Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

O "mártir" e os "riscos"

João Gonçalves 2 Out 13

 

De manhã, na rádio pública, ouço os ecos do conselho nacional do PSD. Ninguém diria que o referido partido acabara de sofrer a sua maior derrota autárquica de sempre. Pelo contrário, segundo percebi, o seu presidente passou pelos resultados como cão por vinha vindimada porque, sic, não tem "vocação para mártir". E foi de imediato para o seu estimado "rumo" do "sucesso". A economia cresce a olhos vistos, as negociações com a troika estão muito bem encaminhadas e, apesar de lhe ter fugido de novo a boca para o termo "segundo resgate", jurou pela sua não concretização. A menos, acrescentou, que os "riscos constitucionais" impeçam este caminho de glória e de salvação. Para o primeiro-ministro do Governo de Portugal, "riscos constitucionais" é o que representa um Estado de direito democrático. Como ainda andam por aí uns vestígios nojentos desse Estado de direito, Passos prefere começar pelo fim. Ou seja, e como é sua estrita obrigação política, em vez de providenciar no sentido de evitar tais "riscos" - é para isso que serve o abstracto "legislador", por muito burro que seja, e quer no Executivo quer na execrada administração pública não faltam bons juristas -, o chefe do Governo continua a assustar a massa ignara com o espantalho da Constituição, essa malvada, e com o não menos aborrecido Tribunal Constitucional. No fundo, Passos gostava de viver num mundo perfeito que pudesse enfiar-se, de tão pequenino e pouco complexo, na sua rara cabeça. Mas as coisas não se passam famosamente assim. Mais do que os "riscos constitucionais", Passos arrisca-se a ser o próprio "risco" em pessoa. Foi essa, aliás, uma das conclusões do voto de domingo que ele expressamente ignorou com uma sobranceria patética a que falta espessura democrática. Espero que apareça alguém no congresso de Fevereiro a explicar-lhe estas coisinhas elementares.

1 comentário

De Isabel de Deus a 02.10.2013 às 13:57

Espero exactamente o mesmo, embora Fevereiro me pareça estar a anos-luz do desejável. E mantenho que talvez só saia defenestrado. Mudando um pouco de assunto: recebi um email denunciando a aldrabice da suposta "convergência de pensões"., sendo que nele se desmascara algo que eu já tinha intuído e que é escandaloso. Passo a explicar-me: ao longo de já numerosas décadas de vida, sempre associei a a Função Pública a funcionários "de colarinho branco", alguns altamente qualificados; por outro lado, o sector privado sempre conteve maioritariamente indiferenciados, julgo que operários, sobretudo. Se tal se confirma, não estarão a tomar-nos exageradamente por burros?

Comentar post

Pesquisar

Pesquisar no Blog

Últimos comentários

  • João Gonçalves

    Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...

  • s o s

    obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...

  • Anónimo

    Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...

  • Felgueiras

    Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...

  • Octávio dos Santos

    Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...

Os livros

Sobre o autor

foto do autor