentação” das políticas) a quem, ao fim de 30 anos de televisão, não se conhece uma convicção, um princípio, um objectivo. Rui Rio, fora a importância que ele a si mesmo se atribui, é uma personagem secundária do Porto. E Santana Lopes continua heroicamente Santana Lopes. No meio disto, desta pobreza e desta inconsciência, porque não a extravagância de Henrique Neto?»

 

Vasco Pulido Valente, Público

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