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"Os tempos são ligeiros e nós pesados porque nos sobram recordações". Agustina Bessa-Luís
João Gonçalves 7 Nov 13
A vírgula do título separa a percentagem reservada para a Cultura, no orçamento de Estado para 2014, da unidade. O "qualquer coisa" é uma imagem política sugerida pelo senhor primeiro-ministro a propósito do pós-troika de Junho do mesmo ano, "programa cautelar" ou "qualquer coisa". Tudo entrou subitamente neste registo imaterial da "qualquer coisa". A pessoa que está sentada provisoriamente na Ajuda bem se esforçou: «vamos fazer um esforço para garantir que a missão de serviço público não será afectada.» Cá está, "fazer um esforço"."Qualquer coisa". E acrescentou: "tal como as outras áreas, a cultura não está fora das dificuldades financeiras. Este não é o orçamento que queríamos, nem o desejável, mas o possível." Ou seja, qualquer coisinha. Porquê? Porque a Cultura de há muito que foi aprisionada pela mercearia e pela falaciosa "gestão flexível" que é a declinação politicamente correcta para limitar cada vez mais o papel do Estado relativamente às suas responsabilidades (ou co-responsabilidades) em matéria de equipamentos culturais, de preservação patrimonial material e imaterial e de calibragem sensata dos apoios às chamadas artes performativas. Vamos praticamente em treze anos disto. Nos últimos, então, o "financês" demonizou tudo, e as quatro horas e meia que o responsável político pela Cultura passou no parlamento são a demonstração disso mesmo, da sua concludente impotência política e da ausência de um desígnio. Como escreve Manuel Maria Carrilho, «alimenta-se um permanente fetichismo dos números, como se em cada centésima se decidisse o destino do mundo, um fetichismo mágico que aparece como a única base de uma cada vez mais pobre compreensão da sociedade e do mundo. Precisamos de lentes novas que olhem em primeiro lugar para o bem da sociedade e para o bem comum, e depois mobilizem todas as disciplinas e saberes disponíveis (entre os quais estará, claro, a economia) como instrumentos dos objectivos a atingir. Precisamos de lentes novas que permitam compreender que, em si, o mercado é na verdade indiferente à justiça, à igualdade ou ao progresso, que o que determina tudo é a política - isto é, a vontade expressa dos cidadãos -, que tem sempre de o enquadrar e regulamentar.» Sem a Cultura no coração da política não vamos, como de qualquer forma não iremos, a lado algum.
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...