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portugal dos pequeninos

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O regresso da farsa

João Gonçalves 6 Set 13

 

Também não me interessa nada saber onde é que os governantes colocam patrioticamente as suas poupanças. Estou mais preocupado com os juros. Estávamos todos, aliás, aí por alturas de Abril de 2011. Mas o que importa é o regresso daquilo que por cá passa por "política", dos seus tagarelas profissionais e dos jogos de sombras interrompidos para banhos no final de Julho. Mas, sim, talvez valha a pena prestar alguma atenção aos juros da dívida e menos às migalhas trimestrais das estatísticas do "crescimento". E às pessoas, naturalmente, as marionetas inermes da enorme e perigosa farsa diária em que Portugal se está a transformar.

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4 comentários

De Carlos Vargas a 06.09.2013 às 14:27

E o que diráco astrólogo Professor Gaspar sobre o famoso regresso aos mercados ? Era em Setembro, não era ? O ilustre visionário só não nos disse que depois do seu fantástico \"programa\", Portugal continuaria a pagar juros acima dos 7 por cento. Como em 2010.

De Zephyrus a 06.09.2013 às 18:11

Os velhos hábitos deste Regime, tão bem exacerbados no anterior Governo, continuam o seu caminho, agora com Passos e Portas, e um grupo de deputados que cuidam pouco do bem comum, conceito algo desconhecido nas democracias da Europa do Sul.

A tradição ainda «é o que era», e as recentes polémicas em torno da inclusão de dois canais da RTP na TDT demonstram que quem nos governa pouco está preocupado com o supremo interesse do «povo». Aliás, todo o processo da Televisão Digital Terrestre envergonha Portugal na Europa e no Mundo, e já rendeu uma tese de doutoramento na Universidade do Minho, que estuda os indícios de «captura» da Anacom por parte da PT, entre outros pormenores confusos da implementação da TDT no nosso país. O resultado final, aos olhos do cidadão, é assaz interessante: cinco canais, quando em Espanha são às dezenas; extensas zonas do país sem sinal; criação de um novo monopólio, controlado pela PT; aumento exponencial das assinaturas de televisão paga (o serviço MEO foi o que mais cresceu) tornando Portugal num dos países europeus com mais assinantes deste tipo de serviço.

Parece que o Governo decidiu estender a mão ao ensino privado. Depois de serem investidos milhões na rede da escola pública, e da «liberdade de escolha» ser uma farsa -por ser impossível em boa parte do território-, o Governo prepara o terreno para o cheque-ensino. Há semanas, na revista Visão, vinham as lamúrias do sector privado: têm encerrado dezenas destes estabelecimentos. O independente Crato, ao contrário de Álvaro dos Santos Pereira, desilude.

Noutros sectores, o proteccionismo e as rendas garantidas continuam. Ao contrário do que sucede no Reino Unido, França, Itália, Espanha, Alemanha, Holanda, Dinamarca ou Irlanda, em Portugal continua o monopólio da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no jogo e nas apostas desportivas. Tal até dá direito, por exemplo, a perseguir uma associação local que rifou um bacalhau. Esta é mais uma área onde Portugal criou e mantém um monopólio, e se distingue do resto da Europa Ocidental: na maioria dos mercados europeus há liberalização deste sector, e dezenas de casas de apostas e operadores de jogo, devidamente licenciados e regulamentados, concorrem livremente entre si. Curiosamente, outro país que mantém um monopólio do jogo e das apostas é a Grécia: o Regime grego tem defendido agressivamente o monopólio da OPAP, com uma série de esquemas para ludibriar as autoridades europeias e a troika.

Por sua vez, no Ordenamento, as desigualdades continuam. O actual Governo mantém a lei dos Projectos de Interesse Nacional, a seu tempo criticada pela doutora Manuela Ferreira Leite. Em Portugal, é por vezes impossível abrir uma porta, construir um muro ou aumentar uma cozinha. No Parque Natural da Ria Formosa, a simples instalação de estufas num terreno de agricultura de sequeiro foi recentemente embargada. Ao lado, autorizou-se a construção de dois campos de golfe e de um hotel, por se tratar de um PIN. As estufas, que dariam emprego a dezenas de almas, foram então montadas na Andaluzia. Ou seja, no nosso país é possível construir em parques naturais e destruir áreas protegidas: desde que seja um »Projecto de Interesse Nacional». Já os pequenos e médios investidores têm «tratamento» diferente. É imoral, é repugnante.

O que fica de mais de dois anos de Governo? A «captura» por parte de interesses económicos e financeiros, velada, obscura, difusa, numa amplitude que não tem paralelo em toda a Europa Ocidental. O Estado protege da concorrência, mantém e cria monopólios e novas rendas garantidas emergem.

Um Regime assim não tem futuro. Cairá.

De Carlos Vargas a 06.09.2013 às 19:26

O que dirá desse pequeno pormenor o astrólogo Professor Gaspar ? Da banqueta de mago que instalou na Praça do Comércio pressagiou 'urbe et orbi' o famoso regresso aos mercados para um Setembro próximo. Só não disse que, após ter sido reconvertido num fantástico "país de programa", Portugal iria, afinal, pagar acima de 7 por cento de juros. Como em 2010.

De fado alexandrino a 07.09.2013 às 11:18

Peço licença para acrescentar (graças ao Expresso) que em Abril de 2011 a possibilidade de Portugal ir aos mercados era de 72% desceu para 29% em Setembro do mesmo ano (com Sócrates) e subiu até 92% em Junho de 2013 ( com Gaspar).
Depois graças a Portas desceu até 72% curiosamente o mesmo número de início.
Há coisa que rapidamente são esquecidas.

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